São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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OLIMPÍADA
País estima que organizar os Jogos será como promover toda a temporada da F-1 em apenas 15 dias
Austrália quer fazer evento "único"

CLÓVIS ROSSI
enviado especial à Austrália

Catriona Fraser, diretora de marketing da Comissão Australiana de Turismo, está habituada a lidar com grandes números.
Afinal, 4,3 milhões de turistas visitaram a Austrália no ano passado, um número significativo para um país de apenas 19 milhões de habitantes. Geraram um movimento de 7,2 bilhões de dólares australianos (o que equivale a US$ 4,5 bilhões).
Nem por isso Catriona deixa de usar todas as letras maiúsculas para qualificar os Jogos Olímpicos de Sydney (15 de setembro a 1º de outubro). Para ela, trata-se de "O EVENTO".
Os números lhe dão razão. Pelas contas de Pru Goward, porta-voz do governo central para os Jogos Olímpicos, realizá-los equivale a promover, num único período de 15 dias, 17 GPs de F-1 -ou toda uma temporada que se estende de março a novembro em países de três continentes.
Tudo o que diz respeito aos Jogos Olímpicos tem duas características básicas: números espetaculares e uma exacerbação do política e ecologicamente correto.
Basta um detalhe para indicar o quão politicamente correto tentarão ser os jogos de Sydney: se o Brasil for à final de futebol, os torcedores fumantes terão que se abster durante o jogo ou perder alguns lances, porque, mesmo sendo o estádio aberto, só é permitido fumar em áreas selecionadas, nunca nas tribunas.
O estádio Olímpico, aliás, local da final de futebol e das cerimônias de inauguração e encerramento, é uma espécie de concentrado dos números espetaculares que cercam a Olimpíada.
A distância entre suas partes Norte e Sul é suficiente para abrigar quatro Boeings 747, o maior avião do mundo, lado a lado. A altura até o ponto mais elevado dos arcos equivale a 14 andares. O teto tem tamanho equivalente a 115 quadras de tênis.
Os dois telões correspondem ao tamanho de 440 aparelhos convencionais de TV e são 30% maiores que os de Atlanta, sede da Olimpíada anterior.
O estádio terá, durante a Olimpíada, capacidade para 110 mil espectadores, a maior da história dos Jogos, superando o recorde anterior, que pertencia a Los Angeles (101 mil).
Já o "Super Dome", cenário da final de basquete, abriga, sentadas, 21 mil pessoas, o que o transforma na maior arena coberta do hemisfério Sul.
Por qualquer ângulo que se olhe, os números são impressionantes, dos 3,5 bilhões de espectadores que se estima que verão os Jogos pela TV no mundo todo, ao 1 bilhão de hits esperados durante a competição no site oficial na Internet, o www.olympics.com.
Custo total da operação Olimpíada: 5,8 bilhões de dólares australianos (US$ 3,625 bilhões), dos quais 3,3 bilhões de dólares australianos com a construção ou remodelação das instalações em que serão disputadas as 28 modalidades esportivas.
O governo entrou com apenas um terço do custo das construções. A iniciativa privada banca o resto, mas, em contrapartida, fica com o direito de exploração dos equipamentos por 30 anos.
Tudo somado, é um bom negócio. O governo calcula que a Olimpíada funcionará como um imã capaz de atrair 1,5 milhão de turistas além dos que viriam naturalmente à Austrália, no período 1999/2004. Essa nova leva gastará aproximadamente 6,1 bilhões de dólares australianos, mais que suficientes para compensar o investimento de 5,8 bilhões.


O jornalista Clóvis Rossi viajou à Austrália a convite do governo australiano

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