São Paulo, domingo, 21 de março de 1999

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AUTOMOBILISMO
Sem bons resultados de brasileiros, categoria perde sua maior vitrine, a exibição ao vivo por TV aberta
Discriminada, Indy abre a temporada

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Miami

Exatos 140 dias após o fim da pior campanha brasileira na Indy, os pilotos do país iniciam hoje a temporada 99 privados de sua maior vitrine: a transmissão ao vivo.
Depois de 12 anos de exibição direta pela TV aberta, a Indy, agora, só será mostrada ao vivo por uma TV paga, a Sportv.
O SBT, segunda maior emissora do país, exibirá 16 das 20 provas em VT, em um horário ingrato: aos domingos, a partir das 23h.
Das quatro etapas que serão mostradas ao vivo, duas acontecem de madrugada (Japão e Austrália), e outras duas, em sábados (Madison e Rio).
A decisão do SBT é atribuída aos baixos índices de audiência, resultado da carência de vitórias brasileiras na categoria -o último a vencer foi o piloto Mauricio Gugelmin, no GP de Vancouver, Canadá, em agosto de 97.
No ano passado, a média de pontos por piloto foi de 45,5, a mais baixa desde que Emerson Fittipaldi passou a disputar efetivamente a Indy, em 1985.
Outro indicativo da crise brasileira veio no mês passado. André Ribeiro, piloto brasileiro mais bem sucedido na categoria depois de Emerson, anunciou que deixaria a equipe Penske para abrir uma rede de concessionárias de automóveis.
O novo cenário da Indy no país estréia hoje, às 16h (de Brasília), com o GP de Miami, no circuito oval de Homestead, e provoca indignação de parte dos pilotos.
"Isso é muito ruim para a gente, mas vai mudar assim que um brasileiro começar a ganhar. As pessoas não estão acreditando em nós. É um descrédito aos pilotos brasileiros", disse Tony Kanaan, da Forsythe.
"A situação é crítica. Estou muito preocupado com isso", afirmou Gugelmin, da PacWest. "E não pode ser consequência dos maus resultados, porque a F-1 continua sendo transmitida ao vivo mesmo sem vitórias do Brasil."
Para Christian Fittipaldi, da Newman-Haas, o SBT será o maior prejudicado com a mudança. "Ninguém gosta de ver esporte em VT. Quem tem TV paga vai acabar assistindo ao vivo. Quem não tem, vai abrir o jornal no dia seguinte para ver o resultado."
Quem mais lamenta a situação, no entanto, são os estreantes Cristiano da Matta e Luiz Garcia Jr.
"Agora é que começaríamos a aparecer. Iríamos dar retorno para os patrocinadores", declarou Garcia Jr., da Payton-Coyne.
"Só vai aparecer quem conseguir um resultado muito bom. No meu caso, isso vai ser difícil."
Da Matta, piloto da Arciero, concorda com Garcia Jr. "Vai prejudicar todo mundo, um pouco mais quem está estreando, mas todos sairão perdendo."
Gil de Ferran, da Walker, e Hélio de Castro Neves, da Hogan, são os mais receptivos à mudança.
"O povão vai deixar de assistir. Mas quem gosta vai ter uma opção a mais", disse Castro Neves.
Segundo Ferran, a transmissão por uma TV paga pode até ajudar os pilotos. "Cada emissora tem um perfil mercadológico. Isso pode trazer patrocinadores diferentes para a categoria."
Além deles, Raul Boesel participa hoje do GP de Miami substituindo o canadense Paul Tracy, suspenso por uma prova pela Cart (entidade que dirige a Indy).
A ESPN Internacional também vai transmitir o GP de Miami.
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Grid Ontem, no treino que definiu o grid para o GP de Miami, três pilotos brasileiros ficaram entre os dez primeiros. Castro Neves foi o quarto colocado, Da Matta, o quinto, e Gugelmin, o décimo.
"Foi a volta mais rápida que já dei aqui, mas ainda estou receoso para a corrida", disse Da Matta, que faz hoje sua estréia.
Como no ano passado, a pole ficou com o canadense Greg Moore, um dos favoritos ao título. Ele cravou 24s886, à média de 349,601 km/h. Em segundo, a 0s048, larga o mexicano Adrian Fernandez, o mais rápido nos treinos livres.
Christian larga em 16º, Kannan, em 17º, e Boesel, em 20º. Garcia Jr. foi o 24º do treino oficial.
Com o motor estourado, Ferran bateu a 350 km/h no muro da curva dois, quando se preparava para abrir uma volta lançada. O piloto sofreu escoriações no abdome, braços e pernas, foi levado ao centro médico da Indy e acabou sendo impedido de voltar.
Sem tempo cronometrado, larga da 25ª posição, com o carro reserva. "Estou com dor nas costas e no cotovelo. O carro estava perfeito", disse, ao sair do centro médico.
² LEIA o grid de largada à pág. 5-2 ²


O jornalista Fábio Seixas viaja a Miami a convite da Souza Cruz ² NA TV - Sportv e ESPN Internacional, ao vivo, às 16h



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