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Bruninha, surfista
Estrela do surfe , brasileira ganha ensaio em revista americana e diz ignorar homônima mais famosa
MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO
De salto alto, vestido longo
e maquiada, Bruninha se intimidou. Estava diante do tapete vermelho na entrada do
Hard Rock Hotel e Casino, em
Las Vegas, nos EUA.
A situação era nova para a
surfista que está acostumada
a encarar, desde os dez anos,
sozinha e sobre uma prancha, as águas geladas de Matinhos, no Paraná, e, a partir
dos 13 anos, a enfrentar as
ondas gigantes do Havaí.
Bruna Schmitz, 20, é a primeira atleta brasileira a posar para a renomada edição
"Swimsuit" da revista
"Sports Illustrated".
"Eu tremia, não sabia o
que fazer. Não fui pega para
ser famosa", disse na última
quarta-feira, logo após a festa de lançamento da revista.
Surfista profissional há
cinco anos, Bruninha, como
é chamada no meio, competiu na elite mundial do surfe
(WCT) nos dois últimos anos.
Em 2011, por causa dos maus
resultados, disputará a divisão de acesso (WQS).
Nas páginas da publicação, Bruninha estreou de biquíni. A revista esportiva teve mais duas atletas e duas
brasileiras entre as 20 modelos da edição deste ano.
São elas a jogadora de vôlei americana Kim Glass, 26,
prata na Olimpíada de Pequim-2008, e a paraguaia do
lançamento de dardo Leryn
Franco, 28, concorrente ao
Miss Universo em 2006.
Já as outras brasileiras foram as modelos Cintia Dicker, 24, e Izabel Goulart, 26.
"Elas são lindas, superaltas. Vou ser sempre meio moleca. Não consigo me ver como mulherão", afirmou a
surfista de 1,65 m e 55 kg.
Apesar da "Sports Illustrated" se caracterizar por ter estrelas do esporte em suas páginas, a surfista paranaense
foi descoberta pela revista na
internet e comunicada do interesse pelos americanos da
Roxy, marca de roupas e
acessórios que a patrocina.
Mas foi a internet que atrapalhou uma negociação no
começo da carreira de Bruninha, em razão da fama da ex-
-garota de programa Raquel
Pacheco, conhecida como
Bruna Surfistinha.
"Estava buscando marcas
fora do surfe, e uma grande
empresa de cosméticos ficou
interessada nela. O cara foi
procurar no Google e, na época [2006], as dez primeiras
coisas que apareceram para
ele foram da Surfistinha. Ele
ficou preocupado com a marca e recuou", declarou Rodrigo Tusca, agente da surfista.
Anos depois, a proximidade do lançamento do filme
sobre a vida de Bruna Surfistinha, na próxima sexta-feira, não incomoda a atleta.
"Não faz parte da minha
vida, eu nem lembrava do filme. É uma grande coincidência. Só. É indiferente", disse.
A surfista foi a mais jovem
brasileira a se profissionalizar e já esteve entre as dez
melhores do mundo. Segundo Bruninha, os bons resultados foram fruto de sua independência prematura.
Aos 12 anos, a surfista
competia com meninos. Um
ano depois, viajaria sem os
pais para treinar no Equador.
Depois, títulos, prêmios, Havaí, Austrália. Assim, a garota nascida em Salto de Lontra, no interior paranaense,
já preencheu o quarto passaporte com vistos de viagens.
O apoio no exterior deveu-
-se muitas vezes a Jeremy
Flores, 22. Há quatro anos namorando Bruninha, o surfista francês se mantém na elite
do esporte desde 2007.
"É uma história real de um
conto de fadas radical", disse
o empresário da surfista.
Mas, para Bruninha, hospedar-se em um castelo luxuoso para uma sessão de fotos de biquíni em Calgary, no
Canadá, não parece tão empolgante como suas ondas
preferidas no arquipélago da
Nova Caledônia, na Oceania.
"Adorei fazer parte dessa
edição, nunca fiz algo tão
grande e de tanta importância, mas meu ano não vai
mudar. Continuo com meus
planos", afirmou a brasileira,
que pretende retornar já em
2012 à elite do surfe.
Afinal, para Bruninha, é
mais fácil encarar qualquer
onda do Havaí do que um tapete vermelho em Las Vegas.
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