São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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MOTOR

Chance perdida

Esporte a motor viveu no último fim de semana, na pista de Le Mans, uma corrida vibrante, de contornos épicos

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

NENHUMA TV entre as trocentas opções no cabo mostrou. Nos jornais, a notícia foi engolida pelo fiasco da seleção. Sobrou o éter cibernético, notas nos sites especializados em automobilismo. Só.
Só. Muito pouco.
Porque o esporte a motor viveu no último fim de semana, em Le Mans, dias mágicos, históricos, épicos.
Senão, vejamos... "A corrida pode ser descrita como a melhor Le Mans de toda uma geração. Uma corrida genuína, até as últimas voltas", cravou a "GP Week". Para a "Autosport", a prova já pode ser enquadrada como um "verdadeiro clássico". A "Auto, Motor und Sport" a classificou de "a mais vibrante em anos".
As protagonistas das 24 Horas, marcas de respeito: Audi e Peugeot.
A primeira, vencedora de sete das oito edições anteriores, destruidora de um paradigma, em 2006, ao triunfar com motor diesel.
A segunda, a que mais investiu no ano, iniciativa que teve como resultado a evolução do já irresistível 908 HDi FAP, também diesel, e a escalação de uma esquadra com nove ex-F-1. Tudo para quebrar um jejum de 15 anos sem vitória francesa na mais emblemática corrida do Turismo.
E tão hercúleo foi o esforço dos franceses que conseguiu destruir o favoritismo alemão. Antes da prova, as apostas giravam em torno de qual dos três Peugeot levaria a vitória. E o frisson só fez aumentar na definição do grid, 1-2-3 local, com eternos 5s334 do pole para o primeiro Audi.
Mas havia uma prova de 24 horas. E que, na 13ª hora, viu o Audi na liderança. Porque a Peugeot cansou de errar na estratégia. Porque o tanque dos Peugeot agüentava 11 voltas, enquanto os Audi completavam 13. Porque, na chuva da madrugada, os pneus intermediários rendiam mais, bem mais, nos carros alemães.
Velocidade por velocidade, porém, os franceses eram melhores.
E a última hora foi aberta com 2min42s de folga do Audi, pilotado por Kristensen, uma lenda do Turismo, sobre Minassian, que era oito segundos mais rápido por volta.
A perseguição, com pista úmida em alguns trechos, foi implacável.
A caça, com intermediários, deu uma aula. O caçador, piloto local, com pneus lisos, não poderia se dar ao luxo de um pit stop. Volta a volta, a diferença despencava. A ultrapassagem parecia questão de tempo. Tudo isso, lembrem, na França.
As últimas voltas tiraram o fôlego dos 258.000 (!!!!!!) torcedores nas arquibancadas. Mas, então...
Minassian rodou na curva Dunlop e, com um pneu furado, completou as últimas voltas no sacrifício. E só então, nos minutos finais, uma epopéia de 24 horas foi resolvida.
À Audi, a oitava vitória em nove anos. Para a Peugeot, o consolo do lema de que são necessários três anos para um carro vencer as 24 Horas de Le Mans -este foi o segundo.
E, por aqui, ninguém viu isso.


fseixas@folhasp.com.br

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