São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2010

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RITA SIZA

Homens de carácter


Carlos Queiroz foi punido, e seu caso, como o de Anelka, expressa como se perde a cabeça no futebol


IMAGINO COMO os meus leitores brasileiros estão em pulgas para saber qual a sanção aplicada ao selecionador de Portugal, Carlos Queiroz, acusado pelo Conselho de Disciplina da Federação de Futebol de insultar os médicos da brigada antidopagem durante um estágio anterior à viagem da equipa para a Copa da África do Sul.
Pois bem, aqui fica a novidade fresquinha: o treinador português vai ser suspenso por um mês e vai pagar uma multa de 1.000.
Carlos Queiroz não vai poder assinar as convocatórias para os jogos de Portugal contra o Chipre e a Noruega, de qualificação para o Campeonato Europeu de 2012. Pode ser que a seleção perca, e a federação consiga fazer o que não conseguiu com este ridículo processo: alegar uma justa causa para despedir o técnico sem lhe pagar a (supõe-se) milionária indemnização prevista no seu contrato.
Carlos Queiroz pode sempre fazer como o avançado Nicolas Anelka, que descreveu a Federação de Futebol da França como "um bando de palhaços" depois de ter sido punido com 18 jogos de suspensão pelo comité disciplinar no âmbito do escândalo de insubordinação, insulto e palavrão no intervalo do jogo da França contra o México em Polokwane, na África do Sul.
"Aquele comité é uma aberração, e o inquérito que eles fizeram foi uma farsa, um disparate, uma tentativa ridícula de não perderem a face", criticou o craque, que nunca mais envergará a camiseta da equipa da França.
Os dois casos são totalmente diferentes -as atitudes do Anelka efetivamente perturbaram a atuação do time francês num jogo crucial, enquanto que o arrufo de Carlos Queiroz nem sequer impediu que as análises fossem recolhidas.
Os dois episódios apenas mostram como o mundo do futebol é habitado por personagens que facilmente perdem a cabeça e esquecem as regras do cavalheirismo.
Mas a verdade é que as seleções nacionais (ou os clubes) não têm de ser colégios de virtudes, ainda que os dirigentes gostem de dizer que, além de formar futebolistas, também estão a formar homens de carácter.

P.S. Para acabar ainda dentro do tema Copa do Mundo, achei muito boa a decisão do conselho consultivo do Dicionário de Oxford, guardião da língua inglesa, que decidiu incluir a palavra "vuvuzela" e a respectiva definição nas suas páginas. As gerações futuras vão gostar de saber o nome daquelas trombetas que celebrizaram o torneio na África do Sul.


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