Pela primeira vez desde que a modalidade estreou na Olimpíada, em Atlanta-1996, mulheres do Brasil não conseguem ir ao pódio

DA ENVIADA A PEQUIM

Pela primeira vez desde que o vôlei de praia se tornou esporte olímpico, o Brasil não estará no pódio do torneio feminino.
Ontem, Renata e Talita foram derrotadas pelas chinesas Xue e Zhang Xi, por 2 sets a 0 (21/19 e 21/17), e perderam a medalha de bronze.
Desde Atlanta-1996, quando inauguraram o vôlei de praia olímpico com um ouro e uma prata, as brasileiras são assíduas freqüentadoras do pódio. Em Sydney-2000, conquistaram uma prata e um bronze. Em Atenas-2004, o país somou outro segundo lugar.
"Vamos ter boas recordações do que fizemos na China, na nossa campanha na Olimpíada. Mas vamos lembrar também que, no último passo, não conseguimos", afirmou Talita.
"Agora vamos começar a pensar em mais quatro anos de trabalho. A classificação olímpica está marcada para 2011, mas o trabalho começa para todas em 2009", completou.
A disputa da medalha de bronze aconteceu sob chuva e ventos fortes na capital chinesa, cenário muito diferente do calor sufocante que marcou a maior parte da competição.
"Não dá para falar que a chuva e o vento atrapalharam, porque, quando você entra na quadra, tem de jogar. Mas o espetáculo seria mais bonito com sol", afirmou Talita, 25.
A derrota da dupla foi um fim melancólico de uma campanha marcada pelo drama da principal parceria do Brasil e por decisões que comprometeram o bom desempenho das brasileiras nos Jogos de Pequim.
Juliana e Larissa, mais vitoriosa equipe do país atualmente, não conseguiu disputar a competição. Pouco mais de um mês antes da Olimpíada, Juliana sofreu uma contusão no joelho durante a etapa de Paris do Circuito Mundial. Diagnóstico: rompimento parcial do ligamento cruzado anterior.
Apesar de os médicos indicarem cirurgia, a jogadora se apoiou em alguns pareceres que diziam que ela teria chance de jogar se fizesse fisioterapia e usasse uma joelheira especial.
Juliana tentou, mas durante uma competição na Áustria, usada para testar suas condições, foi poupada dos mata-matas para não forçar o joelho.
Em Pequim, a jogadora desembarcou dizendo estar totalmente pronta para a competição. Durante os treinos, porém, sentiu dores, mas segurou a decisão de deixar os Jogos até o último momento. A atleta confirmou que não iria jogar apenas no último dia para a inscrição das duplas. De volta ao Brasil, teve o joelho operado.
Ana Paula foi chamada às pressas, viajou no mesmo dia e estreou sem adaptação ao fuso horário. Nunca havia atuado em jogo oficial com Larissa.
A parceria caiu nas quartas-de-final diante das norte-americanas Walsh e May, que também tiraram Renata e Talita da disputa pela medalha de ouro.
"Todo mundo só falava em Juliana e Larissa e, depois, em Larissa e Ana Paula. Nós, no nosso canto, corremos por fora e chegamos aonde ninguém acreditava. Não éramos favoritas e estamos entre as quatro. Só estou triste porque a gente teve a chance, sabia que podia, mas não conseguiu", afirmou Renata, 26. (ML)

7 DEFESAS
perfeitas ajudaram as chinesas a baterem as brasileiras, que defenderam apenas uma bola em todo o jogo que valia o bronze na arena de vôlei de praia. Renata também errou quatro saques. "Eu errei muito, sei que podia ter jogado melhor. A Talita jogou muito bem. Não estou assumindo a responsabilidade, mas sei que a gente podia ter apresentado muito mais", afirmou a camisa 1 da dupla que está junta desde 2005.


Texto Anterior: Ricardo e Emanuel disputam o bronze
Próximo Texto: Cielo se diz indeciso sobre ficar nos EUA
Índice