São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997.



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Na contramão da história

MATINAS SUZUKI JR.
do Conselho Editorial

Meus amigos, meus inimigos, não dava para esperar outra coisa do despreparo, da visão curta e dos interesses particularizados dos diretores da CBF, das federações, dos clubes e dos políticos que usam o futebol para fins eleitoreiros.
Na contramão da história, foi aprovado o Campeonato Brasileiro com 26 times, incluindo o tecnicamente rebaixado Fluminense e o Bragantino de Marquinhos Chedid, sujeito que consegue a proeza de ser um campeão de falta de credibilidade nas duas atividades mais sem credibilidade da sociedade brasileira: de dirigente de futebol e de político.
As razões para essa iniciativa que regride o futebol brasileiro em algumas décadas serão as turvas de sempre e as consequências inimagináveis no retrocesso (quem conseguirá, depois da volta desmoralizadora do Fluminense, rebaixar, no final do Brasileiro-97, os quatro últimos colocados?).
A sociedade brasileira, que se acostumou rapidamente à estabilização e que procura cada vez mais regras estáveis para exercer a sua cidadania, dá sinais de não suportar mais esse regime de exceção corrupto e sem lei dentro do futebol.
A estabilidade nas regras é fundamental para o futebol. É ela que faz o esporte ser facilmente assimilado pelo consumidor. É ela que permite que os investimentos sejam seguros. É ela que permite o florescimento do futebol como atividade econômica relevante, pois permite vender os jogos para patrocinadores e consumidores (para o estádio e para a televisão paga) antecipadamente. É ela que permite uma boa cobertura pelas televisões e pela imprensa, com planejamento e método.
A estabilidade nos torneios é que permite as bases e as estatísticas comparativas entre times de diferentes temporadas. É ela que permite um melhor rendimento técnico (em outras palavras, em jogos melhores), pois o planejamento competitivo de técnicos e preparadores físicos será respeitado.
Enfim, ela é melhor para o torcedor, que pode se programar com antecedência para ver os jogos, e para o jogador, que evitará desgastes desnecessários e de última hora.
Dizem que uma grande crise é a véspera da mudança. Não creio que o futebol brasileiro possa descer mais ainda do ponto de vista administrativo.
Logo...

A grande jogada paraguaia são os escanteios cobrados por Arce e as faltas, por Chilavert. A defesa, que seria o seu forte, não terá Rivarola. Joga como o Grêmio: sem grande talentos na linha, mas com estratégia de jogo e conjunto.

Conforme o prometido no sábado passado, aqui vai a seleção dos jogadores mais elegantes de todos os tempos de um dos mais cotados para integrar a seleção final: o ex-zagueiro e meio-campista Dario Pereyra, hoje técnico mais do que promissor do São Paulo. Dario vem da escola uruguaia, notoriamente uma das mais elegantes da história do futebol.
Vamos lá: Raul, Toninho (surpresa: é o primeiro brasileiro a entrar na vaga de Carlos Alberto), Oscar, ele, Dario, e Júnior; Falcão, Beckenbauer, Platini e Pedro Rocha (o maior de todos, segundo Dario); Jairzinho e Tostão.


Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e sábados




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