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FUTEBOL
Estilos diferentes e eficientes
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Apesar do mau estado do
gramado, por causa do inverno e das chuvas, Chelsea e Barcelona devem fazer hoje em Londres uma belíssima partida. Os
dois jogos pela Copa dos Campeões do ano passado estão entre
as melhores partidas dos últimos
tempos.
Embora tenham desenhos táticos quase idênticos, Chelsea e
Barcelona são brilhantes representantes de dois estilos diferentes
e eficientes.
De um lado, o futebol mais ousado, criativo, habilidoso, de toque de bola, dribles e também organizado do Barcelona. Do outro,
o estilo mais pragmático, equilibrado, previsível, prudente e também inteligente do Chelsea.
As duas equipes atuam no antigo 4-3-3. Quando o Chelsea perde
a bola, os dois atacantes pelos lados recuam e marcam. Quando
recupera a bola, os dois "pontas"
e mais dois dos três armadores se
juntam ao centroavante. O Chelsea ataca e defende com muitos
jogadores, sonho de todos os treinadores.
Já o Barcelona marca mais à
frente, troca muitos passes no
campo adversário, avança com os
dois laterais e dois armadores,
além dos três atacantes. Em compensação, deixa muitos espaços
para os lançamentos longos nas
costas dos defensores. O Chelsea
aproveitou muito disso nos dois
jogos do ano passado.
O Barcelona deveria correr hoje
menos riscos. Um empate e até
uma derrota por um gol de diferença são bons resultados, ainda
mais se fizer um gol. Como o
Chelsea tem apenas um atacante
fixo pelo meio, não adianta recuar o volante Edmilson para a
zaga. Seria melhor a defesa marcar mais atrás, para diminuir os
espaços nas costas dos zagueiros,
e segurar mais os laterais.
Será um jogo equilibrado. Vou
torcer para o Barcelona, que joga
mais bonito.
Papo com o mestre
Com freqüência, alguém diz que
no passado os jogadores tinham
mais espaço para jogar. É verdade. Mas isso era bom somente para os craques. Os medianos, com
mais espaço, não podiam esconder suas limitações. Grosso era
grosso. Não enganavam como
agora.
Nesses dias, conversei com o
mestre Armando Nogueira. Concordamos que alguns brilhantes
jogadores atuais, porém frágeis fisicamente e menos aguerridos,
como Roger, Alex e outros, jogam
menos do que poderiam, por causa da dura marcação e da falta de
espaço.
Ronaldinho Gaúcho é o craque
que é hoje porque, além de ser
bem dotado fisicamente e ter um
extraordinário talento, aprendeu
a jogar contra marcadores o empurrando e chutando seus tornozelos. Ronaldinho ignora e/ou engana os brucutus e não deixa que
eles estraguem a sua festa.
Pior do que era
Depois de Petkovic, as grandes
virtudes do Fluminense no ano
passado eram o avanço de Gabriel e Juan e o talento de Arouca.
O Flu trocou os dois alas por dois
laterais medianos, e o substituto
de Arouca, Rogério, não tem a
mesma qualidade.
Nas outras posições, o clube não
contratou jogadores melhores do
que tinha, com exceção do goleiro
Diego. O habilidoso, irregular e
frágil Pedrinho é mais famoso,
mas não é mais eficiente do que o
regular e esforçado Leandro. O
técnico do ano passado também
era superior ao que acabou de
sair e ao que entrou.
Onipotência da imagem
A excessiva tolerância dos árbitros brasileiros com a violência e
os seus graves erros na marcação
de impedimentos e de pênaltis,
como o não marcado a favor do
América contra o Botafogo na final da Taça Guanabara, acontecem com a mesma freqüência em
todo o mundo.
Os árbitros brasileiros são muito piores do que os europeus somente na excessiva marcação de
faltas. Basta o jogador cair para o
árbitro marcar a infração.
Os programas de televisão deveriam discutir mais os erros dos árbitros que podem ser corrigidos.
Mas os comentaristas de arbitragem falam muito mais sobre coisas raras e inúteis e sobre as falhas que somente são vistas pelas
mil câmeras e pelo tira-teima. Essas não são falhas. São limitações
humanas, que não vão diminuir.
Essas discussões servem muito
mais para valorizar a tecnologia
da televisão e para vender a idéia
de que é preciso assistir à TV Globo para saber realmente o que
aconteceu.
É a onipotência da imagem.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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