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Dalai-lama fala em ir a Pequim
Líder tibetano diz que, se for convidado e negociações avançarem, ficará feliz em assistir aos Jogos
Após terremoto, exilado demonstra solidariedade aos chineses e pede respeito à passagem da tocha, alvo de protestos pelo mundo
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana após dizer que
seria muito difícil aceitar convite para ir a Pequim, o dalai-lama afirmou ontem que ficaria
feliz em assistir à Olimpíada.
O governo chinês não fez o
convite, mas já ocorreram sondagens sobre a possibilidade de
o líder espiritual dos tibetanos
ser chamado para os Jogos, que
começam em 8 de agosto.
"Alguns chineses querem
que eu vá para lá. Se a situação
do Tibete melhorar e houver
um esboço de um princípio de
solução a longo prazo, ficarei
feliz em ir, se for convidado",
afirmou o dalai-lama, ontem,
em visita à Grã-Bretanha.
"Deixei claro desde o princípio que respaldamos os Jogos
Olímpicos", completou.
O dalai-lama defendeu também o respeito ao revezamento
da tocha, alvo de protestos pelo
mundo principalmente por
causa do Tibete. A tocha deve
passar por Lhasa, capital tibetana, entre 20 e 21 de junho.
A chama olímpica voltaria a
desfilar nesta madrugada após
três dias parada em sinal de luto pelos mortos no terremoto
que atingiu a China há pouco
mais de uma semana.
O pedido do dalai-lama acontece pouco antes de um novo
encontro entre emissários do
governo tibetano no exílio e representantes do poder central
chinês, previsto para junho.
No início deste mês já ocorreu encontro "informal" entre
as duas partes. Os tibetanos
disseram que iriam manifestar
a preocupação do dalai-lama
com a maneira como a China
está lidando com os conflitos
no Tibete e propor soluções para pacificar a região.
O governo chinês acusa o líder exilado de incitar violência.
No início de março, distúrbios contra a ocupação do Tibete foram violentamente reprimidos pela polícia chinesa. Tibetanos no exílio afirmam que
houve mais de 150 mortos. A
China diz que os insurgentes
mataram 18 civis e um policial.
A repressão gerou sério mal-estar diplomático entre Pequim e alguns líderes ocidentais. A preocupação com a repercussão negativa às vésperas
dos Jogos Olímpicos ajudou o
governo nacional a abrir diálogo com o dalai-lama.
"Sempre fui contra o isolamento da China, uma nação
muito importante que devemos respeitar. Os tibetanos dizem que, se você é um verdadeiro amigo, é importante que
mostre as coisas erradas sobre
seu amigo, de maneira amigável", afirmou o dalai-lama, que
mostrou certa desconfiança em
relação às negociações por
mais autonomia ao Tibete.
"Depois do próximo encontro, e também depois da Olimpíada, acho que poderemos ver
se o desejo da China de se reunir com nosso povo era apenas
por causa dos Jogos ou algo
mais sério", completou ele.
O líder também manifestou
solidariedade aos chineses vítimas do terremoto, que deixou
dezenas de milhares de mortos.
No site do governo no exílio foi
feito pedido de trégua aos tibetanos que vivem no exterior.
"A fim de expressar nossa solidariedade com o grande desastre natural que aconteceu
na China, os tibetanos pelo
mundo devem evitar organizar
manifestações em frente às
embaixadas chinesas nos países em que vivem."
Com agências internacionais
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