São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

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Bruninha, surfista

Estrela do surfe , brasileira ganha ensaio em revista americana e diz ignorar homônima mais famosa

MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO

De salto alto, vestido longo e maquiada, Bruninha se intimidou. Estava diante do tapete vermelho na entrada do Hard Rock Hotel e Casino, em Las Vegas, nos EUA.
A situação era nova para a surfista que está acostumada a encarar, desde os dez anos, sozinha e sobre uma prancha, as águas geladas de Matinhos, no Paraná, e, a partir dos 13 anos, a enfrentar as ondas gigantes do Havaí.
Bruna Schmitz, 20, é a primeira atleta brasileira a posar para a renomada edição "Swimsuit" da revista "Sports Illustrated".
"Eu tremia, não sabia o que fazer. Não fui pega para ser famosa", disse na última quarta-feira, logo após a festa de lançamento da revista.
Surfista profissional há cinco anos, Bruninha, como é chamada no meio, competiu na elite mundial do surfe (WCT) nos dois últimos anos. Em 2011, por causa dos maus resultados, disputará a divisão de acesso (WQS).
Nas páginas da publicação, Bruninha estreou de biquíni. A revista esportiva teve mais duas atletas e duas brasileiras entre as 20 modelos da edição deste ano.
São elas a jogadora de vôlei americana Kim Glass, 26, prata na Olimpíada de Pequim-2008, e a paraguaia do lançamento de dardo Leryn Franco, 28, concorrente ao Miss Universo em 2006.
Já as outras brasileiras foram as modelos Cintia Dicker, 24, e Izabel Goulart, 26.
"Elas são lindas, superaltas. Vou ser sempre meio moleca. Não consigo me ver como mulherão", afirmou a surfista de 1,65 m e 55 kg.
Apesar da "Sports Illustrated" se caracterizar por ter estrelas do esporte em suas páginas, a surfista paranaense foi descoberta pela revista na internet e comunicada do interesse pelos americanos da Roxy, marca de roupas e acessórios que a patrocina.
Mas foi a internet que atrapalhou uma negociação no começo da carreira de Bruninha, em razão da fama da ex- -garota de programa Raquel Pacheco, conhecida como Bruna Surfistinha.
"Estava buscando marcas fora do surfe, e uma grande empresa de cosméticos ficou interessada nela. O cara foi procurar no Google e, na época [2006], as dez primeiras coisas que apareceram para ele foram da Surfistinha. Ele ficou preocupado com a marca e recuou", declarou Rodrigo Tusca, agente da surfista.
Anos depois, a proximidade do lançamento do filme sobre a vida de Bruna Surfistinha, na próxima sexta-feira, não incomoda a atleta.
"Não faz parte da minha vida, eu nem lembrava do filme. É uma grande coincidência. Só. É indiferente", disse.
A surfista foi a mais jovem brasileira a se profissionalizar e já esteve entre as dez melhores do mundo. Segundo Bruninha, os bons resultados foram fruto de sua independência prematura.
Aos 12 anos, a surfista competia com meninos. Um ano depois, viajaria sem os pais para treinar no Equador. Depois, títulos, prêmios, Havaí, Austrália. Assim, a garota nascida em Salto de Lontra, no interior paranaense, já preencheu o quarto passaporte com vistos de viagens.
O apoio no exterior deveu- -se muitas vezes a Jeremy Flores, 22. Há quatro anos namorando Bruninha, o surfista francês se mantém na elite do esporte desde 2007.
"É uma história real de um conto de fadas radical", disse o empresário da surfista.
Mas, para Bruninha, hospedar-se em um castelo luxuoso para uma sessão de fotos de biquíni em Calgary, no Canadá, não parece tão empolgante como suas ondas preferidas no arquipélago da Nova Caledônia, na Oceania.
"Adorei fazer parte dessa edição, nunca fiz algo tão grande e de tanta importância, mas meu ano não vai mudar. Continuo com meus planos", afirmou a brasileira, que pretende retornar já em 2012 à elite do surfe.
Afinal, para Bruninha, é mais fácil encarar qualquer onda do Havaí do que um tapete vermelho em Las Vegas.


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