São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

PAULO VINICIUS COELHO

Profissionalismo já


Sandro Meira Ricci está fora do Brasil neste fim de semana. Não está afastado. Está trabalhando


A COMISSÃO DE arbitragem é menos condescendente na avaliação de Héber Roberto Lopes, no jogo Fluminense 2 x 0 Grêmio, pela 32ª rodada, do que foi com Sandro Meira Ricci, no Corinthians 1 x 0 Cruzeiro, na semana passada. Sérgio Corrêa diz que Ricci apitou todos os lances segundo os vídeos da Fifa. E marcou bem o pênalti que, para ele, existiu: "Foi muito pênalti", disse.
No Fluminense 2 x 0 Grêmio, Héber Roberto Lopes não marcou pênalti numa entrada de Leandro Eusébio em Jonas, dentro da área do Flu. O parecer da comissão: Héber errou.
Você já ouviu todos os tipos de comentário, sobre o acerto (acho que errou) de Ricci e sobre o erro (acho que acertou) de Héber. Zezé Perrella chamou Ricci de picareta. O técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, afirmou: "Ser campeão assim é mole!"."
A suspeita é legítima num país que não prendeu Edílson Pereira de Carvalho. Na Itália, a direção do Palermo referiu-se de forma taxativa à marcação de um pênalti a favor do Milan, transformado em gol por Ibrahimovic: "Estamos pior do que no Calciopoli", o escândalo da manipulação das escalas de arbitragem que rebaixou a Juventus, em 2006. Na Inglaterra, a revista "FourFourTwo" publicou pesquisa que indica que 57% dos torcedores acreditam na legitimidade dos resultados em campo. Lá, há queixas da arbitragem. Não suspeitas.
Mas, quando você reclamar dos erros desta 35ª rodada, tente pensar sob outra ótica. Em uma palestra, no dia 5 de novembro, Carlos Eugênio Simon contou sua rotina antes de apitar o clássico São Paulo 0 x 2 Corinthians. Deu uma corridinha na segunda-feira, viajou para Ibaqué, na Colômbia, apitou Tolima 2 x 2 Independiente, na quarta, voltou ao Brasil, deu palestra na sexta e foi ao Morumbi domingo.
Enquanto os jogadores, aos 25 anos, treinavam a semana inteira para jogar contra onze adversários, o árbitro, aos 45, não se preparou e enfrentou 22 câmeras. Simon não errou.
Se apitar quatro partidas por mês, receberá R$ 8.000. Ele complementa sua renda com palestras. Outros, como Sandro Ricci, completam o salário com outro emprego. Por causa dele, Ricci está fora do Brasil neste fim de semana. Não está afastado nem vai apitar. Está trabalhando.
Quando voltar de sua viagem de negócios, na última rodada, o certo é não escalá-lo. Pode ser impossível. Se errar, depois de duas semanas sem treino, o veredicto estará pronto: ladrão! Ao menos, ninguém poderá chamá-lo de ladrão profissional.

pvc@uol.com.br


Texto Anterior: Cruzeiro: Com Montillo, mineiros tentam driblar a má fase contra o Vasco
Próximo Texto: São Paulo desafia torcida por dignidade e sonho
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.