São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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Muricy atira na saída, e São Paulo traz Ricardo Gomes

Ex-treinador são-paulino reclama de falta de parceria e de humildade e afirma já ter sido sondado por outros clubes

Substituto é anunciado pelo presidente Juvenal Juvêncio como exemplo de "vivência internacional" que diretoria sempre busca no mercado

Danilo Verpa/Folha Imagem
Muricy Ramalho, que deixa o comando do São Paulo, fala à imprensa no CT do clube, ontem

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

De uniforme preto e cinza, os jogadores passavam para treinar, após reunião com Muricy Ramalho. De agasalho cinza sem o símbolo do São Paulo, o agora ex-técnico do clube, tranquilo, despediu-se agradecendo "principalmente à torcida".
De blazer e camisa social e sem demonstrar emoção o presidente Juvenal Juvêncio anunciou o novo técnico: Ricardo Gomes. Outros cartolas não aparentavam tristeza.
A diretoria já pensava na demissão de Muricy havia algum tempo. A decisão foi tomada após a eliminação da Libertadores, quando os cartolas tinham nome para substitui-lo.
"Evidente que já existia a expectativa [de que houvesse troca de treinador]. Por isso, olhamos para fora", disse Juvenal.
O ex-técnico são-paulino até afirmou que Cuca teria se oferecido para o cargo, fato que o treinador do Flamengo nega.
A saída de Muricy foi definida na noite de sexta após pressão da maioria dos cartolas.
Logo após a demissão, a diretoria ligou para Ricardo Gomes, 44, que foi técnico do Monaco (FRA) na última temporada. Foi acertado contrato por um ano, sem multa rescisória.
"O São Paulo tem um perfil de treinador. Precisa ter um comportamento, uma vivência internacional", disse o diretor de futebol são-paulino João Paulo de Jesus Lopes. "Também tem o perfil financeiro."
Caro, com salário de cerca de R$ 300 mil, o ex-técnico do time ainda tinha relacionamento desgastado com jogadores e dirigentes, como ficou claro em declarações suas e dos cartolas.
"A gente sabe porque o time não engrenou. Já falei para eles [jogadores], mas não quero rifar ninguém. Sou parceiro e não vou falar nada", disse o técnico à rádio Jovem Pan.
Em seguida, explicou os problemas. "Claro que a gente tenta de tudo. Nas outras vezes, deu certo, mas acho que agora faltou um pouco de humildade, parceria. Não adianta ser o melhor time do mundo."
Atletas como Washington, Borges, Dagoberto e André Lima reclamaram de terem sido barrados pelo treinador.
A diretoria também ficou insatisfeita. "Vejo atleta que protesta porque foi substituído, atleta reclamando que joga. Outro chutou a bandeirinha. Isso não pode", disse Juvenal.
Com três anos e meio à frente do time, o técnico também experimentou conflito com dirigentes. A maioria pediu sua cabeça pelo mau desempenho no Paulista, no Brasileiro e na Libertadores, principalmente.
"Não sou agradável, mesmo. Às vezes, o diretor gosta de ir jantar, que você fique do lado dele, agradando", completou o treinador que, ontem, na despedida, recebeu apoio de integrantes da Independente.
Pela manhã, dez membros da torcida foram ao CT para se manifestarem contra sua saída. A organizada deve protestar contra a diretoria e apoiar Muricy no clássico de hoje, contra o Corinthians, no Pacaembu.
Muricy sai, deixando para trás luto, desafetos e títulos. E de olho em um período de férias, após ter sido sondado.

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