São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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Tostão

Menos alegria

Ronaldinho será na Copa só um excelente atleta de meio-campo

SE O BRASIL jogar mal hoje e perder, haverá a lógica desculpa de que já estava classificado. Se entrarem desde o início da partida outros jogadores, como Juninho, Robinho e Gilberto Silva, e eles e o time jogarem muito melhor do que nos dois primeiros jogos, Parreira provavelmente vai dizer que o Japão facilitou, pois precisava ir para o ataque e ganhar o jogo. Portanto, com qualquer time escalado, jogando mal ou bem, ganhando ou perdendo, a equipe para as oitavas será a mesma dos dois primeiros jogos. Parreira vai definir a equipe somente no vestiário. Com isso, as teorias conspiratórias ficarão mais fortes, e poderão suspeitar que a escalação vai depender dos resultados entre Itália e República Tcheca e entre Gana e Estados Unidos, que jogam antes do Brasil. Seria inadmissível que o futebol pentacampeão do mundo jogasse para perder com a intenção de fugir da Itália. Ou os pragmáticos vão dizer que outras seleções já fizeram isso e que seria uma conduta prática e inteligente? Se esse absurdo ocorresse, eu me sentiria ainda mais estranho neste mundo. Poderia até pedir o título oficial, com firma reconhecida em cartório, de dinossauro em extinção. Repito que Zé Roberto tem atuado bem, com regularidade e disciplina tática, como enfatizam bastante o site da CBF e a imprensa oficial. Não sou contra Zé Roberto. Sou a favor de Juninho. Há sempre um jeito de melhorar. Nos dois primeiros jogos, havia também um vazio no meio-campo, pois Emerson jogou muito atrás, os dois meias muito abertos, e Zé Roberto muitas vezes ficava sozinho na armação e na marcação. Ao ver mais de perto Ronaldinho atuar nas duas partidas, como um típico meia-armador pela esquerda, tocando a bola e dando ótimos passes, perdi a esperança de vê-lo tão exuberante como no Barcelona. A seleção e o time são bastante diferentes na maneira de jogar. Infelizmente, temos que nos contentar em assistir a apenas um excelente jogador de meio-campo, e não ao genial reinventor do futebol. Pena! A Copa fica menos alegre.

tostao.folha@uol.com.br


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