São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2004

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FUTEBOL

Técnicas motivacionais de Péricles Chamusca viram trunfo da equipe, que decide a Copa do Brasil com o Flamengo

Santo André vai ao divã para surpreender

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que a prancheta, Péricles Chamusca, 38, usa a psicologia para fazer do Santo André a sensação da Copa do Brasil.
Segundo os jogadores, as técnicas motivacionais foram os principais trunfos do treinador para levar o time à decisão, a partir de amanhã, contra o Flamengo. A outra partida será no dia 30.
Enaltecido pelos atletas, Chamusca não teme a fama de "vice" caso aconteça um final infeliz para ele, a exemplo do que ocorreu em 2002, com o Brasiliense.
"Se for para chegar à final dez vezes com um time intermediário, é sinal de que existe um bom trabalho sendo feito", afirma.
Naquele ano, a equipe perdeu o título para o Corinthians, em uma partida marcada por erros decisivos do árbitro Carlos Eugênio Simon, que favoreceram o clube da capital paulista. Agora o adversário da final é novamente um clube de massa, em mais uma das coincidências das duas campanhas.
"Com o Brasiliense, eu também assumi o time nas quartas-de-final da competição. Além disso, lá eu também tinha um jogador que já havia trabalhado comigo no Vitória e que era o capitão da equipe", diz Chamusca, referindo-se ao volante Gil Baiano.
No Santo André, o treinador conta com o defensor Dedimar. "Os dois foram uma alavanca importante para o meu trabalho, pois passaram confiança aos outros jogadores a respeito da minha filosofia", afirma.
Já as diferenças, segundo Chamusca, estariam ligadas ao lado psicológico das equipes.
"Nosso caminho no Santo André foi muito mais espinhoso. Peguei um time que não ganhava havia cinco jogos, perdera sete jogadores e que ainda havia perdido 12 pontos na Série B", afirma, referindo-se à decisão da Justiça Desportiva, devido a escalações irregulares de dois jogadores na segunda divisão do Nacional -a equipe ocupa a última posição.
A reestruturação de corações e mentes foi o primeiro desafio de Chamusca. "Era preciso fazer o time acreditar que tinha potencial para se superar", disse.
A solução para sacudir a equipe foi o uso de vídeos motivacionais, com histórias que vão desde as de heróis do esporte como Ayrton Senna aos triunfos alcançada por atletas paraolímpicos.
Com o filme sobre o piloto, a equipe eliminou o Palmeiras nas quartas. Já a superação de deficiências marcou a classificação à final, depois de o time ter perdido a primeira em casa para o 15 de Novembro. O resultado é aprovado pelos atletas da equipe.
"A chegada dele melhorou muito os ânimos do time. Ele está mais para um "paizão", mas sabe cobrar quando é necessário", afirmou o volante Ramalho, 23.
O trabalho vem dando resultado: o time chega à final da Copa do Brasil e tem o melhor ataque da competição, com 22 gols.
Nada mal para um técnico que surgiu em 1995, aos 29 anos, como o treinador mais jovem da primeira divisão do Brasil, comandando o Vitória campeão baiano.
O começo precoce se deveu à aprovação no vestibular, ao mesmo tempo em que a carreira como jogador parecia incerta ao passar dos juniores aos profissionais. "O Vitória pretendia me emprestar, e, como eu achei que as coisas não estavam como queria, fui estudar educação física."
Hoje, diante do seu segundo desafio nacional, Chamusca diz acreditar no potencial do time. "Existe um favoritismo, mas vejo aqui uma capacidade de quebrar essa vantagem do Flamengo", diz o treinador, que tem contrato com o Santo André até setembro, quando termina a fase classificatória da Série B.


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