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Ninguém sai, avisam titulares
Preocupados em perder posição, astros do Brasil se recusam a abrir espaço para suplentes amanhã
Pelo menos Adriano, Cafu e Kaká afirmam que, mesmo com a seleção já classificada, preferem não ser poupados por Parreira diante do Japão
DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH
Quem está dentro não sai. É
assim que pensam os titulares
da seleção brasileira. Foi uma
resposta aos reservas que, anteontem, espernearam por um
lugar na equipe no jogo de amanhã, contra o Japão, no fechamento da primeira fase.
A possibilidade de mudança
no time, agravada pela ameaça
de perder jogadores pendurados com cartão amarelo, fez alguns dos principais nomes da
equipe pedirem, publicamente,
para atuar em Dortmund.
O atacante Adriano, que pode
perder a vaga para Robinho,
disse que não quer sair de jeito
nenhum. "Eu quero jogar para
manter o ritmo de jogo, mas o
Parreira sabe da responsabilidade de cada um, sabe que alguns podem descansar para
chegar melhor nas oitavas",
disse o jogador, que marcou o
primeiro gol contra a Austrália.
Para ele, caso Parreira opte
por Robinho e Ronaldo, isso
não será uma escolha técnica.
"Se ele me colocar no banco é
porque ele sabe que o Ronaldo
precisa de mais ritmo, que isso
é importante para ele", disse.
Kaká, que não está pendurado mas viu seu reserva imediato, Juninho, demonstrar insatisfação com a reserva, também
apressou-se em fazer lobby.
"Eu quero falar que eu gostaria
de jogar", disparou o meia.
"Se puderem jogar todos, eu
acho que seria legal. Se não puderem, que entendam o motivo
de estar aqui", disse o jogador,
que foi reserva do time pentacampeão em 2002 e atuou por
25 minutos durante o Mundial
do Japão e da Coréia do Sul.
Outro que não pensa em ser
poupado, apesar de estar pendurado com um amarelo, é o capitão Cafu, jogador que mais
vestiu a camisa da seleção na
história, com 147 partidas. "Vale a pena correr o risco. Eu quero jogar para aumentar meus
recordes", disse ele, que, se enfrentar o Japão, vai superar
Dunga e Taffarel como o atleta
que mais atuou pelo Brasil em
Mundiais. Os três têm 18 jogos.
O reserva de Cafu, Cicinho, já
pediu para ter ao menos "15 minutos" de fama na Alemanha.
O futebol sem brilho apresentado pelo time preocupa os
titulares, que não querem dar
chance aos suplentes. Avaliam
que, se um reserva entrar e a
equipe fizer um jogo convincente, podem acabar no banco.
A disputa silenciosa, porém,
não tem afetado, aparentemente, o relacionamento entre os
atletas. "Os grandes grupos que
foram campeões eram formados por grandes jogadores e
grandes pessoas. Acho que estamos criando isso aqui. Todos
estão lutando para serem campeões. É difícil agradar a 23 jogadores, mas de forma geral todos têm ajudado", disse Kaká.
Segundo ele, os titulares merecem continuar atuando. "Eu
vi muita diferença entre o jogo
com a Croácia e o jogo com a
Austrália. Já foi uma evolução
muito grande, e vai ser assim
daqui para a frente."
Adriano também disse que as
disputas por posições não interferem no clima da seleção.
"O nosso grupo é muito bom.
Dá para ver que o time todo está unido. Quando o Fred marcou, todos foram comemorar
com ele", relembrou ele.
Emerson, substituído no segundo tempo contra a Austrália, também pode ir para o banco no duelo com o Japão. O jogador, um dos líderes do time, é
outro que carrega um cartão
amarelo. O maior candidato a
ocupar sua vaga é Gilberto Silva, que já entrou em seu lugar
contra a Austrália. "Se tiver de
entrar, estou preparado, é claro. Foi para isso que vim à Alemanha", disse Gilberto Silva.
Hoje à tarde, a seleção vai a
Dortmund, a cerca de 80 km de
Bergisch Gladbach, fazer o reconhecimento de campo no local do jogo contra o Japão. A
viagem será feita de ônibus, e a
delegação retorna a seu quartel-general hoje mesmo.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO
PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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