São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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FUTEBOL

Candidatos a Wilson Grey

JOSÉ ROBERTO TORERO

Wilson Grey era aquele magrelo simpático que fazia papéis secundários, como o ajudante do vilão, o amigo do mocinho, o camelô, o bicheiro, o garçom, o barbeiro, o malandro. Trabalhou em mais de cem filmes, quase sempre como coadjuvante. Por isso, uma das frases que mais repetia era: "Nunca beijei a mocinha no final do filme". Era um ótimo ator, mas como era feio, engraçado e tinha cara de pobre, só em "O Segredo da Múmia", em 1990, de Ivan Cardoso, é que fez o papel principal. Mesmo assim, enfaixado.
Neste fim de semana o campeonato paulista vai escolher três Wilsons Greys. Os cinco galãs de sempre, Santos, São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Lusa já estão classificados. Falta saber quem serão os três coadjuvantes.
Algum leitor de boa memória pode protestar, lembrando a final caipira de 90, entre Bragantino e Novorizontino, o título da Inter de Limeira em 1986, um vice do XV de Piracicaba, outro do Guarani e de vários da Ponte Preta. Mas são as famosas exceções que confirmam a regra.
Há dois duelos triplos e um direto, que será entre Ponte e Matonense. Provavelmente os dois farão o melhor jogo da rodada. A Ponte joga pelo empate, mas a Matonense joga em casa, o que equilibra as chances. Tudo seria diferente se no final de semana a Ponte não tivesse vencido o Corinthians-B e a Matonense não tivesse feito a façanha de perder para o Araçatuba. Nesse caso, o time de Matão já estaria estudando suas falas para o terceiro capítulo da novela Paulistão-2000.
Nas lutas tríplices, teremos União Barbarense, Guarani e Portuguesa Santista em busca da segunda vaga do Grupo 3. A Barbarense só depende de si mesma, o Guarani depende de uma vitória do São Paulo em Santa Bárbara, e a Santista depende de um milagre.
No Grupo 5, a disputa pelo papel de coadjuvante está entre três atores limitados. Rio Branco, União São João e Botafogo mais perderam do que ganharam. As chances maiores estão com o Rio Branco, que joga em casa contra o Botafogo e tem o bissexto artilheiro Marcus Vinicius, aquele que fez oito gols em dois jogos. Se for dia de lua cheia, pode ser que ele apronte de novo.
De qualquer forma, sejam quais sejam os três felizardos, acho que apenas farão o papel de primos do interior. Talvez algum deles consiga até roubar uma ou outra cena, mas dificilmente beijará a mocinha, digo, a taça, no final do filme, digo, do campeonato.

Acho que Telê Santana foi o melhor técnico que o Brasil já teve. Era inteligente, criativo e disciplinador. Além do mais, Telê transformava times medíocres em vencedores e cabeças-de-bagre em craques. Os palmeirenses que viram Pires e Mococa e os são-paulinos que lembram daquele gol de bicicleta de Júnior Baiano sabem do que estou falando.
Pois finalmente sai um livro sobre Telê: "Fio de Esperança", escrito por André Ribeiro e editado pela Gryphus. O lançamento, nesta segunda-feira, a partir das 19h30, não será nem na livraria da Vila, nem na Cultura, nem na Fnac, mas na Federação Paulista de Futebol (rua Regina Helena, 55, Barra Funda). E já que trocaram a livraria pela Federação, poderiam trocar também o vinho branco pelo chope. Minhas entranhas agradeceriam.



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