São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

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MOTOR

O sorriso


Melhor escuderia da F-1 em 2010, Red Bull ainda carrega traços de sua fundação, há 13 anos, pelas mãos de Stewart


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

O PRÍNCIPE Albert sorria um sorriso amarelo, de quem já não suporta aquelas formalidades. Webber sorria a alma, escancarando a incredulidade de quem levou 144 corridas para vencer duas seguidas. Vettel sorria por protocolo, mas deixava escapar a raiva por mais um GP em que esteve impotente. Kubica sorria o dever cumprido. Horner sorria aliviado. Quase todos os outros sorriam paisagem.
Mas havia um sorriso mais brilhante, mais revelador, mais cristalino. Mais pueril, embora estampado no rosto mais envelhecido daquele camarote que faz as vezes de pódio em Montecarlo. Paletó bege, camisa azul clara, gravata azul marinho, Stewart mal se segurava de alegria, produto de um orgulho retroativo.
A equipe premiada ali, afinal, dobradinha nas ruas do principado, dobradinha no Mundial de Pilotos, líder do Mundial de Construtores, seis poles positions em seis GPs, dona do carro mais veloz e mais refinado da categoria, nasceu com ele. Até 2004, a Red Bull era Jaguar.
Que até 1999 era Stewart. Que fora erguida do nada, pelo tricampeão e seu filho, Paul, e estreou em 1997.
E quem acha que, após 11 anos, sobrou só a genealogia, está enganado.
Coube aos Stewart, com apoio da Ford, criar umas das estruturas mais eficientes já vistas na F-1. E que teve reflexos práticos. Nos anos em que aqueles carros brancos correram, os resultados foram inversamente proporcionais ao orçamento.
Uma pole, uma vitória e cinco pódios nos 49 primeiros GPs de vida de uma escuderia são marcas notáveis.
Uma organização tão firme que sobreviveu à zona da Jaguar e seus chefes pirotécnicos. E que encontrou o complemento perfeito quando Mateschitz decidiu brincar de carrinho: dinheiro, muito dinheiro.
Dinheiro próprio, e não dos outros.
Daí, não ter havido pressão sufocante de patrocinadores por resultados imediatos. Daí, a evolução gradual, passo a passo, dando-se o direito de errar. Daí, a equipe ter levado cinco temporadas para amadurecer.
Daí, o sorriso de Stewart. De quem sabe ter contribuído para um título mundial nesta temporada. Ou dois.

DE NOVO
Alonso x Massa na China e Schumacher x Alonso em Mônaco são cenas que devem ser assistidas todos os dias por quem, um dia, pretende virar piloto. Os resultados foram bem diferentes, mas a mensagem é a mesma: não existe vencedor bonzinho nesse tal de esporte.

DE NOVO?
Monticello, perto de NY, quer a F-1. Ótimo. Monticello conversa com Tilke. Lá vem outra pista chata.

TUDO NOVO
A partir da semana que vem, esta coluna será publicada às sextas, num formato mais dinâmico e com boas doses de interatividade. Até lá.

fabioseixas.folha@uol.com.br


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