São Paulo, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

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Natação de 2010 se volta para os antigos recordes

Com fim da era dos supermaiôs, tempos feitos até 2007 devem nortear atletas

Na avaliação de treinadores e nadadores, haverá um hiato de ao menos dois anos para que os desempenhos atinjam os patamares atuais

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O calendário marcará 2010, mas quem olhar para as piscinas no ano que vem verá um cenário que remete a 2007.
Com o fim dos supermaiôs, que estarão proibidos, a natação entrará em uma realidade ainda incerta, época de adaptações e esperas mais longas por recordes. Deve voltar seus olhos para marcas antigas, tempos ainda dominados por lendas como Alexander Popov.
Desde 2008, com o advento do LZR Racer, primeira coqueluche dos trajes tecnológicos, mais de 250 marcas foram superadas, uma profusão jamais vista na história da natação.
"Minha referência serão os tempos de 2007 e as competições que fiz antes da Olimpíada, com maiô permeável. [Os tempos] não eram nada bons", disse Cesar Cielo, atual recordista mundial dos 50 m (20s91) e dos 100 m livre (46s91).
"Sei que minhas marcas são os recordes oficiais, mas, se fizer 21s5, terá um gostinho especial", completou o nadador, referindo-se à oportunidade de superar o antigo melhor tempo dos 50 m (21s64), que data de 2000, quando o russo Popov nadou de sunga e sem touca.
Em 2010, os nadadores poderão no máximo usar bermudas. As mulheres têm a opção de nadar de macaquinhos, que cobrem até os joelhos.
A melhor marca de Cielo nos 50 m livre sem os supermaiôs é de 21s75, atingida antes da Olimpíada de 2008. O velocista brasileiro vestia um traje que cobria todo o corpo, feito, porém, de material permeável.
Popov esperou mais de dez anos para superar Tom Jager (EUA) e estabelecer seu recorde em 2000, tempo assombroso à época. Na nova realidade da natação, a velocidade de quebras dos recordes se tornou muito maior. De fevereiro de 2008, com os 21s56 do australiano Eamon Sullivan, para cá, o tempo foi batido cinco vezes.
Na prova feminina, a holandesa Inge de Brujin viu seus 24s13 de 2000 serem superados quatro vezes em menos de dois anos. A marca hoje é de 23s73, da alemã Britta Steffen.
O mesmo aconteceu na disputa mais nobre da natação. Os 46s91 de Cielo eram impensáveis há dez anos, quando o holandês Pieter van den Hoogenband nadou os 100 m em 47s84.
Desde então, aconteceram seis quebras, todas entre março de 2008 e julho de 2009.
Essa realidade deverá ser bem diferente a partir da próxima temporada. Treinadores e atletas calculam pelo menos dois anos para os tempos voltarem aos patamares atuais.
"Vamos ter de esperar por parâmetros internacionais. O Cielo pode nadar em 22s e achar horrível. Mas, se vir o Alain Bernard [campeão olímpico] fazendo 23s, vai entender que a marca é boa", afirmou o técnico Alberto Pinto, do Pinheiros. "O mais difícil será trabalhar o psicológico dos atletas, fazê-los entender a nova realidade. Alguns podem não lidar bem com os novos tempos."
Ontem, com o fim do Open, a natação brasileira encerrou sua temporada de supermaiôs.

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