São Paulo, terça, 21 de abril de 1998

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FUTEBOL
Auditoria em contas da entidade revela apropriação indébita de recursos da entidade, que deve R$ 13 milhões
Federação do PR paga até diária de motel

FLÁVIO ARANTES
da Agência Folha, em Curitiba

Auditoria determinada pela Justiça na contabilidade do ano passado da FPF (Federação Paranaense de Futebol) revela que houve apropriação indébita de recursos da entidade.
Os auditores também apontam despesas estranhas à atividade de uma federação de futebol, como pagamento de diárias de motel e compra de absorvente feminino. Segundo a auditoria, a FPF tem uma dívida de R$ 13 milhões.
O então presidente da federação era o ex-deputado Onaireves Moura, destituído do cargo por ordem da Justiça.
Segundo Vicente Rodacki, interventor designado pela Justiça, consta da contabilidade da federação uma nota de despesa de R$ 250,00, referente a estadia em um motel de Londrina.
A Agência Folha não conseguiu ouvir Moura ontem. O seu telefone celular está desligado. A Telepar (Telecomunicações do Paraná) informa que ele não autoriza a divulgação de seus telefones.
Em uma nota de compra em uma farmácia de cerca de R$ 140,00, é listado um pacote de absorvente feminino.
A mesma contabilidade que revela despesas com motel deixa de registrar receitas de contratos firmados pela entidade.
Segundo Rodacki, um desses contratos é com a empresa Publiesporte, que administrava as placas de publicidade do Pinheirão, estádio que pertence à FPF.
O interventor afirma que, em agosto do ano passado, a empresa fez um repasse de R$ 15 mil à federação que não consta da sua contabilidade.
"Em 96, a empresa repassou R$ 80 mil à federação. Esse dinheiro foi contabilizado. Já os R$ 15 mil repassados em agosto do ano passado não deram entrada", disse.
A segunda parcela do pagamento referente à locação do estádio a uma igreja evangélica também não entrou no caixa da FPF, segundo o interventor.
O aluguel previa o pagamento de duas parcelas de R$ 4.000,0o. "Apenas a primeira foi contabilizada", afirmou ele.
"Existia um gestor desse dinheiro. Por isso, a responsabilidade é dele, mesmo que se prove que não tenha sido ele quem se apropriou desses recursos", diz Rodacki, se referindo a Moura.
A maior parte da dívida da FPF é com o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social): R$ 4,5 milhões. A entidade deve também a fornecedores, ao Atlético-PR e à Prefeitura de Curitiba. A federação tem um débito de R$ 1,5 milhão de IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano).
Por causa dessa dívida, a Justiça decretou em dezembro passado intervenção na FPF e a destituição de seu presidente, que estava no cargo havia 12 anos.



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