São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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TÊNIS

Respeito é bom

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Nos últimos dois anos, o Aberto da França foi nada mais nada menos do que a coroação do rei do saibro. Nada se esperava além da definição do jogador dominante na terra batida.
No ano passado, por exemplo, Gustavo Kuerten e Juan Carlos Ferrero dividiam as conquistas e as atenções até o Grand Slam francês. Por obra do sorteio, o confronto entre eles foi nas semifinais. Depois da vitória sobre Ferrero, Kuerten só ratificou sobre Alex Corretja o título de melhor jogador do saibro.
No ano anterior, a situação foi bastante parecida, mas com Kuerten e Magnus Norman.
O sueco derrotou o brasileiro na final em Roma, mas perdeu nas quartas-de-final em Hamburgo e, depois, novamente na decisão do Aberto da França.
Neste ano, porém, a situação é diferente. É impossível dizer que existe um tenista que esteja dominando o saibro, quanto mais dois.
Em vez de ter Kuerten ou Norman como favoritos, ou Kuerten e Ferrero, uma lista poderia ter agora Ferrero, Carlos Moyá, Lleyton Hewitt, Andre Agassi, Roger Federer e Marat Safin.
Só que, quando a lista de favoritos é grande, é sinal de não há favoritos. É aí que aumenta a expectativa e até o otimismo em relação aos brasileiros.
Gustavo Kuerten chega a Roland Garros muito melhor do que ele mesmo esperava, motivado. Aos poucos, consegue colocar mais profundidade nas bolas, encontrar seu ritmo, sentir-se cada vez mais solto em quadra.
Em Hamburgo, a boa campanha abriu nova perspectiva para o catarinense. ""A cada dia sinto melhor a bola na raquete; quando isso acontece, os outros caras começam a ter dificuldade de aguentar meu ritmo", confidenciou Kuerten antes de embarcar para Paris.
Fernando Meligeni também tem no ""respeito" dos adversários uma arma para não ficar pelo caminho. ""É um lugar onde o pessoal me conhece e me respeita", ele falou anteontem, horas antes de viajar para sua décima participação em Paris.
Sua melhor participação foi há três anos, quando chegou às semifinais. Não será surpresa se chegar tão longe novamente, visto que está vivendo uma de suas melhores temporadas de saibro.
"Quero ter uma presença importante neste ano lá", falou Meligeni. Como Kuerten, vai intensificar sua preparação física nestes últimos dias.
André Sá também, antes de embarcar, apostou no físico. ""No saibro, as partidas podem durar horas, ainda mais sendo melhor de cinco sets", disse Sá, com razão.
Não tão fã do piso de terra batida, o mineiro pode ter na sua recém-adquirida experiência no circuito um trunfo.
Flávio Saretta é um nome que, como Meligeni, corre por fora, mas pode ir longe. Pela primeira vez no Grand Slam francês, conta com o respeito dos adversários, já que nesta temporada enfiou a cara no circuito, conseguindo algumas boas vitórias.
"Já não preciso mais ficar procurando alguém para treinar comigo", contou, na semana passada, também pouco antes de viajar para a Europa. ""Ganhei mais confiança para jogar."
Se não fazem parte da extensa lista de favoritos ao título, estes quatro brasileiros podem ir longe. Além de talento e confiança, terão em Roland Garros o respeito dos oponentes. Já é muita coisa.

Em baixa
Dos seis brasileiros no qualifying, Alexandre Simoni, Marcos Daniel, Daniel Melo, Francisco Costa e Júlio Silva caíram. Só resta o bravo Ricardo Mello, que precisa ainda ganhar dois jogos.

Em alta
Jennifer Capriati tem a dura missão de defender o título. Olho em Venus e Serena Williams, respectivamente dois e três no ranking. Está chegando o dia em que elas dominarão o mundo. Richard Williams ""cantou a bola" há anos, mas ninguém deu muita atenção.

Em Brasília
Mais de 200 jovens disputam a segunda etapa do Circuito Juvenil Banco do Brasil. Na terceira etapa do Credicard Visa Junior's Cup, em Porto Alegre, foram campeões Lucas Abella, Bruna Vieira (12 anos), Nicolas Santos e Liege Vieira (14 anos), Bruno Rosa e Patrícia Coimbra (16 anos) e Tiago Gilioli e Marina Chiarelli (18 anos).

E-mail reandaku@uol.com.br



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