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falta alguém
Sem miolo, seleção se irrita e irrita
Com esquema desprovido de meias tradicionais, time pega hoje Uruguai para recuperar bom futebol nas eliminatórias
Vágner Love diz que a bola não chega ao ataque, Juan pede ajuda dos atacantes na marcação, e Kaká quer dividir a responsabilidade
PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um hiato nas posições do futebol atormenta a seleção brasileira, que hoje, no Morumbi,
às 21h45, enfrenta o Uruguai
pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2010.
O time de Dunga tem laterais, zagueiros e volantes, mas
pula os meias até chegar aos jogadores ofensivos.
Com essa formação e os jogos
de ontem, o time ocupa apenas
no quinto posto nas eliminatórias, com só uma vitória em três
jogos. Foram duas atuações
ruins, nos empates com Colômbia e Peru, e uma goleada,
contra o Equador, que teve o
brilho individual como motor.
Assim, sobra irritação para os
dois extremos da seleção.
"Qualquer um que entende
de futebol vê que a bola não está chegando", diz o atacante
Vágner Love, que marcou só
uma vez nestas eliminatórias.
"Gol de rebote não é só culpa
do volante. Naquele lance, estava todo mundo na área defendendo. Faltou alguém no rebote", disse o zagueiro Juan, criticando a falta de um homem
ofensivo na marcação na hora
do gol do Peru no domingo. Os
astros não vestem a carapuça.
"Nas bolas paradas, não sou alto, então fico no ataque. Infelizmente, tomamos o gol", falou
Robinho. "Não tem essa de
quatro do ataque ou da defesa.
Somos um time", disse Kaká.
Junto com Ronaldinho (ambos meia-atacantes), ele tenta
fazer a missão dos meias tradicionais e marcar, como cobra o
técnico Dunga. Mas até agora
não tiveram êxito no torneio.
O Brasil vem sendo pressionado. Segundo o Datafolha, a
média de finalizações sofridas
pela equipe está acima de dez
por partida. A criação de jogadas por meio de tabelas e assistências é um suplício, como
mostra o perfil dos seis gols do
time nas eliminatórias. Os três
de Kaká foram em chutes de fora da área, assim como o de Ronaldinho contra o Equador.
Dunga escala sua equipe com
dois volantes especialistas na
marcação (Mineiro e Gilberto
Silva). Nenhum deles já exerceu a função de meia, o que diferencia bastante a dupla de Zé
Roberto, que fazia esse papel
no time de Carlos Alberto Parreira, que acabou fracassando
na Copa-06, mas teve momentos de brilho na Copa das Confederações-05 e em boa parte
do classificatório ao Mundial.
Quando entra, Elano faz papel parecido ao daquele de Zé
Roberto. "Faço o triângulo no
meio com Mineiro e Gilberto,
com o Kaká mais à frente", disse o meia do Manchester City.
Depois da rodada de hoje, as
eliminatórias param por um
longo período. As próximas
partidas só acontecem em junho, quando o Brasil enfrenta o
Paraguai, em Assunção, e a Argentina, em Buenos Aires.
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