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FUTEBOL
Técnicas motivacionais de Péricles Chamusca viram trunfo da equipe, que decide a Copa do Brasil com o Flamengo
Santo André vai ao divã para surpreender
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais do que a prancheta, Péricles Chamusca, 38, usa a psicologia para fazer do Santo André a
sensação da Copa do Brasil.
Segundo os jogadores, as técnicas motivacionais foram os principais trunfos do treinador para
levar o time à decisão, a partir de
amanhã, contra o Flamengo. A
outra partida será no dia 30.
Enaltecido pelos atletas, Chamusca não teme a fama de "vice"
caso aconteça um final infeliz para ele, a exemplo do que ocorreu
em 2002, com o Brasiliense.
"Se for para chegar à final dez
vezes com um time intermediário, é sinal de que existe um bom
trabalho sendo feito", afirma.
Naquele ano, a equipe perdeu o
título para o Corinthians, em uma
partida marcada por erros decisivos do árbitro Carlos Eugênio Simon, que favoreceram o clube da
capital paulista. Agora o adversário da final é novamente um clube
de massa, em mais uma das coincidências das duas campanhas.
"Com o Brasiliense, eu também
assumi o time nas quartas-de-final da competição. Além disso, lá
eu também tinha um jogador que
já havia trabalhado comigo no Vitória e que era o capitão da equipe", diz Chamusca, referindo-se
ao volante Gil Baiano.
No Santo André, o treinador
conta com o defensor Dedimar.
"Os dois foram uma alavanca importante para o meu trabalho,
pois passaram confiança aos outros jogadores a respeito da minha filosofia", afirma.
Já as diferenças, segundo Chamusca, estariam ligadas ao lado
psicológico das equipes.
"Nosso caminho no Santo André foi muito mais espinhoso. Peguei um time que não ganhava
havia cinco jogos, perdera sete jogadores e que ainda havia perdido
12 pontos na Série B", afirma, referindo-se à decisão da Justiça
Desportiva, devido a escalações
irregulares de dois jogadores na
segunda divisão do Nacional -a
equipe ocupa a última posição.
A reestruturação de corações e
mentes foi o primeiro desafio de
Chamusca. "Era preciso fazer o time acreditar que tinha potencial
para se superar", disse.
A solução para sacudir a equipe
foi o uso de vídeos motivacionais,
com histórias que vão desde as de
heróis do esporte como Ayrton
Senna aos triunfos alcançada por
atletas paraolímpicos.
Com o filme sobre o piloto, a
equipe eliminou o Palmeiras nas
quartas. Já a superação de deficiências marcou a classificação à
final, depois de o time ter perdido
a primeira em casa para o 15 de
Novembro. O resultado é aprovado pelos atletas da equipe.
"A chegada dele melhorou muito os ânimos do time. Ele está
mais para um "paizão", mas sabe
cobrar quando é necessário", afirmou o volante Ramalho, 23.
O trabalho vem dando resultado: o time chega à final da Copa
do Brasil e tem o melhor ataque
da competição, com 22 gols.
Nada mal para um técnico que
surgiu em 1995, aos 29 anos, como
o treinador mais jovem da primeira divisão do Brasil, comandando o Vitória campeão baiano.
O começo precoce se deveu à
aprovação no vestibular, ao mesmo tempo em que a carreira como jogador parecia incerta ao
passar dos juniores aos profissionais. "O Vitória pretendia me emprestar, e, como eu achei que as
coisas não estavam como queria,
fui estudar educação física."
Hoje, diante do seu segundo desafio nacional, Chamusca diz
acreditar no potencial do time.
"Existe um favoritismo, mas vejo
aqui uma capacidade de quebrar
essa vantagem do Flamengo", diz
o treinador, que tem contrato
com o Santo André até setembro,
quando termina a fase classificatória da Série B.
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