São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

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RIO DE JANEIRO

Marchinhas dão vida a hinos esquecidos de times do Estado

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Autor dos mais famosos hinos do futebol do Rio, Lamartine Babo (1904-1963) compôs também uma série de marchas esquecidas de times pequenos do Estado.
São Cristóvão, Bonsucesso, Madureira, Olaria, Bangu e até o desaparecido Canto do Rio, de Niterói, ganharam hinos de um dos mais notáveis nomes do Carnaval.
As músicas praticamente perdidas pelo tempo foram resgatadas pelo músico e pesquisador Alfredo Del-Penho. E podem ser ouvidas no site da Folha Online (www.folha.com.br/070481).
Os hinos dos clubes nanicos são preciosidades e crônicas do Rio antigo. O do Bangu, por exemplo, tem a grandiosidade dos hinos dos maiores clubes (""A torcida reunida/ até parece a do Fla-Flu"). E lembra algo que não acontece mais na cidade, como o comércio fechado por causa da vitória do clube.
Hoje, o time, que já teve como patrono o bicheiro Castor de Andrade, joga a segunda divisão do Estadual do Rio e não conquista o título há mais de 40 anos. A última vez que o Bangu faturou o campeonato foi em 1966.
A pretensa grandiosidade dos clubes também é destaque nos hinos do Olaria (""Teu esforço e tua glória/ estão crescendo dia a dia") e do Bonsucesso, que tem Leônidas da Silva (1913-2004), um dos poucos revelados pelo clube, citado na letra. Os dois times nunca venceram o Estadual e amargam a periferia do futebol do Rio.
Os hinos que nasceram como marchas foram escritos e apresentados por Babo no programa ""Trem da Alegria", da rádio Mayrink Veiga, no Rio, nos anos 40.
""Há versões sobre estas músicas. Anos antes, ele tinha feito o hino do Flamengo, sucesso até hoje. Por isso, uns dizem que ele foi desafiado por colegas de programa a compor as marchas restantes. Outros dizem que fez as músicas incentivado por patrocinador. Ninguém sabe bem como começou essa história", diz o músico e produtor Luís Filipe de Lima.
O hino do Canto do Rio é o mais atípico. Nele, Babo põe o futebol em segundo plano para enaltecer a ""morena do Canto do Rio". Segundo pesquisadores, a homenageada era sua namorada na época.
""As marchas desses times não têm o nível dos hinos dos grandes clubes, mas mostra a genialidade de Babo", disse o cantor Pedro Paulo Malta.
Babo, que nasceu no centro do Rio em 1904 e também foi humorista, radialista, produtor e revistógrafo, torcia pelo América, cujo hino também é de sua autoria.
Em 1960, festejou o título do Estadual vestido de diabo -desfilou em carro aberto pela cidade com a fantasia. Foi a última vez que a equipe conquistou o torneio.


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