São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2006

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Argentina decide contra a Holanda em "jogo amistoso"

De olho nas oitavas, técnicos confirmam que vão poupar jogadores que estão pendurados com um cartão amarelo

Já classificadas, equipes definem primeiro lugar sem Robben, Crespo e Saviola; europeus e sul-americanos fazem troca de elogios


Leo La Valle/Efe
Carlitos Tevez, autor de um golaço nos 6 a 0 em Sérvia e Montenegro, gargalha em treinamento da Argentina em Herzogenaurach, ontem


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

Marco van Basten, o técnico holandês, acabou com a graça e com a previsível tensão de uma partida (Holanda e Argentina) que já tem ares de clássico do futebol mundial, ao anunciar que tanto ele como seu colega argentino, José Pekerman, não usarão todos os titulares por causa dos cartões amarelos.
Pekerman confirmou: "Haverá modificações".
Pronto, o que deveria ser o "clássico da morte" no "grupo da morte" acabou virando pouco mais que um amistoso, na medida em que tanto Argentina como Holanda já estão classificadas para a segunda fase.
Não há nem mesmo a motivação de ficar em primeiro e cair, portanto, com um rival mais fraco, o segundo do Grupo D, porque existe uma razoável equivalência entre Portugal (já classificado) e México (quase certamente dono da outra vaga, embora Angola ainda tenha chances matemáticas).
Mark van Bommel, meio-campista holandês, saiu-se, aliás, com a resposta clássica: "Quem quer ser campeão tem que ganhar de todos".
A única pitada de pimenta posta numa partida assim desenhada acabou saindo de um jornalista português, que, ao falar para sua rádio sobre o treino de reconhecimento da Holanda no estádio de Frankfurt, comentou desta forma as substituições na Argentina: "É conveniente porque, se perderem, não se desfaz o encanto dos 6 a 0 contra Sérvia e Montenegro".
Nem Van Basten nem Pekerman anunciaram quem sai e quem entra. Até nisso coincidiram: ambos disseram, separadamente, que queriam consultar antes os próprios jogadores e a comissão técnica.
De certo, ao menos segundo os jornalistas holandeses, é a ausência de Robben, o melhor jogador da Holanda. E, do lado argentino, a presença de Riquelme, o maestro da equipe.
Van Basten chegou a insinuar que poderia trocar mais de meio time, porque são seis os jogadores que receberam amarelo (um segundo cartão afastaria o atingido do jogo seguinte, já no mata-mata). Ninguém crê em tantas trocas.
No lado argentino, os que devem sair são o zagueiro Heinze e a dupla de ataque Crespo e Saviola. Entrariam, segundo as especulações dos jornalistas que cobrem a seleção, o corintiano Tevez e o veterano Julio Cruz. Messi, o jovem mais esperado da Copa e o que menos se viu até agora, não começaria.
Para quebrar qualquer tensão provocada pelos antecedentes (a Argentina ganhou a Copa de 1978 em cima da Holanda, mas foi por ela eliminada 20 anos depois, na França), os dois lados trocam uma catarata de elogios recíprocos:
Pekerman sobre os holandeses: "Têm um jogo muito bom. São fiéis à sua história. Mantêm a velha escola holandesa, que sempre nos fez desfrutar de bom futebol". Van Bommel sobre a Argentina: "Tem um dos melhores elencos do mundo".
Sobre a própria Argentina, Pekerman chega a dizer que é cedo para julgar seu time, apesar dos 6 a 0 na última partida, que encantou o mundo.
Cedo ou não, é certamente a mais discreta seleção argentina dos últimos muitos anos, a uma distância cósmica do ruído que provocava, por exemplo, Diego Armando Maradona.
Do lado holandês, embora tenha sido sempre mais relaxado, há a mesma humildade. Van Basten reconhece que a classificação antecipada da Holanda se deveu a "um pouco de sorte, porque, se tivemos períodos de bom jogo, tivemos também períodos em que não jogamos bem. Assim não basta".
Dadas as características que tomou o jogo, não será hoje que se poderá julgar a Argentina ou saber se a Holanda vai satisfazer seu técnico.

NA TV - Holanda x Argentina Globo, Sportv, Bandsports, Directv e ESPN Brasil, ao vivo, às 16h

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