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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Punições mais duras

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

As pessoas que elaboraram o novo Código Brasileiro de Justiça Desportiva sugeriram aumento das multas e punições aos clubes que escalarem jogadores irregulares e aos atletas infratores e violentos.
Deve terminar a transferência de pontos para o time perdedor. Os técnicos suspensos não poderão dirigir os seus times lá de cima por meios eletrônicos. Como é hoje, é mais um prêmio do que punição. Concordo com todas essas medidas.
Há muita violência e excesso de faltas no futebol brasileiro, embora muitas sejam incorretamente apontadas. Sempre que existe uma disputa normal pela bola e cai um jogador, os árbitros marcam faltas.
Foi sugerido também pelo novo código que o agressor seja suspenso, no mínimo, pelo mesmo tempo em que o agredido ficar parado por causa dessa agressão. É uma medida que parece justa, politicamente correta, inovadora. Vai agradar à maioria, mas é impraticável.
Independentemente da intenção ou não de acertar o adversário, o jogador que comete uma falta violenta deve ser punido com rigor, para aprender a controlar os seus impulsos agressivos e a ser menos imprudente.
Porém, na maioria das vezes, a falta violenta não foi planejada. Numa fração de segundos, o atleta perde o controle e atinge o outro. Na emoção de um jogo, o impulso é mais forte do que a razão. Além disso, em qualquer disputa de bola o atleta corre risco de ter uma grave contusão.
Nas poucas vezes em que existe clara intenção de "quebrar" o adversário, o agressor tem de ser expulso, algemado e ser suspenso por um tempo maior do que a inatividade do agredido.
E para isso acontecer não é preciso mudar a lei.
Repito, é muito difícil separar a agressão intencional de uma falta violenta involuntária ou de uma grave contusão que aconteceu por acaso numa disputa de bola.
Dessa maneira corre-se o risco de serem cometidas grandes injustiças. A Justiça esportiva não pode ser mais realista do que a realidade.

Não vale R$ 15
Os clubes aumentaram o preço dos ingressos do próximo Campeonato Brasileiro de R$ 10 para R$ 15 e será proibida qualquer redução de preço. Partidas de menor qualidade deveriam custar mais barato.
Mesmo se houvesse grandes reformas nos estádios, discordaria desse aumento porque a maioria dos torcedores não tem condição de pagar esse preço.
Aumentar o ingresso para R$ 15 sem melhorar bastante os estádios é um desrespeito aos mais pobres, uma picaretagem e um engano comercial.
Dessa forma, diminuirá o número de todos os torcedores, já que nem os que são endinheirados vão pagar esse preço para frequentar estádios desconfortáveis e sujos.
É também muito caro o preço de R$ 15 para assistir a tantos jogos ruins, com pouquíssimos craques em campo.

Conceito ultrapassado
Cuca, revelação do Campeonato Brasileiro e novo treinador do São Paulo, numa entrevista ao repórter Eduardo Arruda, da Folha, respondeu sobre a melhor maneira para se conquistar a Taça Libertadores: "Os gringos [argentinos] provocam, puxam cabelo, xingam, nos desestabilizam. Caímos nessa armadilha e somos derrotados. Temos de ser como os gringos, porque na bola somos melhores".
Essa preocupação excessiva com a catimba dos argentinos é um conceito ultrapassado.
Nos últimos anos, enquanto os times brasileiros só falam de catimba, esquecem de jogar, entram no campo para dar pontapés e querem ser mais espertos do que eles, os gringos jogam e vencem.

Seleção pré-olímpica
Qual será a zaga titular da seleção pré-olímpica?
Luisão e Alex formaram uma ótima dupla na Copa Ouro. Edu Dracena é um excelente zagueiro. Os três já são melhores do que os zagueiros da seleção principal, mas Carlos Alberto Parreira não quer "pular etapas".
É uma conduta sensata e prudente, já que está longe o Mundial, mas conservadora.
Nesse torneio decisivo, a seleção pré-olímpica deve ficar sem dois jogadores importantes: Kaká, que o Milan não quer ceder, e o centroavante Adriano, do Parma, contundido.

E-mail: tostao.folha@uol.com.br




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