São Paulo, domingo, 21 de março de 1999

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NATA€ÃO
Resultados nos últimos torneios internacionais mostram evolução do país em provas de distâncias maiores
Brasileiros aprendem a nadar "longe'

FERNANDO ITOKAZU
da Reportagem Local

Os últimos resultados brasileiros em competições internacionais apontam para uma explícita evolução do país em provas longas.
Os fundistas (especialistas em longa distância) conseguiram "ofuscar" o desempenho dos velocistas, principalmente Gustavo Borges e Fernando Scherer, responsáveis pelos principais resultados do Brasil nos últimos anos.
No último Campeonato Sul-Americano juvenil, no último fim-de-semana, em Vitória, o grande destaque foi Nayara Ribeiro, 14, que quebrou o recorde sul-americano absoluto dos 400 m livre, que durava desde 1988.
Nayara, que treina no Iate Clube da Bahia, cumpriu a distância em 4min19s32.
O recorde anterior era de Patrícia Amorim, que, na Olimpíada de Seul, marcou 4min19s64.
O tempo da juvenil foi o melhor índice técnico da competição e está abaixo da marca exigida pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) para participar dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, Canadá, no início de agosto, de 4min19s56.
A atleta, porém, vai precisar confirmar seu tempo em uma das duas seletivas que a entidade organiza em junho, no Rio.
"Não esperava quebrar o recorde dos 400 m. Sou melhor nos 800 m livre", disse Nayara.
A fundista nadou sua prova preferida na competição de Vitória, mas, com uma inflamação na garganta, não conseguiu repetir a performance dos 400 m livre.
"Melhorei o meu tempo, mas poderia ter ido bem melhor", afirmou ela, que fez 8min59s68.
O técnico Guilherme Argolo diz concordar com sua atleta.
"Se doente ela conseguiu nadar os 800 m abaixo dos nove minutos, acredito que em junho ela consiga o índice para o Pan-Americano, de 8min50s68", disse Argolo.
O técnico disse que para chegar ao recorde dos 400 m livre, Nayara treinou, durante as férias escolares, em dois períodos.
"Com o início das aulas, não temos como fazer dois treinos por dia, o que é muito importante para conseguir bons resultados", disse Argolo. "O fundista precisa de um volume maior de treino."
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Masculino Entre os homens, o carioca Luiz Lima, 22, é o melhor fundista brasileiro há alguns anos.
Seu desempenho nos últimos meses, porém, surpreende até o próprio atleta.
Em novembro, no Rio de Janeiro, o nadador conseguiu pela primeira vez romper a barreira dos 15 minutos nos 1.500 m livre.
Nadou o percurso na etapa brasileira da Copa do Mundo, circuito disputado em piscina curta (25 metros), em 14min57s87, recorde sul-americano.
Nas duas últimas etapas da competição, circuito disputado em piscina curta (25 metros), Luiz Lima quebrou o recorde duas vezes em menos de uma semana.
Na etapa da Alemanha, no dia 28 de fevereiro, o nadador do Vasco da Gama, que ficou com a medalha de prata na prova, conseguiu o tempo de 14min56s82.
No dia 4 de março, na Itália, Lima voltou a melhorar a marca. Venceu a prova com 14min55s44.
O nadador atribui os resultados a uma mudança de tática.
"Estou começando as provas em um ritmo bem forte", disse Lima. "Como estou treinando muito, no início de um ciclo de trabalho, consegui aguentar o ritmo."
O nadador disse que o fato de o país contar com um maior número de velocistas é fácil de explicar.
"Conseguir uma vaga no revezamento de Gustavo Borges e Fernando Scherer é garantia de disputa por medalha em qualquer competição. Isso motiva todo mundo."



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