São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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FUTEBOL
Final Brasil-Argentina e placares dilatados avalizam aumento de jogos
Duelo fecha Libertadores de muitos times e muitos gols

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento radical no número de participantes de um torneio, normalmente sinônimo de queda de nível técnico, teve reflexos bastante positivos no balanço final da Taça Libertadores de 2000.
A Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) promoveu na edição deste ano o maior inchaço da história do mais importante torneio interclubes do continente.
Na Libertadores do ano passado eram 21 participantes, que passaram a 32 neste ano.
Coincidência ou não, o fato é que fazia muito tempo que a decisão do torneio não era tão estimulante como a que se verá hoje.
Nela estão reunidas duas equipes que já foram campeãs da competição, treinadas por dois técnicos igualmente vencedores no torneio (Luiz Felipe Scolari, com Grêmio e Palmeiras, e Carlos Bianchi, com o Vélez Sarsfield), representantes das duas mais fortes escolas do futebol sul-americano -que, ainda por cima, alimentam uma das maiores rivalidades do planeta.
Desde 1995, quando Grêmio e o colombiano Nacional de Medellín fizeram a final, a decisão da Libertadores não opunha dois ex-campeões do torneio.
E desde 1984, quando o mesmo Grêmio e o argentino Independiente decidiram, os finalistas não eram ambos clubes de tradição no continente.
No ano passado, por exemplo, o Palmeiras decidiu contra o Deportivo Cali (Colômbia), terceiro ou quarto time em tradição na Colômbia. Em 98, o Vasco fez a final contra o Barcelona de Guayaquil, menos expressivo ainda -o futebol equatoriano jamais venceu uma Libertadores.
Além disso, naquele que talvez seja o mais significativo índice estatístico de futebol, a média de gols, a Libertadores-2000 também mostrou um grande avanço em relação aos últimos anos.
Desde a década de 60, não se viam tantos gols no torneio. Nos 125 jogos disputados até aqui, foram marcados 434 gols, uma média de 3,47 por partida.
Somente em 1962 (4,12) e em 1964 (3,52), quando o Santos representou o Brasil na competição, houve médias maiores de gols.
Comparada com as médias dos torneios brasileiros disputados este ano, o aumento na Libertadores é ainda mais alentador. A Copa do Brasil e o Paulista, por exemplo, registraram queda na média de gols em relação às edições dos últimos anos.
O presidente da Confederação Sul-Americana, Nicolas Leoz, mostrava-se radiante ontem, no evento da Toyota para apresentar os preparativos para a decisão.
"Foi excelente a passagem para 32 clubes, e esta decisão só comprova isso. Tivemos boas partidas, boas arbitragens, muitos gols e controle antidoping em todos os jogos", disse ele.
"Agora, o que mais queremos é que o time que ganhe amanhã (hoje) também conquiste a Copa Toyota", completou Leoz, em referência à disputa do Mundial interclubes no final do ano em Tóquio, contra o Real Madrid (Espanha), vencedor da Copa dos Campeões da Europa.
Empolgação igual, ou maior, aparentava o presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi.
Para ele, a presença de mais um time brasileiro na final da Libertadores demonstra "toda a pujança, a organização e a qualidade do futebol brasileiro".
Com o inchaço na edição deste ano, o Brasil, assim como a Argentina, que tinha dois representantes, passou a ter quatro equipes garantidas na Libertadores.
Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai têm três representantes cada um.
A Venezuela tem duas vagas. Equipes mexicanas, que têm disputado classificatórias para o torneio, podem entretanto ocupar algumas dessas vagas.


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