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RIO DE JANEIRO
Marchinhas dão vida a hinos esquecidos de times do Estado
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Autor dos mais famosos
hinos do futebol do Rio, Lamartine Babo (1904-1963)
compôs também uma série
de marchas esquecidas de times pequenos do Estado.
São Cristóvão, Bonsucesso, Madureira, Olaria, Bangu
e até o desaparecido Canto
do Rio, de Niterói, ganharam
hinos de um dos mais notáveis nomes do Carnaval.
As músicas praticamente
perdidas pelo tempo foram
resgatadas pelo músico e
pesquisador Alfredo Del-Penho. E podem ser ouvidas no
site da Folha Online (www.folha.com.br/070481).
Os hinos dos clubes nanicos são preciosidades e crônicas do Rio antigo. O do
Bangu, por exemplo, tem a
grandiosidade dos hinos dos
maiores clubes (""A torcida
reunida/ até parece a do Fla-Flu"). E lembra algo que não
acontece mais na cidade, como o comércio fechado por
causa da vitória do clube.
Hoje, o time, que já teve
como patrono o bicheiro
Castor de Andrade, joga a segunda divisão do Estadual do
Rio e não conquista o título
há mais de 40 anos. A última
vez que o Bangu faturou o
campeonato foi em 1966.
A pretensa grandiosidade
dos clubes também é destaque nos hinos do Olaria
(""Teu esforço e tua glória/
estão crescendo dia a dia") e
do Bonsucesso, que tem Leônidas da Silva (1913-2004),
um dos poucos revelados pelo clube, citado na letra. Os
dois times nunca venceram o
Estadual e amargam a periferia do futebol do Rio.
Os hinos que nasceram como marchas foram escritos e
apresentados por Babo no
programa ""Trem da Alegria",
da rádio Mayrink Veiga, no
Rio, nos anos 40.
""Há versões sobre estas
músicas. Anos antes, ele tinha feito o hino do Flamengo, sucesso até hoje. Por isso,
uns dizem que ele foi desafiado por colegas de programa a
compor as marchas restantes. Outros dizem que fez as
músicas incentivado por patrocinador. Ninguém sabe
bem como começou essa história", diz o músico e produtor Luís Filipe de Lima.
O hino do Canto do Rio é o
mais atípico. Nele, Babo põe
o futebol em segundo plano
para enaltecer a ""morena do
Canto do Rio". Segundo pesquisadores, a homenageada
era sua namorada na época.
""As marchas desses times
não têm o nível dos hinos dos
grandes clubes, mas mostra a
genialidade de Babo", disse o
cantor Pedro Paulo Malta.
Babo, que nasceu no centro do Rio em 1904 e também
foi humorista, radialista,
produtor e revistógrafo, torcia pelo América, cujo hino
também é de sua autoria.
Em 1960, festejou o título
do Estadual vestido de diabo
-desfilou em carro aberto
pela cidade com a fantasia.
Foi a última vez que a equipe
conquistou o torneio.
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