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BOXE
Contrato cancela luta
EDUARDO OHATA
Você, leitor, assinaria um contrato de financiamento para sua
casa própria sem ler aquelas letrinhas minúsculas, ""de bula", que
aparecem no final do documento?
Você colocaria sua assinatura
em um documento sem antes lê-lo, seja ele um contrato de trabalho, uma apólice de seguro ou
uma simples procuração? Não é
necessário ser um neurótico para
ter esse tipo de preocupação.
Pois esses cuidados básicos os
boxeadores brasileiros estão deixando de lado. Por pouco eles não
assinam papéis em branco.
O último caso é o do brasileiro
Edson do Nascimento, o Xuxa,
que não vai mais disputar o cinturão dos leves da Associação Mundial de Boxe, tudo porque não
prestou atenção nas ""letras pequenas" no contrato.
Aliás, Xuxa parece não ter prestado atenção em letra alguma.
Ávido por obter uma chance para
disputar um cinturão, assinou
contrato com o empresário mexicano Ignacio ""Nacho" Huizar.
O problema é que o contrato
não dava conta, em momento algum, do valor da bolsa do lutador
brasileiro. Também concedia direitos quase ilimitados ao mexicano no gerenciamento da carreira
do brasileiro e na negociação e no
uso de suas imagens.
Huizar, por sua vez, assinou
contrato com o promotor de lutas
Don King, no qual era garantida
uma bolsa de US$ 75 mil a Xuxa
caso enfrentasse o campeão (só a
data ainda estaria em aberto, o
que, aliás, é alegado como o motivo para o rompimento).
Arrependido por ter aberto mão
de todos os seus direitos, Xuxa
não participou de seu último compromisso, na semana passada,
nos EUA, uma luta supostamente
preparatória para o desafio pelo
título, arrumada por Huizar. O
brasileiro alegou doença e deixou
o mexicano na mão.
Agora, reza para que a notificação de cancelamento do documento, já enviada ao México por
seu patrocinador, Pepe Altstut,
surta efeito. Como argumento para invalidar a documentação com
o mexicano, cita outro contrato,
previamente assinado, com o brasileiro Mauro Katzenelson.
E como se assinar contratos fosse o seu hobby, no ano passado assinou com um terceiro empresário. Depois voltou atrás e, com a
ajuda de seu patrocinador, conseguiu invalidar o documento.
E para provar que Xuxa não é a
exceção à regra, outra jovem promessa brasileira, o invicto meio-médio-ligeiro Antonio Mesquita,
o Mesquitinha, também assinou
contrato com ""Nacho" Huizar.
Aliás, nem mesmo Acelino Freitas, o Popó, teria escapado desta
armadilha. Queixou-se ele, em
dada oportunidade, por ter assinado uma extensão de contrato
com seus empresários achando
que era papelada de patrocinadores. Hoje, diz que isso é passado e
que a situação já foi acertada.
Mas esse tipo de complicação legal não é privilégio dos brasileiros.
Milhares de americanos já acabaram na rua da amargura por assinar esses contratos sem riscos...
para os empresários.
NOTAS
TV 1
Complementando a informação da semana passada,
aqui está o cardápio completo
dos rivais, todos americanos,
oferecido pela rede de TV a cabo HBO para a estréia do brasileiro Acelino Freitas, o Popó,
na emissora, em junho: Tom
""Boom Boom" Johnson, Tracy
Harris Patterson, Kevin Kelley
e Roberto Garcia. Todos são
ex-campeões, mas, com exceção deste último, estão em decadência. O que não significa,
de maneira alguma, que sejam
adversários fáceis.
TV 2
O campeão brasileiro dos pesados George Arias enfrenta o
argentino Pedro Franco na
próxima terça-feira, no ginásio
Baby Barioni (SP), com transmissão pelo SBT.
Revista
O porto-riquenho Félix Trinidad posou para um ensaio
para a revista GQ, a ser publicado na edição de junho.
E-mail eohata@folhasp.com.br
Eduardo Ohata escreve às sextas-feiras
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