Para pentacampeão, técnico deve garantir o título e só então mandar críticos "para o inferno"

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

Turrão, teimoso, cabeça-dura, mas extremamente habilidoso no trato com a imprensa. Assim era Luiz Felipe Scolari em 2002, quando levou o Brasil ao título mundial na Coreia do Sul e no Japão.
Oito anos depois, o atual técnico da seleção reúne vários dos adjetivos de Scolari, mas escorrega quando o tema é a relação com a mídia.
Ao amigo Dunga, ele dá um conselho de quem já teve de estabelecer uma trégua com o inimigo quando comandou o time nacional.
"A única coisa que quero dizer é a seguinte: estar aqui para ser, mais uma vez, o campeão do mundo todo, eu acho que existe a possibilidade, por eu ter vivido, de todo mundo amainar o ambiente. Se todo mundo se doar um pouco mais, todo mundo sai vencedor", disse.
Scolari ponderou, no entanto. "Não posso me meter numa relação que não conheço. Não sei qual é o tipo de relação conflituosa que existe entre a imprensa e o Dunga. Já tive o meu tempo de conflito", afirmou.
Nesse momento, fazendo suas caretas habituais, o treinador logo mostrou como Dunga deve encarar a situação com os jornalistas.

ELOGIOS
Scolari disse que, depois de conquistado o título, aí sim pode extravasar. "Aí vem um e diz: "Ah, eu não gosto de ti". Manda para o inferno e acabou. Mas agora é hora de acalmar, não só os jornalistas mas a comissão técnica também", declarou.
Scolari, que chegou à África do Sul anteontem para comentar partidas da Copa para a emissora sul-africana SABC, elogia a organização tática do time de Dunga.
"A seleção até agora fez o que tinha que fazer. Ganhou os dois jogos." Para ele, a equipe foi "relativamente bem" no primeiro, e "bem", no segundo. "[Assim, o time] Vai crescendo", afirmou ele, que ontem comentou a goleada de Portugal sobre a Coreia do Norte por 7 a 0.
Ele disse que, na SABC, eles ficam surpresos de ver como o Lúcio pega a bola e sai para o jogo. "[Eles admiram] Como o Gilberto Silva sai de sua posição e vem para a do Lúcio. Está bem organizado, tecnicamente tem grandes jogadores e acho que o Brasil vai para a final.
Scolari não mostra entusiasmo, porém, com a fase inicial do Mundial. Segundo ele, em todas as Copas, a primeira fase até tem surpresas. "[Mas] Daqui a sete dias você vai ver que, dos 16 que se classificaram, 14 no mínimo [já] eram apontados como [prováveis] classificados."
"Aí é que vai começar a Copa. Por enquanto, está naquele embalo do experimenta", afirmou. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, MARTÍN FERNANDEZ E SÉRGIO RANGEL)


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