São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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TÊNIS

Majestade

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

As novas gerações talvez ignorem, só saibam e queiram falar de Roger Federer hoje, mas um dos tenistas prediletos de todas as idades atende pelo americaníssimo nome de John Patrick McEnroe Jr.
O pequeno Junior nasceu bem longe dos EUA -e pouca gente sabe disso. Seu pai, oficial da Força Aérea, servia em uma base jerto de Wiesbaden, e o menino nasceu na Alemanha. Só com um ano foi para "casa", Nova York, onde viria a brilhar mais tarde.
McEnroe apareceu para o tênis quando tinha 18 anos. Sem ranking, entrou pelo qualifying, passou e, de cara, chegou às semifinais de Wimbledon. Caiu diante de Jimmy Connors, que perderia para Bjorn Borg.
E, se agora nos habituamos a tenistas que surgem do nada, estouram e somem, McEnroe apareceu de surpresa e ficou -para sempre. Durante toda uma época, em vez de se falar de um só tenista, tal qual o jovem leitor fala só de Federer hoje, falava-se de Mc- Enroe, mais Connors, mais Borg.
As gerações mais experientes lembrarão: Borg era o tenista calculista, frio, sueco apelidado de "Ice Borg". Connors era o americano turrão. Em quadra, recusava-se a aceitar a derrota. Disputava cada ponto como se fosse match point. Fora de quadra, irritava dirigentes e patrocinadores com decisões polêmicas -detestava eventos promocionais, ignorava torneios importantes etc.
Mas McEnroe era o predileto das multidões. Genioso, andava sempre com cara de mau. Irritado, voltava à cadeira e usava a raquete como bastão de beisebol para atirar longe os copos de água ali deixados. Entre pontos, colava sua boca à orelha do juiz de linha e gritava: "Você é cego?".
Parava os jogos para reclamar com o juiz de cadeira. Contestava tudo. Uma frase ficou famosa pelo tanto que saía de sua boca em direção aos árbitros: "Você não pode estar falando sério!".
McEnroe venceu seu primeiro Grand Slam em 1979, em Nova York. No ano seguinte, chegou ao topo do ranking. Também em 1980, fez o que muitos classificam como a maior partida da história de Wimbledon: uma final em cinco sets contra Borg -acabou derrotado em 8/6 no último set.
Foram no total sete Grand Slams -quatro no Aberto dos EUA, três em Wimbledon. Contra Borg, aliás, ganhou sete jogos e perdeu outros sete. De Connors, ganhou 20 jogos e perdeu 14. McEnroe também conquistou 39 vitórias para os EUA na Copa Davis -foram quatro títulos.
Pois na semana passada, aos 47 anos, o canhoto McEnroe voltou ao circuito profissional para disputar o torneio de duplas em San Jose, ao lado de outro sueco, Jonas Bjorkman. Um McEnroe diferente e de cabelos brancos sorria o tempo todo -cadê o sujeito carrancudo, bocudo e violento?
"Big Mac" sacou com muito spin, "smashou" com sua classe habitual e festejou cada ponto. Na última bola, com um voleio de backhand, característica que as gerações anteriores não tiram da cabeça, McEnroe fechou o jogo e ganhou mais um título.
Hoje, Federer é rei. E McEnroe segue sendo majestade.

Brasil Open
Sem Guillermo Coria e Carlos Moyá, o torneio perde bastante brilho. Mas Ricardo Mello parece superar a fase ruim. Alguma aposta?
Credicard MasterCard Junior's Cup Rafael Garcia, Natasha Lotuffo (18 anos), Fabricio Neis, Luiza Sonervig (16), Augusto Laranja, Isadora Busch (14), Higor Silva e Mariana Bufara (12) venceram a etapa de abertura, em Ribeirão Preto.

Aula especial
Marcelo Meyer, ex-treinador de Fernando Meligeni, Andréa Vieira e Cássio Motta, lança um DVD com dicas de tênis. "DVD Tênis com Marcelo Meyer - Táticas e Estratégias" estará à venda no www.meyertennis.com.br e pelos tels. 11-4702-6097 e 11-4702-5249, a R$ 50.

E-mail reandaku@uol.com.br


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