São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2006

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JUCA KFOURI

Vasco e Flamengo, finalistas da Copa do Brasil, caem na rodada, Inter, de novo, sofre pane, e Cruzeiro emerge

São Januário como testemunha

DOIS TIMES cariocas decidirão a Copa do Brasil de 2006, como se sabe. Como se sabe, também, que os melhores times do país não disputaram a Copa do Brasil, por estarem na Libertadores. Mas não faz mal.
A decisão entre Flamengo e Vasco poderia significar o começo da redenção do futebol do Rio, o que faria muito bem ao futebol brasileiro. Mas quis o destino que exatamente os dois finalistas caíssem no domingo diante do Cruzeiro e do Corinthians.
A derrota rubro-negra, no Mineirão, não pode ser considerada anormal e foi vendida caro. Já a cruzmaltina, em São Januário, não foi só anormal. Foi sensacional. Porque, depois de um primeiro tempo equilibrado, com duas claras chances de gol para cada lado e uma expulsão em cada time, aconteceu de tudo e mais um pouco na segunda etapa.
Nem bem eram decorridos seis minutos e o Vasco já tinha posto dois gols de vantagem. Ramon, aproveitando-se de uma fabulosa furada de Sebá, e Valdiram, no mano a mano com o argentino, em rápido contra-ataque, ao novo estilo vascaíno. E só não pôs três por azar de Valdiram que chutou, na cara do gol, no travessão a bola que acabaria com o jogo.
Pois foi no contra-ataque deste lance que o sobrenatural tomou conta de São Januário.
Como se estivesse com o diabo no corpo, ou tivesse incorporado o espírito de Mané Garrincha, o até então apagado Carlos Alberto começou a infernizar a defesa carioca. Um capeta. Em dois minutos, ele enfiou duas bolas preciosas pela direita para Rafael Moura empatar. Se com 10 contra 10 sobrava espaço para um jogo eletrizante, em seguida ao empate cada time perdeu mais um jogador. E 9 contra 9 virou loucura. Não dava para respirar.
Silvio Luiz salvou com o pé o que seria o terceiro gol vascaíno, com Edílson chutando na pequena área. Numa rara atuação firme e equilibrada da arbitragem brasileira, no caso mineira, de Clever Assunção Gonçalves, Nilmar, com um drible da vaca em Eder, sofreu pênalti, e Carlos Alberto consumou a virada.
Na segunda cobrança, diga-se, porque na primeira Cássio se adiantou para defendê-la. Em São Januário! Edílson ainda empataria, mas com a mão, muito bem anotada pelo bandeirinha. Em São Januário!! E, para terminar o enredo de uma tarde fantástica, Nilmar repetiu o lance do primeiro pênalti. Sofreu o segundo, o goleiro Cássio acabou por ser corretamente expulso e Marcelo Mattos matou o jogo na cobrança, indefensável para o lateral Diego no papel do número 1, pois o Vasco já havia feito as três substituições.
Repita-se: em São Januário!!! No Mineirão, 2 a 1 para o Cruzeiro, que havia sido eliminado pelo Fluminense na Copa do Brasil, e que vingou o conterrâneo Ipatinga, que por pouco não eliminou o Flamengo no Maracanã. Em São Januário, 4 a 2, para perplexidade do Vasco, que eliminou o Fluminense da mesma Copa do Brasil, diante de um Corinthians, que estava na Libertadores, e sem Mascherano e Tevez.
Se não bastasse, o campeão carioca Botafogo perdeu para o Juventude, no Sul, como era previsível, e já está ameaçado. Menos mal que num lance de sorte o Fluminense derrubou o então líder Santos, que deixa seu lugar para o Cruzeiro. Incrível mesmo é o Inter, que, desde 2005, sempre que pode ser líder sofre um curto-circuito.

@ - blogdojuca@uol.com.br


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