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AUTOMOBILISMO
Sem bons resultados de brasileiros, categoria perde sua maior vitrine, a exibição ao vivo por TV aberta
Discriminada, Indy abre a temporada
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Miami
Exatos 140 dias após o fim da pior
campanha brasileira na Indy, os
pilotos do país iniciam hoje a temporada 99 privados de sua maior
vitrine: a transmissão ao vivo.
Depois de 12 anos de exibição direta pela TV aberta, a Indy, agora,
só será mostrada ao vivo por uma
TV paga, a Sportv.
O SBT, segunda maior emissora
do país, exibirá 16 das 20 provas
em VT, em um horário ingrato: aos
domingos, a partir das 23h.
Das quatro etapas que serão
mostradas ao vivo, duas acontecem de madrugada (Japão e Austrália), e outras duas, em sábados
(Madison e Rio).
A decisão do SBT é atribuída aos
baixos índices de audiência, resultado da carência de vitórias brasileiras na categoria -o último a
vencer foi o piloto Mauricio Gugelmin, no GP de Vancouver, Canadá,
em agosto de 97.
No ano passado, a média de pontos por piloto foi de 45,5, a mais
baixa desde que Emerson Fittipaldi passou a disputar efetivamente a
Indy, em 1985.
Outro indicativo da crise brasileira veio no mês passado. André
Ribeiro, piloto brasileiro mais bem
sucedido na categoria depois de
Emerson, anunciou que deixaria a
equipe Penske para abrir uma rede
de concessionárias de automóveis.
O novo cenário da Indy no país
estréia hoje, às 16h (de Brasília),
com o GP de Miami, no circuito
oval de Homestead, e provoca indignação de parte dos pilotos.
"Isso é muito ruim para a gente,
mas vai mudar assim que um brasileiro começar a ganhar. As pessoas não estão acreditando em
nós. É um descrédito aos pilotos
brasileiros", disse Tony Kanaan,
da Forsythe.
"A situação é crítica. Estou muito
preocupado com isso", afirmou
Gugelmin, da PacWest. "E não pode ser consequência dos maus resultados, porque a F-1 continua
sendo transmitida ao vivo mesmo
sem vitórias do Brasil."
Para Christian Fittipaldi, da
Newman-Haas, o SBT será o maior
prejudicado com a mudança.
"Ninguém gosta de ver esporte em
VT. Quem tem TV paga vai acabar
assistindo ao vivo. Quem não tem,
vai abrir o jornal no dia seguinte
para ver o resultado."
Quem mais lamenta a situação,
no entanto, são os estreantes Cristiano da Matta e Luiz Garcia Jr.
"Agora é que começaríamos a
aparecer. Iríamos dar retorno para
os patrocinadores", declarou Garcia Jr., da Payton-Coyne.
"Só vai aparecer quem conseguir
um resultado muito bom. No meu
caso, isso vai ser difícil."
Da Matta, piloto da Arciero, concorda com Garcia Jr. "Vai prejudicar todo mundo, um pouco mais
quem está estreando, mas todos
sairão perdendo."
Gil de Ferran, da Walker, e Hélio
de Castro Neves, da Hogan, são os
mais receptivos à mudança.
"O povão vai deixar de assistir.
Mas quem gosta vai ter uma opção
a mais", disse Castro Neves.
Segundo Ferran, a transmissão
por uma TV paga pode até ajudar
os pilotos. "Cada emissora tem um
perfil mercadológico. Isso pode
trazer patrocinadores diferentes
para a categoria."
Além deles, Raul Boesel participa
hoje do GP de Miami substituindo
o canadense Paul Tracy, suspenso
por uma prova pela Cart (entidade
que dirige a Indy).
A ESPN Internacional também
vai transmitir o GP de Miami.
²
Grid
Ontem, no treino que definiu o
grid para o GP de Miami, três pilotos brasileiros ficaram entre os dez
primeiros. Castro Neves foi o
quarto colocado, Da Matta, o quinto, e Gugelmin, o décimo.
"Foi a volta mais rápida que já
dei aqui, mas ainda estou receoso
para a corrida", disse Da Matta,
que faz hoje sua estréia.
Como no ano passado, a pole ficou com o canadense Greg Moore,
um dos favoritos ao título. Ele cravou 24s886, à média de 349,601
km/h. Em segundo, a 0s048, larga o
mexicano Adrian Fernandez, o
mais rápido nos treinos livres.
Christian larga em 16º, Kannan,
em 17º, e Boesel, em 20º. Garcia Jr.
foi o 24º do treino oficial.
Com o motor estourado, Ferran
bateu a 350 km/h no muro da curva dois, quando se preparava para
abrir uma volta lançada. O piloto
sofreu escoriações no abdome,
braços e pernas, foi levado ao centro médico da Indy e acabou sendo
impedido de voltar.
Sem tempo cronometrado, larga
da 25ª posição, com o carro reserva. "Estou com dor nas costas e no
cotovelo. O carro estava perfeito",
disse, ao sair do centro médico.
²
LEIA o grid de largada à pág. 5-2
²
O jornalista
Fábio Seixas viaja a Miami a convite
da Souza Cruz
²
NA TV - Sportv e ESPN
Internacional, ao vivo, às 16h
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