|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Natação de 2010 se volta para os antigos recordes
Com fim da era dos supermaiôs, tempos feitos até 2007 devem nortear atletas
Na avaliação de treinadores e nadadores, haverá um hiato de ao menos dois anos para que os desempenhos atinjam os patamares atuais
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O calendário marcará 2010,
mas quem olhar para as piscinas no ano que vem verá um cenário que remete a 2007.
Com o fim dos supermaiôs,
que estarão proibidos, a natação entrará em uma realidade
ainda incerta, época de adaptações e esperas mais longas por
recordes. Deve voltar seus
olhos para marcas antigas, tempos ainda dominados por lendas como Alexander Popov.
Desde 2008, com o advento
do LZR Racer, primeira coqueluche dos trajes tecnológicos,
mais de 250 marcas foram superadas, uma profusão jamais
vista na história da natação.
"Minha referência serão os
tempos de 2007 e as competições que fiz antes da Olimpíada, com maiô permeável. [Os
tempos] não eram nada bons",
disse Cesar Cielo, atual recordista mundial dos 50 m (20s91)
e dos 100 m livre (46s91).
"Sei que minhas marcas são
os recordes oficiais, mas, se fizer 21s5, terá um gostinho especial", completou o nadador,
referindo-se à oportunidade de
superar o antigo melhor tempo
dos 50 m (21s64), que data de
2000, quando o russo Popov
nadou de sunga e sem touca.
Em 2010, os nadadores poderão no máximo usar bermudas.
As mulheres têm a opção de nadar de macaquinhos, que cobrem até os joelhos.
A melhor marca de Cielo nos
50 m livre sem os supermaiôs é
de 21s75, atingida antes da
Olimpíada de 2008. O velocista
brasileiro vestia um traje que
cobria todo o corpo, feito, porém, de material permeável.
Popov esperou mais de dez
anos para superar Tom Jager
(EUA) e estabelecer seu recorde em 2000, tempo assombroso à época. Na nova realidade
da natação, a velocidade de
quebras dos recordes se tornou
muito maior. De fevereiro de
2008, com os 21s56 do australiano Eamon Sullivan, para cá,
o tempo foi batido cinco vezes.
Na prova feminina, a holandesa Inge de Brujin viu seus
24s13 de 2000 serem superados quatro vezes em menos de
dois anos. A marca hoje é de
23s73, da alemã Britta Steffen.
O mesmo aconteceu na disputa mais nobre da natação. Os
46s91 de Cielo eram impensáveis há dez anos, quando o holandês Pieter van den Hoogenband nadou os 100 m em 47s84.
Desde então, aconteceram
seis quebras, todas entre março
de 2008 e julho de 2009.
Essa realidade deverá ser
bem diferente a partir da próxima temporada. Treinadores e
atletas calculam pelo menos
dois anos para os tempos voltarem aos patamares atuais.
"Vamos ter de esperar por
parâmetros internacionais. O
Cielo pode nadar em 22s e
achar horrível. Mas, se vir o
Alain Bernard [campeão olímpico] fazendo 23s, vai entender
que a marca é boa", afirmou o
técnico Alberto Pinto, do Pinheiros. "O mais difícil será trabalhar o psicológico dos atletas,
fazê-los entender a nova realidade. Alguns podem não lidar
bem com os novos tempos."
Ontem, com o fim do Open, a
natação brasileira encerrou sua
temporada de supermaiôs.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Seminudez é desafio para mais jovens Índice
|