São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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falta alguém

Sem miolo, seleção se irrita e irrita

Com esquema desprovido de meias tradicionais, time pega hoje Uruguai para recuperar bom futebol nas eliminatórias

Vágner Love diz que a bola não chega ao ataque, Juan pede ajuda dos atacantes na marcação, e Kaká quer dividir a responsabilidade


PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um hiato nas posições do futebol atormenta a seleção brasileira, que hoje, no Morumbi, às 21h45, enfrenta o Uruguai pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2010.
O time de Dunga tem laterais, zagueiros e volantes, mas pula os meias até chegar aos jogadores ofensivos.
Com essa formação e os jogos de ontem, o time ocupa apenas no quinto posto nas eliminatórias, com só uma vitória em três jogos. Foram duas atuações ruins, nos empates com Colômbia e Peru, e uma goleada, contra o Equador, que teve o brilho individual como motor.
Assim, sobra irritação para os dois extremos da seleção.
"Qualquer um que entende de futebol vê que a bola não está chegando", diz o atacante Vágner Love, que marcou só uma vez nestas eliminatórias.
"Gol de rebote não é só culpa do volante. Naquele lance, estava todo mundo na área defendendo. Faltou alguém no rebote", disse o zagueiro Juan, criticando a falta de um homem ofensivo na marcação na hora do gol do Peru no domingo. Os astros não vestem a carapuça. "Nas bolas paradas, não sou alto, então fico no ataque. Infelizmente, tomamos o gol", falou Robinho. "Não tem essa de quatro do ataque ou da defesa. Somos um time", disse Kaká.
Junto com Ronaldinho (ambos meia-atacantes), ele tenta fazer a missão dos meias tradicionais e marcar, como cobra o técnico Dunga. Mas até agora não tiveram êxito no torneio.
O Brasil vem sendo pressionado. Segundo o Datafolha, a média de finalizações sofridas pela equipe está acima de dez por partida. A criação de jogadas por meio de tabelas e assistências é um suplício, como mostra o perfil dos seis gols do time nas eliminatórias. Os três de Kaká foram em chutes de fora da área, assim como o de Ronaldinho contra o Equador.
Dunga escala sua equipe com dois volantes especialistas na marcação (Mineiro e Gilberto Silva). Nenhum deles já exerceu a função de meia, o que diferencia bastante a dupla de Zé Roberto, que fazia esse papel no time de Carlos Alberto Parreira, que acabou fracassando na Copa-06, mas teve momentos de brilho na Copa das Confederações-05 e em boa parte do classificatório ao Mundial.
Quando entra, Elano faz papel parecido ao daquele de Zé Roberto. "Faço o triângulo no meio com Mineiro e Gilberto, com o Kaká mais à frente", disse o meia do Manchester City.
Depois da rodada de hoje, as eliminatórias param por um longo período. As próximas partidas só acontecem em junho, quando o Brasil enfrenta o Paraguai, em Assunção, e a Argentina, em Buenos Aires.


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