São Paulo, segunda, 21 de julho de 1997.



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São Paulo se firma como candidato ao título

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Enquanto o Palmeiras, no Parque, goleava o América de Natal por 4 a 0, e o Santos se livrava com facilidade do Goiás, na Vila, por pouco o tricolor não cedia o empate ao Fluminense, no Morumbi.
Não que o São Paulo tenha jogado mal. Ao contrário: poderia ter pespegado uma goleada histórica no adversário, caso convertesse as inúmeras chances desperdiçadas. Mas oscilou, e permitiu ao Flu algumas pontadas, sobretudo no segundo tempo, que poderiam ter acinzentado a festiva tarde da torcida tricolor.
De qualquer forma, meteu 2 a 1 e vai-se firmando como um sério candidato ao título, desde que essa meninada, de rodada em rodada, amadureça.
Principalmente depois da volta de Aristizábal ao lado de Dodô e de Denílson ao meio-campo. Deus me livre!

Foram uns 10, 15 minutos de emoção: quatro gols -dois de cada lado-, e, no fim do empate com o Guarani, restou a sensação de que o Corinthians está longe de ser aquele timaço sonhado desde a entrada em campo do Excel.
Parte, porque o técnico não está podendo usar Silvinho e Fábio Augusto na intermediária, fórmula que deu fluência ao meio-campo desse time no Paulistão. Parte, pela ausência de Marcelinho. É preciso correr atrás de um meia-direita habilidoso e com senso de organização de jogo. Pra ontem.

No sábado, dois enigmas: essa Lusa, capaz de trucidar o Flamengo por 3 a 0, vice-campeã brasileira, que ameaça, ameaça e nunca chega; e esse Flamengo, que vinha pimpão com seus pimpolhos, até que Romário e Sávio voltassem ao time.
Aí, novamente, caiu na gangorra.

Espanta-me a maneira infantil com que a mídia foi manipulada por Farah, nos últimos dias. E não digo isso porque tenha eventualmente vaticinado o resultado da tal reunião de cartolas na véspera. Nada mais fiz do que seguir a lógica, como, aliás, a imensa maioria da opinião pública expressa na pesquisa do Datafolha no dia do evento.
Todo mundo sabia que era uma jogada de marketing, primária, grosseira, do presidente da Federação Paulista, menos boa parte da imprensa -alguns, já crescidinhos o bastante para não entrar nessa.
E o pior: ainda há quem creia que Farah -inclusive, ele- tenha realmente faturado prestígio com toda essa patética movimentação. Pois deu-se o inverso. O máximo que ele conseguiu foi antepor a imprensa e a opinião pública ao seu projeto da Taça Estado de São Paulo, que, se apresentado sob outro ângulo, teria obtido apoio maciço.
Afinal, ninguém quer matar os pequenos. O que se quer é poupar os grandes e a paciência (e o bolso) das imensas massas de torcedores desses clubes. Assim, sua proposta de ampliar a participação dos pequenos e diminuir a dos grandes até que seria bem-vinda. Os pequenos escapariam da trágica ociosidade em que se encontram durante a pré-temporada, e os grandes só entrariam na fase que o título realmente estará em jogo.
Mas burrice e pretensão também matam.


Alberto Helena Jr. escreve às segundas, quartas e domingos



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