São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Dalai-lama fala em ir a Pequim

Líder tibetano diz que, se for convidado e negociações avançarem, ficará feliz em assistir aos Jogos

Após terremoto, exilado demonstra solidariedade aos chineses e pede respeito à passagem da tocha, alvo de protestos pelo mundo

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana após dizer que seria muito difícil aceitar convite para ir a Pequim, o dalai-lama afirmou ontem que ficaria feliz em assistir à Olimpíada.
O governo chinês não fez o convite, mas já ocorreram sondagens sobre a possibilidade de o líder espiritual dos tibetanos ser chamado para os Jogos, que começam em 8 de agosto.
"Alguns chineses querem que eu vá para lá. Se a situação do Tibete melhorar e houver um esboço de um princípio de solução a longo prazo, ficarei feliz em ir, se for convidado", afirmou o dalai-lama, ontem, em visita à Grã-Bretanha.
"Deixei claro desde o princípio que respaldamos os Jogos Olímpicos", completou.
O dalai-lama defendeu também o respeito ao revezamento da tocha, alvo de protestos pelo mundo principalmente por causa do Tibete. A tocha deve passar por Lhasa, capital tibetana, entre 20 e 21 de junho.
A chama olímpica voltaria a desfilar nesta madrugada após três dias parada em sinal de luto pelos mortos no terremoto que atingiu a China há pouco mais de uma semana.
O pedido do dalai-lama acontece pouco antes de um novo encontro entre emissários do governo tibetano no exílio e representantes do poder central chinês, previsto para junho.
No início deste mês já ocorreu encontro "informal" entre as duas partes. Os tibetanos disseram que iriam manifestar a preocupação do dalai-lama com a maneira como a China está lidando com os conflitos no Tibete e propor soluções para pacificar a região.
O governo chinês acusa o líder exilado de incitar violência.
No início de março, distúrbios contra a ocupação do Tibete foram violentamente reprimidos pela polícia chinesa. Tibetanos no exílio afirmam que houve mais de 150 mortos. A China diz que os insurgentes mataram 18 civis e um policial.
A repressão gerou sério mal-estar diplomático entre Pequim e alguns líderes ocidentais. A preocupação com a repercussão negativa às vésperas dos Jogos Olímpicos ajudou o governo nacional a abrir diálogo com o dalai-lama.
"Sempre fui contra o isolamento da China, uma nação muito importante que devemos respeitar. Os tibetanos dizem que, se você é um verdadeiro amigo, é importante que mostre as coisas erradas sobre seu amigo, de maneira amigável", afirmou o dalai-lama, que mostrou certa desconfiança em relação às negociações por mais autonomia ao Tibete.
"Depois do próximo encontro, e também depois da Olimpíada, acho que poderemos ver se o desejo da China de se reunir com nosso povo era apenas por causa dos Jogos ou algo mais sério", completou ele.
O líder também manifestou solidariedade aos chineses vítimas do terremoto, que deixou dezenas de milhares de mortos. No site do governo no exílio foi feito pedido de trégua aos tibetanos que vivem no exterior.
"A fim de expressar nossa solidariedade com o grande desastre natural que aconteceu na China, os tibetanos pelo mundo devem evitar organizar manifestações em frente às embaixadas chinesas nos países em que vivem."


Com agências internacionais


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