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Copa 2006
Regina Brandão alertará como time "imbatível" pode perder foco
Especialista tem pesquisa
mostrando que atletas
brasileiros perdem a
motivação quando são
considerados favoritos
"Já ganhou" faz Parreira usar psicóloga do penta
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Nada parece afetar o discurso
de confiança e tranqüilidade
que Carlos Alberto Parreira
propaga sempre que se refere à
seleção brasileira. Nos bastidores, porém, o treinador buscou
auxílio de uma especialista para incrementar suas técnicas de
motivação antes da Copa.
A eleita: Regina Brandão, a
mesma psicóloga que trabalhou com Luiz Felipe Scolari na
campanha de 2002.
Ela se reuniu com toda a comissão técnica do Brasil em
duas oportunidades antes do
embarque de ontem para Weggis, cidade suíça na qual o time
vai treinar para o Mundial. Em
pauta, estratégias para evitar
atritos entre atletas e, especialmente, caminhos para mantê-los focados no torneio.
"O Parreira tinha algumas
preocupações sobre como lidar
com o grupo. Não tivemos tempo de avaliar atleta por atleta,
mas conversamos bastante.
Acho que ele agora tem informações importantes, que vão
ajudá-lo a tomar decisões durante a Copa", diz Regina.
Um dos temas que mais intrigaram o técnico surgiu em pesquisa apresentada pela psicóloga. A conclusão de seu estudo,
baseado no perfil psicológico
de 800 jogadores, mostrou que
os brasileiros, quando apontados como favoritos em uma
partida ou um campeonato,
acabam perdendo a motivação.
"Como muita gente já dá como certo o título ao Brasil, é natural que o Parreira fique ressabiado com esse clima de "já ganhou". É preciso dar atenção individualizada aos jogadores,
para evitar que fiquem dispersos e percam o foco na Copa",
explica Regina.
Ela acredita que os brasileiros são movidos a desafios e
que o técnico precisa explorar
tal faceta. "Tudo pode ser usado
como incentivo: desde prêmios
em dinheiro até provocações de
outras seleções", afirma.
A psicóloga apresentou também outros dados colhidos em
seus mais de 20 anos de trabalho com esportistas para ajudar
Parreira a planejar a logística
de sua equipe, inclusive a distribuição de atletas nos hotéis.
Regina acredita que jogadores costumam suportar até 20
dias de convivência conjunta
sem arroubos. Depois, conflitos
podem começar a aparecer.
Como a Copa obriga o elenco
a permanecer junto por quase
dois meses, ela recomenda
quartos individuais durante todo o período da disputa. "Fizemos isso em 2002. Parece bobagem, mas ajuda a evitar desgastes. Durante um Mundial,
os jogadores precisam se sentir
bem para jogar bem."
Pensamentos como esse não
são seguidos exclusivamente
pela comissão técnica do Brasil.
Scolari não abandonou Regina
após conquistar o penta e também utiliza seus serviços na seleção portuguesa -a psicóloga
traçou perfil dos atletas antes
da Eurocopa-2004 e agora prepara um vídeo para auxiliar o
grupo na Alemanha.
"O Parreira conversou com o
Felipão no ano passado antes
de me contratar. Também creio
não haver problemas em trabalhar para os dois. São seleções
distintas, com jogadores de
perfis totalmente diferentes."
Ela sabe que suas informações poderiam ser um ótimo diferencial num eventual embate
entre os dois times. Afirma, todavia, que os dados são confidenciais e nunca iria repassá-los a técnicos rivais.
Mas para quem vai torcer caso ocorra um Brasil x Portugal?
A psicóloga tergiversa: "Vou
torcer apenas para que façam
um lindo jogo de futebol."
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