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Estatuto pode excluir clãs do STJD
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O relator do Estatuto do Desporto na Câmara, deputado Gilmar Machado (PT-MG), quer
acabar com a participação de magistrados e de seus parentes na
Justiça Desportiva nacional.
Caso seja aprovado o substitutivo que será enviado para votação
no plenário da Câmara nos próximos meses, oito magistrados, entre eles o presidente do STJD, Luiz
Zveiter, serão afastados.
Flávio Zveiter, filho do presidente, e Paulo César Salomão Filho, filho do vice-presidente do
Superior Tribunal de Justiça Desportiva, também perderão os seus
cargos, em caso de aprovação do
substitutivo do estatuto, projeto
de lei que pretende unificar a legislação do setor no país.
Os dois integram a Comissão
Disciplinar, primeira instância da
Justiça Desportiva. Eles foram nomeados quando eram estudantes
de direito -Flávio ainda estuda.
A situação de Luiz Zveiter e de
seus colegas de magistratura é a
primeira a ser atacada no substitutivo do Estatuto do Desporto.
No artigo 195 do projeto, o texto
diz que o cargo de auditor é incompatível com o ""exercício da
magistratura ou do Ministério
Público". Zveiter é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio.
"No atual processo de moralização do futebol, a Justiça também
tem que ser reestruturada. As pessoas que têm função pública não
podem continuar na Justiça Desportiva. A Justiça Desportiva tem
que ser ocupada por pessoas que
se dediquem especialmente ao órgão", declarou Machado.
Luiz Zveiter está no cargo desde
2000. Antes, Sérgio Zveiter, seu irmão, presidiu o órgão.
O substitutivo de Machado
também quer acabar com uma
das maiores críticas dos opositores a era Zveiter: a participação de
familiares de auditores no STJD.
No artigo 197 do substitutivo, o
relator colocou que cônjuges e parentes "consanguíneos ou afins
até o segundo grau ou por adoção" não podem integrar o "mesmo Tribunal ou Comissão Disciplinar, ainda, órgãos de Justiça
Desportiva da mesma entidade".
Há cerca de três anos, o STJD
presidido por Luiz Zveiter nomeou Flávio Zveiter e Paulo César
Salomão Filho auditores da Comissão Disciplinar. Na época,
Zveiter alegou que os estudantes
tinham "notório conhecimento
jurídico-desportivo".
"O estatuto também quer acabar com o nepotismo na Justiça.
Casos como esses, não podem
acontecer. O tribunal não pode virar um cabide de emprego", disse
o deputado petista.
No projeto do deputado, também será pedida a criação do
Conselho Nacional de Justiça
Desportiva, órgão que terá como
objetivo fiscalizar o funcionamento dos tribunais no país.
"Se existe ouvidor para fiscalizar o cartola, a Justiça também
tem que ter. Esse órgão servirá para que não se cometa arbitrariedades contra os atletas. Eles julgam, mas também cometem, às
vezes, injustiça", disse Machado.
O STJD é o principal órgão da
Justiça Desportiva do país.
Anteontem, o tribunal rejeitou
as queixas protocoladas por Fluminense, Goiás e Ponte Preta contra o Santos, que escalou o meia
Jerri antes da publicação do seu
novo contrato no BID (Boletim
Informativo Diário) da CBF.
Na última semana, a Folha revelou que o Santos poderia perder
dez pontos no Brasileiro por ter
escalado o jogador em seis jogos.
O atual contrato do meia santista, que passou a valer dia 8 de julho, só foi publicado no BID em
29 de julho. Segundo o próprio
Departamento de Registros da
CBF, um atleta só fica apto a jogar
72 horas depois de sua documentação ter sido aprovada e publicada no boletim da confederação.
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