|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Candidatos a Wilson Grey
JOSÉ ROBERTO TORERO
Wilson Grey era aquele magrelo simpático que fazia papéis secundários, como o ajudante do vilão, o amigo do mocinho, o camelô, o bicheiro, o
garçom, o barbeiro, o malandro. Trabalhou em mais de
cem filmes, quase sempre como coadjuvante. Por isso, uma
das frases que mais repetia era:
"Nunca beijei a mocinha no final do filme". Era um ótimo
ator, mas como era feio, engraçado e tinha cara de pobre, só
em "O Segredo da Múmia",
em 1990, de Ivan Cardoso, é
que fez o papel principal. Mesmo assim, enfaixado.
Neste fim de semana o campeonato paulista vai escolher
três Wilsons Greys. Os cinco
galãs de sempre, Santos, São
Paulo, Palmeiras, Corinthians
e Lusa já estão classificados.
Falta saber quem serão os três
coadjuvantes.
Algum leitor de boa memória pode protestar, lembrando
a final caipira de 90, entre Bragantino e Novorizontino, o título da Inter de Limeira em
1986, um vice do XV de Piracicaba, outro do Guarani e de
vários da Ponte Preta. Mas são
as famosas exceções que confirmam a regra.
Há dois duelos triplos e um
direto, que será entre Ponte e
Matonense. Provavelmente os
dois farão o melhor jogo da rodada. A Ponte joga pelo empate, mas a Matonense joga em
casa, o que equilibra as chances. Tudo seria diferente se no
final de semana a Ponte não
tivesse vencido o Corinthians-B e a Matonense não tivesse
feito a façanha de perder para
o Araçatuba. Nesse caso, o time de Matão já estaria estudando suas falas para o terceiro capítulo da novela Paulistão-2000.
Nas lutas tríplices, teremos
União Barbarense, Guarani e
Portuguesa Santista em busca
da segunda vaga do Grupo 3.
A Barbarense só depende de si
mesma, o Guarani depende de
uma vitória do São Paulo em
Santa Bárbara, e a Santista
depende de um milagre.
No Grupo 5, a disputa pelo
papel de coadjuvante está entre três atores limitados. Rio
Branco, União São João e Botafogo mais perderam do que
ganharam. As chances maiores estão com o Rio Branco,
que joga em casa contra o Botafogo e tem o bissexto artilheiro Marcus Vinicius, aquele
que fez oito gols em dois jogos.
Se for dia de lua cheia, pode ser
que ele apronte de novo.
De qualquer forma, sejam
quais sejam os três felizardos,
acho que apenas farão o papel
de primos do interior. Talvez
algum deles consiga até roubar uma ou outra cena, mas
dificilmente beijará a mocinha, digo, a taça, no final do
filme, digo, do campeonato.
Acho que Telê Santana foi o
melhor técnico que o Brasil já
teve. Era inteligente, criativo e
disciplinador. Além do mais,
Telê transformava times medíocres em vencedores e cabeças-de-bagre em craques. Os
palmeirenses que viram Pires e
Mococa e os são-paulinos que
lembram daquele gol de bicicleta de Júnior Baiano sabem
do que estou falando.
Pois finalmente sai um livro
sobre Telê: "Fio de Esperança",
escrito por André Ribeiro e
editado pela Gryphus. O lançamento, nesta segunda-feira,
a partir das 19h30, não será
nem na livraria da Vila, nem
na Cultura, nem na Fnac, mas
na Federação Paulista de Futebol (rua Regina Helena, 55,
Barra Funda). E já que trocaram a livraria pela Federação,
poderiam trocar também o vinho branco pelo chope. Minhas entranhas agradeceriam.
E-mail torero@uol.com.br
Texto Anterior: Navegador abre mercado Próximo Texto: Olimpíada: Austrália quer fazer evento "único" Índice
|