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FUTEBOL
Contra pirataria, entidade vasculha até estações de metrô e impede que Mundial vire oportunidade publicitária
Patrulha da Fifa retrai economia da Copa
ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
A Fifa resolveu radicalizar a patrulha contra os patrocínios "piratas" da Copa do Mundo, mas
pode estar exagerando na dose e
dando um tiro no próprio pé.
Para o torneio que começa na
próxima semana, a entidade preparou um esquema inédito que
inclui até fiscalização das estações
de metrô próximas aos estádios,
uma tentava de evitar que o Mundial vire oportunidade publicitária para outras empresas que não
as patrocinadoras oficiais.
Entretanto, as repetidas ameaças contra quem tentar se aproveitar do torneio provocaram um
retraimento das companhias indesejado até pela própria Fifa.
No Japão, por exemplo, a pressão da entidade faz com que muitas empresas evitem até mesmo
entrevistas jornalísticas sobre temas correlatos ao Mundial.
"A Fifa e o Jawoc [o comitê organizador do lado japonês" implementaram regras estritas para
as companhias. Elas não podem
falar em público sobre a Copa ou
sobre seus efeitos a menos que sejam patrocinadoras ou fornecedoras oficiais do evento", justifica
Mitsuru Shinozaki, porta-voz do
Keidanren, a poderosa associação
empresarial do país.
Não é para tanto, explica a Fifa
Marketing AG, braço criado em
julho do ano passado para cuidar
da publicidade do Mundial em
substituição à ISL, que faliu.
"A Fifa não proíbe pronunciamentos públicos sobre a Copa, ela
encoraja as discussões sobre o
torneio, até permite que a imprensa utilize os símbolos do
Mundial de forma não-comercial", afirma David Gill, chefe do
Programa de Proteção aos Direitos dos Patrocinadores da Copa.
Quem não vai ter paz, diz a Fifa,
serão as empresas que tentarem
obter ganhos comerciais. Para isso, preparou um esquema que
conta com grandes mudanças em
relação ao último Mundial.
Primeiro, desenvolveu em 120
países um programa de registro
de patentes de abrangência inédita. Também espalhou uma rede
de advogados que agilizarão a
abertura de processos judiciais.
Além disso, contratou uma empresa para rastrear a internet em
busca de usos irregulares dos símbolos da Copa. Outra medida terá
efeito no Japão e na Coréia: um
grupo vai vasculhar os arredores
dos estádios à procura de promoções que a entidade considere ilegais. "Eles irão então chamar a
atenção das autoridades", diz Gill.
Antes de a Copa começar, a caça
às bruxas já está em andamento.
Na semana passada, a Fifa forçou uma fabricante irlandesa de
cerveja a encerrar uma promoção
que usava a logomarca da Copa.
"Vamos continuar a agressivamente proteger a Fifa e seus parceiros", diz Patrick Magyar, executivo-chefe da Fifa Marketing.
Os advogados espalhados pelo
mundo já abriram mais de 600
processos em 51 países. A taxa de
sucesso nas decisões é de 90%.
Na internet, a empresa contratada para fazer o trabalho de detetive já encontrou cerca de 300
problemas. Nesses casos, porém,
a aposta é que as soluções sejam
encontradas fora dos tribunais
-a Fifa confia no bom trânsito
da firma com provedores e sites.
São apenas 15 as empresas chamadas "patrocinadoras oficiais"",
que podem estampar o logo, os
mascotes e o troféu da Copa. Esses direitos são limitados até mesmo para os "fornecedores", o segundo escalão das empresas comercialmente ligadas ao Mundial.
Do ponto de vista das parceiras,
o combate à pirataria está facilitado nesta Copa, pois há times separados para negociar os contratos.
Além da necessidade de garantir ao máximo a satisfação de seus
patrocinadores, especialmente
num momento difícil financeiramente para a Copa, a Fifa Marketing tem um motivo especial para
se empenhar neste Mundial.
Sua própria sobrevivência está
sendo colocada em xeque dentro
do comando do futebol -há
quem a considere muito dispendiosa para o retorno que gera.
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