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"Temos de atropelar quem vier pela frente"
RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL
Folha - Está pronto para a Copa?
Ronaldo - Neste momento, diria
que sim, mas é claro que a gente
ainda pode melhorar alguma coisa. E vamos fazer de tudo para
chegar 100% na Copa.
Folha - O que mudou da Copa do
Mundo de 98 para agora?
Ronaldo - São momentos diferentes. Claro que Copa do Mundo
tem sempre uma grande expectativa. É bom que o Brasil agora não
está vindo com todo o favoritismo
que foi para a Copa de 98. Isso pode nos dar mais condições de trabalharmos tranquilos e surpreendermos nesta Copa.
Folha - E você, o que mudou?
Ronaldo - Normal, igual à de 98.
Com muita vontade de ganhar, de
arrebentar, jogar bem, fazer muitos gols e ajudar a seleção.
Folha - O que, desta vez, você vai
fazer diferente da última Copa?
Ronaldo - Tentar sempre fazer
melhor, fazer mais gols, jogar melhor. É a única coisa que a gente
pode fazer, sempre melhorar.
Folha - O que mais marcou em sua
experiência com Copas do Mundo,
em 1994 e 1998?
Ronaldo - Em 1994, o fato mais
marcante foi viver a alegria de ser
campeão mundial tão novo e ao
lado de tantos jogadores experientes. Em 1998, claro, a tristeza
da derrota me marcou para sempre. Aprendi nos dois casos. As
duas Copas foram importantes.
Folha - Qual é a lição que você tirou desses dois Mundiais?
Ronaldo - Deve haver união e
confiança no grupo. Sem um jogador ajudando o outro, não se
chega a lugar nenhum. Ninguém
ganha nada sozinho. Em uma
equipe, todos os jogadores devem
reagir da mesma maneira.
Folha - Vencer essa Copa seria
uma vingança pelo vice-campeonato de 1998?
Ronaldo - Sem dúvida, sonho ir a
uma final de novo e, se possível,
contra a França.
Folha - Qual é a sua opinião sobre
a Copa ser realizada na Ásia?
Ronaldo - A Ásia é distante do
Brasil, mas hoje o futebol é do
mundo, está em toda a parte. O
importante é que a Copa seja organizada e segura.
Folha - A seleção foi muito criticada durante as eliminatórias. Você
acha que o time é um dos favoritos
na Copa mesmo com a campanha
irregular nas eliminatórias?
Ronaldo - Realmente foi um momento muito difícil que o futebol
brasileiro enfrentou. Mas os jogos
de preparação deste ano mostraram um pouco do que podemos
render. Nenhuma seleção do
mundo tem tantos jogadores de
qualidade como a nossa. Sem dúvida, o Brasil é um dos favoritos
junto com as equipes da Argentina, França e Itália.
Folha - O Brasil caiu em uma chave considerada fácil, junto com China, Turquia e Costa Rica. Isso vai
ajudar a seleção? Vai ajudar você,
que vem de um período de recuperação física?
Ronaldo - Talvez ajude, não sei.
Claro, é mais fácil do que jogar
com as grandes forças. Mas não
temos de pensar nisso, temos de
atropelar quem vier pela frente. A
Copa do Mundo é uma coisa séria, muito séria. Temos que nos
fazer respeitar desde o início.
Folha - Como está seu entrosamento com Ronaldinho no ataque.
O que você pode ensinar a ele?
Ronaldo - O entrosamento entre
a gente é muito bom, é excelente.
Ronaldinho já aprendeu muito na
França e tem muito o que aprender ainda. Ele é um ótimo jogador, um grande amigo. E está descobrindo o caminho dele. Tenho
muito pouco a ensiná-lo.
Colaborou Fábio Victor, enviado especial a Kuala Lumpur
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