São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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Phelps evolui mais e espera dar show

Mais magro, mais rápido, mais forte e mais maduro, nadador dos EUA faz prévia olímpica no Mundial de Melbourne

Fenômeno diz que torneio será dos mais importantes de sua carreira e tenta pegar embalo para, em Pequim, superar feito de Mark Spitz


Antony Dickson/France Presse
O norte-americano Michael Phelps treina em piscina de Melbourne, onde nadará oito provas, sendo três delas revezamentos


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na parede do Canham Natatorium, na Universidade de Michigan, um relógio gigante traz o slogan que dita o ritmo das braçadas dos nadadores: "Countdown to Beijing" (Contagem regressiva para Pequim).
Todas as atenções naquela piscina estão voltadas para a próxima edição da Olimpíada. Mais precisamente para responder a uma pergunta: o que fará Michael Phelps?
A prévia desse desempenho será vista a partir de sábado na piscina da Rod Laver Arena, construída sobre a quadra do Aberto da Austrália de tênis.
É o que promete o nadador, que, nos Jogos de Atenas, em 2004, conquistou oito medalhas, seis delas douradas.
"Com um bom Mundial, ficarei mais confiante para a Olimpíada. Será provavelmente um dos mais importantes torneios da minha carreira", disse Phelps, em teleconferência.
Em Pequim-2008, ele tentará enfim quebrar o recorde de sete ouros de Mark Spitz. Se for bem na Austrália, imagina, estará mais perto do feito.
Aos 21 anos, o fenômeno norte-americano tem motivos sólidos para acreditar em uma performance avassaladora.
Após o sucesso na Grécia, o nadador tropeçou no Mundial de Montréal, em 2005. Apesar de ter sido o mais laureado do torneio, deixou a piscina pela primeira vez desde 2001 sem um novo recorde mundial. Mais: ficou sem três ouros.
À época, culpou o excesso de assédio e o privilégio dado a compromissos com patrocinadores, que lhe tiraram a concentração nos treinamentos.
Dois anos antes, em Barcelona, havia arrebatado seis medalhas (quatro ouros) e se tornado o primeiro atleta desde Spitz, em Munique-1972, a quebrar cinco recordes mundiais em um mesmo evento.
Na esteira das conquistas de Atenas, Phelps também teve problemas particulares e foi preso por dirigir embriagado.
"Aprendemos que provavelmente é mais difícil viver com o sucesso do que com o fracasso. Ele havia obtido muitos feitos, recebia muita atenção, liberdade, havia mudanças em sua rotina. Ele aprendeu muita coisa de uma forma dura, mas essa é a melhor forma de aprender", afirmou Bob Bowman.
O treinador, no entanto, ainda tinha planos ambiciosos para o pupilo. Phelps se mudou para Michigan. Mora sozinho. E, para apurar o físico, passou a dar atenção especial às sessões de musculação. Resultado: perdeu gordura, ficou mais forte e ganhou em explosão. Planeja agora se aperfeiçoar também nos 100 m e nos 200 m livre.
Em fevereiro, o americano deu uma amostra de sua boa fase: baixou em 0s9 seu recorde mundial dos 200 m borboleta ao cravar 1min53s71. Foi a quinta vez que o nadador melhorou a marca da prova.
Segundo Bowman, nos últimos dois anos, Phelps também apurou sua técnica e está mais maduro para tomar decisões dentro e fora das piscinas.
E continua resistente para encarar as raias várias vezes por torneio. No Mundial, nadará cinco disputas individuais (200 m livre, 100 m e 200 m borboleta, 200 m e 400 m medley) e os revezamentos 4 x 100 m e 4 x 200 m livre e 4 x 100 m medley. "A chave para mim é tentar não me apegar a uma prova. Se eu começar com uma apresentação ruim, tenho de ser capaz de deixá-la para trás e ir para a próxima", afirmou.
A rotina do jovem americano também voltou. Phelps acorda por volta das 5h e se recolhe às 21h, após falar com a família. Embalado pela contagem regressiva para Pequim.


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