Argentina encerra série histórica do país e deixa time de Gomes na lanterna do Pré-Olímpico

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A VALPARAÍSO

A Argentina está aliviada, e a pressão está toda agora do lado do Brasil. No maior clássico sul-americano, na abertura do quadrangular final do Pré-Olímpico do Chile, os argentinos venceram por 1 a 0, se aproximaram de uma vaga em Atenas e deixaram os brasileiros em situação delicada.
A seleção brasileira, que perdeu várias chances, pode estar eliminada já amanhã, caso perca do Chile e paraguaios e argentinos empatem na abertura da rodada.
O fracasso de ontem significou o desperdício de uma longa invencibilidade. O Brasil, que ao final da rodada ficou com a lanterna do quadrangular, não perdia em classificatórios para Olimpíadas desde o qualificatório para os Jogos de Barcelona, em 1992. Desde então foram 20 partidas sem derrotas para sul-americanos.
O placar do jogo de Valparaíso deixa o técnico brasileiro Ricardo Gomes em situação ainda mais delicada. O resultado diante dos argentinos evidencia ainda a crise técnica do time nacional, criticado até pelos cartolas da CBF.
Já o argentino Marcelo Bielsa ganha fôlego para seguir no cargo.
O desfecho do jogo foi atípico para a seleção brasileira. Foi a primeira vez em seis partidas no Chile que o time não marcou gols.
As mudanças promovidas pelo técnico Ricardo Gomes, que sacou Paulo Almeida, Elano e Dagoberto para dar lugar a Dudu Cearense, Daniel Carvalho e Marcel, deram certo no início.
Com Daniel Carvalho e Robinho se movimentando por todo o ataque, o Brasil, que recebia o apoio da torcida chilena, criava e acuava a Argentina. Aos 4min, Marcel dominou no peito e chutou cruzado, mas a bola passou por cima da trave. Seis minutos depois, Daniel Carvalho foi até a linha do fundo, pelo lado esquerdo, e cruzou na medida para Robinho, que cabeceou para fora.
A pressão brasileira só não era maior pela tática do rival de parar o jogo com seguidas faltas.
Mas, com o passar do tempo e o astro Tevez voltando para buscar o jogo na intermediária, a Argentina equilibrou o confronto a partir da metade do primeiro tempo.
Com uma mudança antes dos 30min, colocou o defensor Clemente Rodríguez no posto do volante Mascherano, o técnico Bielsa viu a situação de seu time melhorar um pouco mais. Aos 33min, como o goleiro Gomes batido, o próprio Clemente perdeu boa chance de abrir o placar.
A penúltima oportunidade do primeiro tempo foi do Brasil. Aos 44min, Dudu Cearense, que marcou o gol da vitória brasileira diante da Argentina no último Mundial sub-20, entrou livre na área, mas chutou sobre o goleiro Caballero. Nos acréscimos da etapa, Tevez ainda exigiu defesa de Gomes em chute rasteiro.
"Começamos bem, mas depois eles equilibraram", disse Ricardo Gomes na saída para o intervalo.
Na volta para o segundo tempo, com as mesmas formações, novamente o Brasil começou melhor. Logo aos 4min, Marcel não passou pelo goleiro rival, na maior oportunidade do jogo até então.
O lance deu início a uma sucessão de finalizações dos dois lados. A Argentina falhava nas finalizações, e o Brasil parava nas defesas de Caballero, do Boca Juniors.
Aos 24min, Ricardo Gomes tirou Robinho, titular em todos os jogos, e colocou Elano. A troca deu poucos resultados. O Brasil diminuiu seu ritmo e viu a Argentina crescer em campo.
E o castigo chegou logo. Aos 33min, Ferreyra bateu falta pela direita. Na entrada da pequena área, o zagueiro Rodríguez subiu e desviou levemente a bola para marcar o único gol do jogo.
No desespero, Ricardo Gomes colocou Nilmar e Maxwell, mas, desarrumado, o Brasil não conseguiu o empate e ainda correu risco de sofrer mais gols.
Na abertura do quadrangular, um resultado surpreendente. Depois de terminar a fase inicial invicto, o anfitrião Chile, com o presidente do país, Ricardo Lagos, na platéia, perdeu, de virada, para o Paraguai por 2 a 1.


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