São Paulo, sábado, 21 de abril de 2007

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Pan terá mais R$ 177 mi e investigação da Câmara

Dinheiro irá para a segurança; deputados convocam ex-responsável pelo setor

Demitido por Nuzman com mais 5 auxiliares, general Sérgio Rosário pode ajudar a abrir a "caixa-preta" do evento, dizem congressistas


SERGIO TORRES
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O Pan-07 ganhou do governo federal mais R$ 177 milhões para a área de segurança no mesmo dia em que a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, em Brasília, convocou para falar sobre os gastos no evento o general Sérgio Rosário, recém-demitido pelo Co-Rio (Comitê Organizador do Pan-Americano).
O "Diário Oficial" publicou anteontem a medida provisória 364, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Também nesse dia, por unanimidade, a comissão decidiu convocar Rosário e seu principal auxiliar, o também general Juarez Genial, chefe do setor operacional do Co-Rio até sexta-feira da semana passada, data da demissão da equipe.
Os deputados da comissão querem dos generais esclarecimentos a respeito dos gastos pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) de quase R$ 400 milhões com a segurança do Pan. Ao decidir convocar os generais, eles ainda não sabiam da verba extra liberada pelo presidente Lula.
Com o novo repasse do governo federal, a segurança do Pan conta com R$ 562 milhões.
Os integrantes da comissão avaliam que o general Rosário, embora não fosse o responsável pelo uso do dinheiro, poderá abrir o que na Câmara já se chama de "caixa-preta" do Pan.
Para eles, dentro dessa "caixa-preta" podem estar as explicações sobre licitações que, apesar de programadas há pelo menos dois anos, não foram realizadas no período previsto no cronograma dos preparativos para os Jogos.
Agora, compras estão sendo feitas sem a concorrência exigida pela legislação federal, sob a argumentação de que a questão é emergencial. É o caso, por exemplo, da aquisição de equipamentos de comunicação a serem usados pelos profissionais de segurança nos Jogos.
Outra questão a ser explorada no depoimento de Rosário é o perigo que pode representar para o sucesso do evento a saída de uma equipe de seis militares (os outros quatro dispensados são coronéis do Exército) experientes praticamente às vésperas de um evento com o Pan.
Autor da proposta de convocação dos generais pela Comissão de Segurança, o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), ex-secretário de Segurança do Rio e delegado da Polícia Federal, disse que serão cobradas explicações ao Co-Rio, presidido por Carlos Arthur Nuzman.
"Como pessoas que estão lá há quatro anos são mandadas embora a pouco mais de dois meses de um evento dessa importância? Ainda mais numa área de importância fundamental como a de segurança", declarou Itagiba, acrescentando que membros da comissão virão ao Rio após o depoimento dos generais para conhecer o que está sendo feito pelo Co-Rio e pela Senasp.
As datas dos depoimentos dos ex-integrantes da equipe de segurança do Pan serão marcados na semana que vem.
Embora creditada pelo Co-Rio ao final da fase de planejamento estratégico, a demissão dos seis militares está vinculada à disputa desde 2003 entre os ministérios da Justiça e da Defesa pelo controle da segurança do Pan e, consequentemente, da verba (R$ 385 milhões) prevista no orçamento.
A gota d'água da demissão de Rosário e equipe foi a questão da contratação pela Senasp de 12 mil guias cívicos em comunidades carentes do Rio. A gerência de segurança do Co-Rio, dirigida por Rosário, foi contrária aos uso dos jovens, originários de favelas controladas por facções criminosas inimigas.
A Senasp não levou em conta as ponderações dos militares, conforme a Folha revelou na sexta-feira da semana passada. No último dia 11, diante do presidente Lula (PT) e de cinco ministros, em evento no estádio do Maracanã, os guias entraram em confronto.
Após a demissão, o general Rosário enviou carta para colegas e militares em que abordava as desavenças com a Senasp, como a Folha noticiou ontem. Na carta, ele fala da disputa pelo controle da área de segurança do Pan e insinua que o motivo seriam os quase R$ 400 milhões do orçamento.


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