São Paulo, quarta-feira, 22 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

pioneira

No mar, Poliana põe mulheres na elite

Nadadora se torna a 1ª brasileira a ir ao pódio no Mundial de esportes aquáticos e ainda quebra jejum de 15 anos do país

Bronze é conquistado com arrancada nos últimos 200 m da prova de 5 km, em Ostia; última medalha havia sido ganha na Itália, em 1994

Patrick B. Kraemer/Efe
Poliana Okimoto disputa os 5 km no Mundial, em Ostia

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Poliana Okimoto, 26, precisou de apenas 200 metros para escrever seu nome na história. Era essa a distância que a separava da linha de chegada quando a nadadora juntou fôlego extra, arrancou da quinta para a terceira posição e conquistou o bronze na maratona de 5 km.
De uma só vez, derrubou dois tabus: superou jejum brasileiro que se arrastava havia 15 anos e virou a primeira mulher do país a subir ao pódio de um Mundial de esportes aquáticos.
As últimas medalhas do Brasil haviam sido obtidas também na Itália, em Roma-1994, na piscina, com Gustavo Borges e com o revezamento 4 x 100 m livre. Dois bronzes.
"É uma honra para mim quebrar esse jejum de 15 anos sem medalhas para toda a natação", afirmou a atleta brasileira ontem, após deixar o mar de Ostia, nos arredores de Roma.
"Só nos últimos 200 metros consegui ficar na briga pela medalha de bronze. Aí pensei que o Brasil é mais garra, é mais força, e é assim que a gente tem que ser na prova", completou.
À sua frente, a disputa pelo ouro também foi acirrada. A zebra australiana Melissa Gorman venceu a campeã olímpica Larisa Ilchenko, da Rússia, por 0s5, na batida de mão. A brasileira chegou 3s5 atrás -terminou a prova em 56min59s3.
Luiz Lima, 31, que se despediu da natação na competição em Ostia, ficou em 19º lugar.
"É uma emoção enorme ter a oportunidade de estar vivo para ver uma nadadora brasileira de maratonas aquáticas ganhar medalha no Mundial", disse Coaracy Nunes Filho, 71, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Poliana é tratada como "queridinha" pelos dirigentes desde que começou a se destacar na modalidade, que entrou no programa olímpico em 2005.
No Mundial de maratona aquática, em 2006, tornou-se o primeiro atleta do país, entre homens e mulheres, a subir ao pódio da competição: duas pratas, nos 5 km e nos 10 km.
O resultado a fez chegar ao Pan do Rio, em 2007, como favorita ao ouro. Posição que motivou manobra da CBDA, que pediu ao comitê organizador do evento alteração dos horários das provas. As mulheres largaram antes, e ela poderia ser a primeira medalhista de ouro do Brasil. Terminou com a prata.
No Mundial de esportes aquáticos de Melbourne, em 2007, a atleta não conseguiu repetir a arrancada de ontem. Foi a nadadora mais bem colocada das Américas, mas deixou o mar apenas em sexto lugar.
Nos Jogos de Pequim, no ano passado, na estreia da prova em Olimpíadas, Poliana chegou a aparecer na disputa pela terceira colocação. A adversária direta era outra brasileira, Ana Marcela Cunha, e a competição entre elas minou as chances de o Brasil chegar ao pódio.
Poliana, sétima colocada, deixou a água reclamando da estratégia de Ana Marcela, que terminou em quinto lugar.
A companheira de seleção também não ficou satisfeita. Após um dia de repouso, na madrugada de hoje, Poliana teria novo teste, nos 10 km. Desta vez, sua especialidade.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Superação e casamento marcam treinos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.