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FUTEBOL
Pontos corridos e outros pontos
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Eurico Miranda, presidente do Vasco, disse à Folha que
"esse sistema [pontos corridos] é
feito sob medida para times pequenos, como o Atlético-PR". Primeiro, podemos discutir o que é
"time pequeno". O Atlético foi
campeão brasileiro há bem pouco
tempo -e no mata-mata, como
lembrou Mario Celso Petraglia. A
torcida pode ser bem menor que a
do Vasco, a história bem menos
recheada de glórias, mas um time
com um belo estádio, uma torcida
apaixonada e um punhado de
bons atletas é "pequeno" por quê?
Na prática, há dois tipos de times: os bons e os ruins. Os bons
podem assumir formas -uns encantam, e outros preferem a eficácia que é adjetivada como "de time pequeno", com postura cautelosa e prioridade para a defesa.
Esses às vezes chegam a ser campeões, não necessariamente nos
pontos corridos -que o digam
Once Caldas e Grécia. E o Santo
André, indiscutivelmente uma
equipe "pequena", com uma folha salarial incomparavelmente
menor que a do Vasco, faturou o
maior mata-mata do Brasil...
Não é obrigatório gostar de
pontos corridos. Entendo quem
prefere as fórmulas com oitavas e
quartas-de-final ou com uma final. Mas não concordo com teses
do tipo "é ruim para a TV", "é
bom para os times pequenos". A
não ser com uma delas: o torneio
longo é bom para quem tem talentos, estrutura e planejamento.
A queda do número de torcedores nos estádios não pode ser atribuída à formula de disputa. A
Copa do Brasil e os estaduais
também tiveram públicos ruins.
O torcedor não vai ao estádio por
medo da violência, por falta de
dinheiro, por aversão ao desconforto e por descrença no próprio
time. Quando se enamora de sua
equipe, ou quando toma a firme
decisão de apoiá-la, desconsidera
os motivos anteriores e vai -como está ocorrendo com a torcida
do Bahia, que está lotando a Fonte Nova e dando um espetáculo de
entusiasmo (se bem que na última rodada foi a do Náutico que
fez a festa). Aliás, se a Série A tivesse mais times do Nordeste, a
média de público seria maior. O
Fortaleza ajudou muito a aumentar os números em 2003.
Parreira tem razão quando diz
que é difícil tomar a bola de um
time como o da Colômbia -jogando de uma maneira que ele
defende, valorizando a posse de
bola e se arriscando pouco. Por isso, achei exagerados os protestos
de jogadores da seleção que condenaram o antijogo. O que você
faria se estivesse na lanterna e enfrentasse o Brasil aqui? Viria para
cima, na linha do "perdido por
um ..."? A Colômbia não foi violenta ou desleal, só foi cautelosa.
Como lembraram vários leitores,
o Brasil de Ronaldo e Ronaldinho
é que tem de se virar para superar
times fechados -com jogadas pelas pontas, tabelas, bolas paradas
(por que Alex não cobrou faltas e
escanteios?) ou lances individuais... Esse é o preço de sermos
campeões do mundo -"cada um
com seus problemas".
Espetáculo
E pensar que Mancini pensou
em pôr Adriano de castigo por
ter se atrasado na reapresentação... Contra a Udinese, nosso
tanque fez gol de falta e outro
em que driblou meio time, antes de 12 minutos de jogo! A ausência dele castigaria o time.
Triste espetáculo
Jogar com portões fechados seria uma boa forma de punir o
Atlético-MG pelo descontrole
de seus torcedores no Independência. Seria importante localizar os agressores para que fossem severamente punidos.
Quem saiu do estádio sem sapato deveria ser interpelado... E
teria de haver uma inspeção das
arquibancadas -não poderia
ser tão fácil arrancar pedaços
do chão (vai dizer que os torcedores levaram pedras de casa?).
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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