São Paulo, sexta-feira, 21 de agosto de 2009

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"Show" expõe atleta confiante e marqueteiro

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A câmera foca Usain Bolt. Ele cruza os braços, balança a cabeça, pede aplausos, faz pose, grita, pula. Um olho na câmera, outro no telão do Estádio Olímpico, que o saúda. Quanto mais a torcida vibra, mais ele faz gracinhas.
O comportamento do jamaicano antes da largada é incomum. Nessa hora, atletas costumam ser mais discretos, sisudos, demonstram certo nervosismo e buscam a concentração. Bolt não.
Para especialistas em psicologia esportiva, há duas características do corredor que saltam aos olhos e que talvez expliquem sua atuação: autoconfiança e marketing.
Bolt sabe que é o melhor do mundo em provas de velocidade e exibe isso. Enquanto reafirma sua força com um estilo "nem aí", joga pressão sobre os oponentes.
"Ele brinca na largada e durante a prova. Para isso, você tem de estar no controle. Ele sabe que sobra, e os rivais também sabem. Parece que disputam para ver quem será o segundo", diz a psicóloga do esporte Kátia Rúbio.
Bolt construiu uma imagem midiática e conquistou o público. Quando está na pista, não deixa espaço para mais ninguém aparecer.
"As pessoas esperam a prova não só para vê-lo correr, querem saber o que ele fará. Ele é muito teatral. E por trás há grande engrenagem de marketing", diz Márcia Pilla do Valle, especialista em psicologia do esporte.
O jamaicano estreou em Berlim com sapatilha laranja. A pose com os braços como se fossem raios já virou produto. No Mundial, não faltam torcedores com os "braços de Bolt" nas costas.
A estratégia de intimidação aos adversários e de marketing do jamaicano dá certo. E é preciso muita confiança para copiá-lo. "Se alguém se arriscar a fazer como ele e for mal, terá o resultado associado a isso", afirma Rúbio.


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