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Pelé chega aos 70 mais longe da bola
REI DO FUTEBOL
Diferentemente de outras estrelas,
ex-atleta some do esporte e vira só garoto-propaganda
PAULO COBOS
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE
Aos 70 anos, no papel hoje
e biologicamente no sábado,
Pelé "esqueceu" a bola.
Diferentemente da maioria esmagadora dos grandes
da história do futebol, o ex-camisa 10 do Santos e da
seleção é quem menos tem
contato com a redonda.
Ok. Ele continua ganhando muito dinheiro justamente por seu papel de garoto-
-propaganda, em alguns casos em eventos relacionados
ao futebol, como na Libertadores, onde tem breves aparições com um terno vermelho de discutível gosto.
Mas Pelé não é como Maradona, que gostou do gosto de
ser treinador e vive mendigando um emprego, inclusive na seleção argentina.
Nem é como Beckenbauer
e Platini, que viraram cartolas poderosos. Também não
lembra o português Eusébio,
que na última Copa era uma
espécie de motivador psicológico de sua seleção.
Virar comentarista, o caminho preferido de muitos
ex-craques, também não
atrai mais Pelé. Depois de
não empolgar em outras experiências, como na Copa de
1994, quando foi da equipe
da TV Globo, Pelé neste ano
só gravou programinhas de
um minuto para o SBT, que
nem tinha os direitos de
transmissão do evento.
O primeiro Mundial africano também foi colocado em
segundo plano pelo maior
atleta negro da história. Por
razões comerciais -Pelé tem
contrato com a Mastercard,
concorrente da Visa, que patrocina a CBF-, o ex-camisa
10 não foi visto nos principais eventos sul-africanos.
Até nas coisas mais simples de serem feitas Pelé tem
menos intimidade com a bola. Na geração anterior dos
meninos da Vila, Pelé era figura fácil em seu camarote
na Vila Belmiro. Agora, o ex-
-jogador pouco vai ao estádio
para ver o time de Neymar.
Questões da política esportiva são outro ponto em
que Pelé não age mais como
antes -ele foi ministro do Esporte no governo FHC (1995-1998), quando elaborou a lei
que leva seu nome. Recentemente, a Lei Pelé foi alterada
no Congresso, mas a reação
de seu idealizador esteve longe de ser agressiva.
Quando o Brasil foi eleito
para sediar a Copa-2014, em
2007, a CBF anunciou com
pompa que Pelé seria uma
espécie de embaixador da organização, até com a possibilidade de remuneração.
Três anos depois, a falta de
sintonia é constrangedora.
Recentemente, a CBF disse
que não encontrou o Rei para
entregar um convite.
Pelé ainda deu o bolo na
CBF em outro evento mais
boleiro. No primeiro amistoso da era Mano Menezes, em
Nova Jersey, ligou para a entidade dizendo que gostaria
de visitar o time no hotel. Vários horários foram marcados, mas ele não apareceu.
Até na celebração de seus
70 anos Pelé pouco vai aparecer ao vivo. Segundo sua assessoria, o ex-camisa 10 recusou todos os pedidos de entrevista e viajará em breve
para o exterior para cumprir
compromissos comerciais.
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