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FUTEBOL
Dirigentes minimizam suposto suborno para evitar impactos negativos em uma fase de reafirmação do clube
Lusa tenta confinar escândalo no Canindé
da Reportagem Local
Dirigentes da Lusa estão tentando manter o escândalo do suposto
suborno no Paulista-98 dentro dos
limites do clube. A atitude é unânime -envolve tanto aqueles que
apóiam o presidente, Amílcar Casado, como os da oposição.
A estratégia decorre de uma
preocupação com as consequências do episódio para a imagem do
clube, que está vivendo um momento de reafirmação.
Nos últimos quatro anos, a Lusa
obteve bons resultados nos campeonatos em que participou (foi,
por exemplo, vice no Brasileiro-96) e obteve uma melhora em sua
situação financeira -decorrente,
também, de uma política de marketing que incluiu até o abandono
do antigo nome, Portuguesa de
Desportos (leia texto abaixo).
O relatório da sindicância realizada pelo Conselho de Orientação
e Fiscalização (COF), que apurou o
desvio de R$ 130 mil do caixa do
clube, foi classificado como secreto, e até mesmo os conselheiros
não tiveram acesso ao documento.
O presidente da comissão, Marco
Antonio Teixeira Duarte, afirmou
apenas que o relatório é conclusivo, que apurou irregularidades e
que indicou dois culpados, sem revelar os nomes. A Folha apurou
que os citados são Camões Salazar,
um dos diretores do departamento
de futebol, e o empresário de futebol Toninho Silva, ex-jogador que
atuou no Santos nos anos 80.
As suspeitas de suposto suborno
no jogo contra a Portuguesa Santista, no empate em 4 a 4 que levou
à classificação da Lusa à segunda
fase do Paulista-98, envolvem ainda o vice-presidente de futebol, Ilídio Lico (veja quadro ao lado).
Segundo as investigações, Lico e
Camões conseguiram a liberação
de R$ 130 mil do clube para oferecer a atletas da Santista, que também concorria a uma vaga, mas
dependia de uma combinação de
resultados (leia texto ao lado). Silva seria o intermediário.
Mas, segundo o relatório do
COF, a falcatrua não teria se concretizado -Salazar e Silva teriam
se apoderado do dinheiro. O documento, por exemplo, isenta o goleiro Nasser, ex-Portuguesa Santista, de participação no episódio.
A contratação de Nasser, que Lico admite ter tentado efetivar em
maio do ano passado, serviria para
"comprar o silêncio" do jogador,
porque as suspeitas de suborno já
se espalhavam pelo Canindé. A revelação dessas suspeitas pelo jornal "A Gazeta Esportiva", ainda
em maio, teria impedido a apresentação do goleiro como reforço.
Lico nega que o contrato com
Nasser tenha acontecido, mas o
goleiro assegura que fez um acordo (leia texto ao lado). E que, mesmo afastado da Lusa, recebeu salários do clube (R$ 12 mil por mês).
Há pontos obscuros na história,
envolvendo, por exemplo, a liberação do dinheiro -que, em última
instância, dependeria de um aval
do presidente Amílcar Casado. Ele,
por sua vez, nega até o sumiço dos
R$ 130 mil. "Não houve desvio de
dinheiro nenhum", afirmou.
O coro dos dirigentes da Lusa, no
entanto, concentra-se apenas em
minimizar o escândalo. "Isso é bobaginha, é detalhinho", afirmou o
presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Alberto de Lima.
A demora nas investigações indica que o desfecho do caso ainda está longe de ser definido, segundo o
próprio o presidente da Comissão
de Ética, Eduardo Rosmaninho,
órgão responsável pelas investigações de agora em diante.
"No mês que vem deveremos entregar o relatório sobre o Manoel
Pacheco. O parecer sobre o novo
caso só vai ficar pronto, no máximo, para a reunião seguinte, que
será em agosto", afirmou.
Os dois escândalos envolvendo o
ex-presidente da Lusa podem levá-lo à expulsão do Conselho Deliberativo, em uma decisão que contrariaria o "clima de pizza" que
marcou o início da investigação.
Em 1997, quando surgiram as
primeiras notícias de atos irregulares de Pacheco nas negociações
dos passes de Zé Roberto e Rodrigo, o COF formou uma comissão
de sindicância, cujo relatório não
apontou culpa do ex-presidente.
Só depois que a Folha revelou os
principais documentos das negociações, indicando que a venda de
Rodrigo ao Real Madrid contrariou o estatuto, Pacheco teve de se
licenciar.
(MARCELO DAMATO)
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