São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2006

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Ninguém sai, avisam titulares

Preocupados em perder posição, astros do Brasil se recusam a abrir espaço para suplentes amanhã

Pelo menos Adriano, Cafu e Kaká afirmam que, mesmo com a seleção já classificada, preferem não ser poupados por Parreira diante do Japão


DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH

Quem está dentro não sai. É assim que pensam os titulares da seleção brasileira. Foi uma resposta aos reservas que, anteontem, espernearam por um lugar na equipe no jogo de amanhã, contra o Japão, no fechamento da primeira fase.
A possibilidade de mudança no time, agravada pela ameaça de perder jogadores pendurados com cartão amarelo, fez alguns dos principais nomes da equipe pedirem, publicamente, para atuar em Dortmund.
O atacante Adriano, que pode perder a vaga para Robinho, disse que não quer sair de jeito nenhum. "Eu quero jogar para manter o ritmo de jogo, mas o Parreira sabe da responsabilidade de cada um, sabe que alguns podem descansar para chegar melhor nas oitavas", disse o jogador, que marcou o primeiro gol contra a Austrália.
Para ele, caso Parreira opte por Robinho e Ronaldo, isso não será uma escolha técnica. "Se ele me colocar no banco é porque ele sabe que o Ronaldo precisa de mais ritmo, que isso é importante para ele", disse.
Kaká, que não está pendurado mas viu seu reserva imediato, Juninho, demonstrar insatisfação com a reserva, também apressou-se em fazer lobby. "Eu quero falar que eu gostaria de jogar", disparou o meia.
"Se puderem jogar todos, eu acho que seria legal. Se não puderem, que entendam o motivo de estar aqui", disse o jogador, que foi reserva do time pentacampeão em 2002 e atuou por 25 minutos durante o Mundial do Japão e da Coréia do Sul.
Outro que não pensa em ser poupado, apesar de estar pendurado com um amarelo, é o capitão Cafu, jogador que mais vestiu a camisa da seleção na história, com 147 partidas. "Vale a pena correr o risco. Eu quero jogar para aumentar meus recordes", disse ele, que, se enfrentar o Japão, vai superar Dunga e Taffarel como o atleta que mais atuou pelo Brasil em Mundiais. Os três têm 18 jogos.
O reserva de Cafu, Cicinho, já pediu para ter ao menos "15 minutos" de fama na Alemanha.
O futebol sem brilho apresentado pelo time preocupa os titulares, que não querem dar chance aos suplentes. Avaliam que, se um reserva entrar e a equipe fizer um jogo convincente, podem acabar no banco.
A disputa silenciosa, porém, não tem afetado, aparentemente, o relacionamento entre os atletas. "Os grandes grupos que foram campeões eram formados por grandes jogadores e grandes pessoas. Acho que estamos criando isso aqui. Todos estão lutando para serem campeões. É difícil agradar a 23 jogadores, mas de forma geral todos têm ajudado", disse Kaká.
Segundo ele, os titulares merecem continuar atuando. "Eu vi muita diferença entre o jogo com a Croácia e o jogo com a Austrália. Já foi uma evolução muito grande, e vai ser assim daqui para a frente."
Adriano também disse que as disputas por posições não interferem no clima da seleção.
"O nosso grupo é muito bom. Dá para ver que o time todo está unido. Quando o Fred marcou, todos foram comemorar com ele", relembrou ele.
Emerson, substituído no segundo tempo contra a Austrália, também pode ir para o banco no duelo com o Japão. O jogador, um dos líderes do time, é outro que carrega um cartão amarelo. O maior candidato a ocupar sua vaga é Gilberto Silva, que já entrou em seu lugar contra a Austrália. "Se tiver de entrar, estou preparado, é claro. Foi para isso que vim à Alemanha", disse Gilberto Silva.
Hoje à tarde, a seleção vai a Dortmund, a cerca de 80 km de Bergisch Gladbach, fazer o reconhecimento de campo no local do jogo contra o Japão. A viagem será feita de ônibus, e a delegação retorna a seu quartel-general hoje mesmo. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

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