São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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FUTEBOL

Surpresa na convocação, volante ganha espaço no time a 10 dias da Copa

Experiência e ousadia dão a Vampeta vaga de titular

DOS ENVIADOS A KUALA LUMPUR

O volante Vampeta foi escalado ontem como titular no primeiro treino coletivo da seleção brasileira com todos os 23 convocados à disposição do técnico Luiz Felipe Scolari e, a menos de duas semanas da estréia brasileira, pode ter garantido uma vaga no time titular que disputará o Mundial.
Na movimentação realizada à tarde no estádio Shah Alam, a 25 km de Kuala Lumpur, onde o Brasil realiza sua última etapa de preparação para a Copa-2002, Vampeta teve uma atuação apenas razoável, mas o suficiente para dar mais personalidade e ousadia ao meio-campo da seleção.
A escalação do volante do Corinthians foi a consumação de uma tendência que começou a se desenhar desde o anúncio da convocação final para a Copa, quando Scolari surpreendeu ao incluí-lo na relação de 23 atletas.
O espanto não foi pelo futebol de Vampeta, um dos jogadores mais assíduos no time nacional nos últimos anos, mas pelo fato de o técnico não tê-lo incluído nas convocações anteriores da seleção e ter afirmado, após o amistoso contra Portugal, no mês passado, que estava satisfeito com Kleberson, dando a entender que não voltaria a chamar o corintiano.
Ao justificar sua mudança de opinião, Scolari disse que Vampeta retornava à seleção no lugar de um zagueiro (foram chamados quatro, e não cinco, como o treinador concebera inicialmente) e, principalmente, pela experiência em relação a outros dois volantes convocados para a Copa Coréia/ Japão, Kleberson e Gilberto Silva.
Embora não admita publicamente, Scolari considera um risco apostar em um dos dois jovens jogadores, de 22 anos recém-completos e 25 anos, respectivamente, para iniciar o Mundial na equipe titular. A equipe principal no coletivo de ontem foi: Marcos; Lúcio, Polga e Roque Júnior; Cafu, Vampeta, Emerson, Ronaldinho e Roberto Carlos; Ronaldo e Rivaldo. A seleção estréia na Copa no dia 3 de junho, contra a Turquia, em Ulsan, na Coréia do Sul.
Caso ganhe mesmo a posição -o que pode ser confirmado no amistoso contra a Malásia, no sábado-, Vampeta a terá conseguido também pela qualidade na saída de bola, pela capacidade de chegar com perigo ao gol e pelo bom chute, mas principalmente pela experiência e capacidade de animar um grupo, conforme revelou o próprio técnico.
Aos 28 anos, o volante disputou a maior parte das longas eliminatórias para a Copa como titular, independentemente dos técnicos (jogou com Luxemburgo, Leão e Scolari). Esteve em 12 dos 18 jogos do Brasil no qualificatório.
Teve passagens por três clubes do futebol europeu: PSV (Holanda), Inter de Milão (Itália) e PSG (França) -as duas últimas muito breves. No Brasil, conquistou o bicampeonato do Brasileiro (1999 e 2000) e o Mundial da da Fifa (2000), todos pelo Corinthians.
Por fim, Scolari tem se derramado em elogios à auto-estima que Vampeta passa para o grupo.
"Na preleção antes do jogo contra o Chile [em Curitiba, em 2001, pelas eliminatórias", ele tomou a palavra para dizer que era um absurdo nos preocuparmos com aquele adversário, que éramos muito superiores. Foi ótimo."
Anteontem, Vampeta completou: "Temos time e habilidade para ganhar de qualquer um. É bobagem falar demais dos adversários e se esquecer do que a gente é capaz de alcançar".
Ontem, o jogador só deu entrevistas no treino da manhã, antes de ser escalado como titular. Contou que havia acordado às 6h, mais cedo que o habitual, ainda por causa do fuso horário de seis horas em relação a Barcelona, escala anterior da seleção.
Mas declarou: "Não tem mais desculpa, nem de fuso horário nem de nada. Agora tenho que trabalhar bastante e brigar para ser titular". Mal sabia ele que o desejo se concretizaria poucas horas depois. (FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)



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