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OLIMPÍADA
Políticos querem esclarecimentos
Senado americano convoca Samaranch
da Reportagem Local
A expulsão de seis membros acusados de corrupção aparenta ter
restaurado pouco da imagem do
Comitê Olímpico Internacional.
Não satisfeito com a "limpeza"
feita na quarta-feira, o Senado dos
EUA convidou o presidente do
COI, o espanhol Juan Antonio Samaranch, para prestar esclarecimentos sobre o escândalo de compra de votos da vitoriosa candidatura de Salt Lake City à sede dos Jogos de Inverno de 2002.
Liderado pelo republicano John
McCain, o comitê de comércio do
Senado norte-americano analisa,
dia 14 de abril, relatório com as irregularidades no processo de seleção das cidades olímpicas.
Se presente, Samaranch poderá
se explicar também sobre as reformas propostas na reunião geral do
COI, na última semana.
O espanhol disse apenas que vai
"cooperar com McCain", sem confirmar se comparece à audiência.
Seis membros da entidade, quatro africanos e dois sul-americanos, tiveram ratificada sua expulsão, por 90 de seus pares, na reunião executiva, na Suíça.
McCain, senador pelo Arizona,
declarou estar preocupado com a
forma com a qual Samaranch conduz as reformas no COI, pois, segundo ele, há um "claro conflito de
interesses".
"Temo que a liderança do COI
esteja menos preocupada com a
reforma do que em preservar o poder que ostenta uma elite", afirmou McCain.
Mesmo sem citar nomes, a declaração tem como alvo o próprio Samaranch. Eleito em 1980, o espanhol, segundo relato da auditoria
Price Waterhouse Coopers, apesar
de não receber salário pelo cargo
que ocupa, gastou em 98 US$ 204
mil apenas com moradia num dos
mais caros hotéis de Lausanne.
"Nós prometemos limpar a casa.
Fizemos isso. Prometemos reformas. Fizemos reformas. Prometemos o comitê unido. Isso está feito", disse Samaranch, ao final da
reunião executiva. "O escândalo é
passado", completou.
"Nada do que o COI fez até agora
mostra um substancial movimento no sentido de reformar sua estrutura", rebateu McCain.
"Isso não é o começo da limpeza
da casa. Só limparam um quarto",
declarou ao jornal "The Washington Post" Ker Duberstein, um dos
membros do comitê olímpico dos
Estados Unidos.
A rigor, além de promessas de
"transparência" e das expulsões, a
única proposta apresentada na
reunião foi a de mudança dos sistema de escolha das sedes.
De acordo com Samaranch, em
vez dos processos atuais, que demandam meses de campanha, nos
quais os membros do COI visitam
as cidades candidatas, a escolha seria feita numa rodada única.
Doze pessoas, indicadas pela entidade, analisariam as propostas e,
em no máximo dois dias, apontariam a proposta vencedora.
O sistema pode ser inaugurado,
de forma experimental, na eleição
para os Jogos de Inverno de 2006.
Quando do escândalo de Salt Lake City, que veio à tona em janeiro,
houve suspeitas de que a candidatura norte-americana pagou viagens, presentes, hospedagem em
hotéis caros e até serviços de prostitutas aos inspetores do COI.
"Esperamos que o senhor
McCain e outros críticos vejam o
que estamos fazendo. As expulsões
e as propostas de reforma foram o
começo, não o fim", disse a vice-presidente do COI Anita DeFrantz.
O comitê pode dentro de alguns
dias se defrontar com a necessidade de julgar os atos de outro de
seus membros.
Um membro australiano, Phil
Coates, está sendo investigado por
um comissão do próprio COI, suspeito de ter aceito US$ 6.300 em
jóias para sua esposa de um representante da candidatura de Atenas. A cidade grega, derrotada na
corrida para os Jogos de 96, foi "recompensada" na eleição de 97 e vai
abrigar a primeira Olimpíada do
próximo milênio, em 2004.
²
Com agências internacionais
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