São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2005

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FUTEBOL

Eletricista corintiano é apontado como autor de tiro na estação Tatuapé

Polícia diz ter identificado assassino de palmeirense

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia identificou e indiciou ontem um torcedor corintiano apontado como o autor do disparo que matou o palmeirense Diogo Lima Borges, 23, da Mancha Alviverde, no último domingo, na estação Tatuapé de trem e metrô.
Seu nome é Rodrigo de Azevedo Lopes Fonseca. Eletricista, 21 anos, com passagem policial por lesões corporais, ele foi indiciado por crime de homicídio doloso qualificado por motivo fútil, com pena de 12 a 30 anos de reclusão.
Fonseca, que se apresentou à polícia à noite, estava entre os 54 detidos e liberados no dia da briga -ainda não estão prontos os exames que verificariam traços de pólvora nos torcedores. Ele foi interrogado das 20h às 22h45 e se negou a dar informações. Declarou que só falará em juízo.
Também foi indiciado ontem Felipe Augusto de Souza, 20, por tentativa de homicídio qualificado. Souza, que ostenta tatuagens de símbolos do Corinthians no corpo, depôs anteontem e, segundo a polícia, confessou ter sido contratado por outro corintiano - que está sendo procurado- para levar em sua Kombi paus, barras de ferro, bombas caseiras e rojões que serviriam como armas no duelo com os palmeirenses.
De acordo com o delegado Luiz Carlos do Carmo, titular da 5ª Seccional, os dois acusados não poderão ser presos agora por conta da lei que veta a prisão de qualquer pessoa cinco dias antes ou dois dias depois de uma eleição -exceção feita a flagrante. Depois de amanhã, há o referendo sobre a comercialização de armas.
"Se não tivesse essa coisa [o referendo], a polícia já teria prendido os dois", declarou o delegado.
Para Do Carmo, não restam dúvidas de que Fonseca foi o autor do disparo que matou o palmeirense. "As imagens mostram Rodrigo atirando. Há três testemunhas que o apontam como o autor do disparo. Além disso, fizemos uma recognição residuográfica [levantamento feito com croquis que permite reconstituir a trajetória da bala]", disse. Nem a bala nem a arma foram achadas.
O ponto inicial da investigação policial que levou ao nome de Fonseca foram as imagens gravadas pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Nas cenas gravadas, um homem de camiseta preta caminha pela plataforma de trem e atira entre duas placas publicitárias. Em seguida, coloca a arma na cintura e sai. Segundo a polícia, o mesmo homem também fez disparos na região das catracas, mas essas imagens não foram registradas.
Do Carmo declarou que a briga entre as duas torcidas rivais foi agendada pelo Orkut, site de relacionamentos da internet. Essa premeditação combinada e o número de envolvidos já levam o delegado a cogitar a caracterização dos indiciados em crime de formação de quadrilha, e não de rixa.
Anteontem, a polícia havia indiciado seis corintianos pela briga, dois por tentativa de homicídio -um palmeirense sofreu traumatismo- e quatro por rixa.


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