São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2010

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JUCA KFOURI

Ira organizada


Melhor seria vê-los diante dos palácios e comitês eleitorais, diante de tanta mentira e corrupção

CORRIA 1984, e Mário Sérgio havia sido denunciado em reportagem minha por ter atuado dopado mais vezes do que na partida em que fora pego, contra o São Paulo, pelo Campeonato Estadual e que punira o Palmeiras com a perda de pontos e da liderança do torneio.
Voltava de Campinas com o então fotógrafo, e hoje diretor da "Quatro Rodas", Sérgio Berezovsky, depois de o Guarani ter vencido o Palmeiras e o alijado do título, quando tivemos a má ideia de parar num posto da Petrobras (parabéns, aliás, à estatal por ter posto recursos nas mãos de Paula e Ana Moser, e não nas do COB, para incentivar o esporte educacional e alguns menos favorecidos, garantia, agora, de que o dinheiro chegará aos destinatários) para beber um refrigerante.
Nem bem pedimos, chegou um ônibus da palmeirense TUP. Imediatamente fomos cercados, e ouvi de um de seus membros: "Eu não quero saber se o meu time ganhou com gol de mão, em impedimento, ou se jogador jogou dopado. E, se fosse vocês, saía daqui já, porque vai parar um ônibus da Falange, o Zézinho tá maquinado e é capaz de te dar um teco".
Berê e eu não pagamos para ver, isto é, pagamos sem beber até o fim e pegamos a estrada.
Assim são os "organizados", capazes, como fez também certa vez a Gaviões da Fiel, de entoar em coro "ê, ê, ê, o Juca vai morrê", porque a "Placar" que eu dirigia tinha dado um título de matéria dizendo "A fiel verde está feliz", alusão à torcida palmeirense que era a de melhor presença nos estádios em 1989, apesar dos então já 12 anos de fila.
Não se vê tamanha indignação ou mobilização diante dos mensalões dos governantes ou das mentiras dos candidatos, ateus que vão à missa em busca de voto e mulheres que passaram pelo infortúnio de ter de fazer um aborto e que o criminalizam depois -será que não bastou um chileno, o goleiro Rojas, ter tentado enganar o Brasil?
Por mais que seja confortável imaginar que os ditos organizados possam representar os torcedores comuns, a verdade está longe disso.
Ou, então, é mentira, no caso corintiano, por exemplo, apenas o último clube a ter o seu espaço indevidamente invadido e com o beneplácito de seu cartola maior, que é a torcida que tem o clube, e não o contrário, como os demais.
Ou que para o corintiano vale mais ser corintiano do que ser campeão, o que explicaria o crescimento da torcida mesmo com 22 anos de jejum e aí por diante.

blogdojuca@uol.com.br


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