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Os sete anões gigantes
JOSÉ ROBERTO TORERO
da Equipe de Articulistas
Dizem que tamanho não é
documento, coisa que, do alto
dos meus 1,70m, realmente espero que seja verdade.
O futebol parece confirmar
esse ditado, pois não são poucos os "deficientes verticais"
que se dão bem no esporte bretão. E assim como na história
da Branca de Neve, no futebol
também temos sete baixinhos
que conseguiram grandes vitórias, tratando uma outra
branca, não a de neve, mas a
da grama, com muito carinho.
São eles:
1) Tostão, o Mestre.
Dribles curtos, chutes bem
colocados, grande visão de jogo. Quem teve a oportunidade
de ver Tostão desfilar sua inteligência pelos gramados sempre vai lembrar do centroavante da seleção de 1970. Hoje,
com menos cabelo, mais barriga e óculos, é quase um sósia
do mais sábio dos anões.
2) Rivellino, o Zangado.
Outro grande craque da seleção tricampeã. Seus dribles
curtos -os "elásticos"- e a
violência e precisão de seus
chutes tornaram-se lendários,
assim como sua irritação
quando levava botinadas.
3) Bebeto, o Dengoso.
A técnica e o oportunismo do
centroavante baiano já resultaram em centenas de gols.
Talvez os beques tenham pena
de seu ar frágil, quase choroso,
e entrem mais devagar. Ficou
marcado pela comemoração
do gol que marcou contra a
Holanda na Copa de 94, quando homenageou o nascimento
do filho, que, aliás, já deve estar maior que ele.
4) Maradona, o Atchim.
Um dos maiores jogadores de
futebol de todos os tempos. Teve uma brilhante e conturbada
biografia futebolística. Infelizmente, uma carreira atrapalhou a outra.
Assim como o símile da história da Branca de Neve, tem
problemas com o nariz, mas
com os pés era inigualável.
5) Romário, o Soneca.
Não são poucas as partidas
em que Romário parece estar
dormindo em campo, como se
tivesse comido a maçã envenenada da Bruxa. Porém, acorda
de uma hora para outra, como
se tivesse levado um beijo do
Príncipe Encantado, e dispara
contra o gol inimigo, derrubando zagueiros gigantes e goleiros-dragões.
6) Dunga, o Dunga.
O mais alto e forte desses sete
anões é o que apresenta maiores problemas de relacionamento com a "branquinha",
mas compensa a falta de habilidade com sua valentia. Assim
como o Dunga original, não é
muito articulado, e tem que
recorrer a gestos para se fazer
entender. No caso, pontapés.
7) Roberto Carlos, o Feliz
É o mais novo dos pequenos
notáveis. Mesmo jogando na
lateral esquerda conseguiu a
façanha de ser eleito o segundo
melhor jogador do mundo no
ano passado. Vive um bom
momento e é uma das maiores
esperanças da torcida brasileira para a Copa da França. Talvez, por isso, aparente estar
sempre alegre e sorridente, como Branca de Neve depois de
casar com o Príncipe.
Quis o destino que os sete pequeninos nunca atuassem juntos numa mesma equipe. Caso
isso tivesse ocorrido, a torcida
deste time seria uma das mais
felizes do mundo. E cantaria,
sempre que se encaminhasse
para o estádio: "Eu vou, eu
vou, pro campo, agora eu vou.
Lálálálálá, lálálálálá. Gritar é
gol!"
José Roberto Torero escreve às terças e quintas
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