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"Show" expõe atleta confiante e marqueteiro
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A câmera foca Usain Bolt.
Ele cruza os braços, balança
a cabeça, pede aplausos, faz
pose, grita, pula. Um olho na
câmera, outro no telão do Estádio Olímpico, que o saúda.
Quanto mais a torcida vibra,
mais ele faz gracinhas.
O comportamento do jamaicano antes da largada é
incomum. Nessa hora, atletas costumam ser mais discretos, sisudos, demonstram
certo nervosismo e buscam a
concentração. Bolt não.
Para especialistas em psicologia esportiva, há duas características do corredor que
saltam aos olhos e que talvez
expliquem sua atuação: autoconfiança e marketing.
Bolt sabe que é o melhor
do mundo em provas de velocidade e exibe isso. Enquanto reafirma sua força
com um estilo "nem aí", joga
pressão sobre os oponentes.
"Ele brinca na largada e
durante a prova. Para isso,
você tem de estar no controle. Ele sabe que sobra, e os rivais também sabem. Parece
que disputam para ver quem
será o segundo", diz a psicóloga do esporte Kátia Rúbio.
Bolt construiu uma imagem midiática e conquistou o
público. Quando está na pista, não deixa espaço para
mais ninguém aparecer.
"As pessoas esperam a
prova não só para vê-lo correr, querem saber o que ele
fará. Ele é muito teatral. E
por trás há grande engrenagem de marketing", diz Márcia Pilla do Valle, especialista
em psicologia do esporte.
O jamaicano estreou em
Berlim com sapatilha laranja. A pose com os braços como se fossem raios já virou
produto. No Mundial, não
faltam torcedores com os
"braços de Bolt" nas costas.
A estratégia de intimidação aos adversários e de marketing do jamaicano dá certo. E é preciso muita confiança para copiá-lo. "Se alguém
se arriscar a fazer como ele e
for mal, terá o resultado associado a isso", afirma Rúbio.
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