São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2011

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público privado

Adaptação do Itaquerão para a Copa sangra cofres públicos em quase R$ 1 bi e dá ao Corinthians estádio melhor

BERNARDO ITRI
EDUARDO OHATA
DO PAINEL FC

O "convite" para adaptar o projeto de seu futuro estádio para receber a abertura da Copa do Mundo de 2014 rendeu ao Corinthians investimento de R$ 935 milhões do poder público, por enquanto.
Novas exigências da Fifa não incluídas no orçamento devem aumentar essa conta.
Antes de ser credenciada a abrigar partidas da Copa, a arena corintiana custaria R$ 350 milhões e deveria ser paga com dinheiro exclusivamente privado. Agora, tem diversas facilidades proporcionadas pelo poder público.
Além de receber aporte de dinheiro estatal, o Corinthians poderá pagar a parte que lhe cabe (R$ 400 milhões) em 15 anos, com uma taxa de juros privilegiada.
Isso porque é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que irá emprestar essa quantia ao fundo imobiliário criado para viabilizar a obra.
Todas as benesses concedidas pelas três esferas de governo são justificadas pela necessidade de São Paulo ser protagonista na Copa-2014, abrigando o jogo inaugural.
A prefeitura, maior financiadora pública do estádio corintiano, não apenas liberou recursos como agilizou todos os trâmites necessários para que as obras fossem iniciadas a toque de caixa.
Licenças que demorariam meses para sair, como no caso do estádio palmeirense, foram liberadas em poucos dias pela prefeitura.
Mas a maior ajuda do município foi em relação aos CIDs (Certificados de Incentivo de Desenvolvimento). Gilberto Kassab liberou R$ 420 milhões de títulos para pagamento de IPTU e ISS, que serão negociados no mercado e se tornarão dinheiro vivo para a construção do estádio.
Essa quantia deixará de entrar no cofre de São Paulo.
A explicação do prefeito para a concessão é que a Copa do Mundo movimentará R$ 1,5 bilhão na cidade.
O governo federal, como faz com as outras 11 cidades- -sedes, comprometeu-se a liberar empréstimo, via BNDES, de R$ 400 milhões, sem contar a isenção de ISS e Cofins sobre a obra da arena.
Segundo o Ministério do Esporte, essas isenções chegam a 8% do valor total das obras. Hoje, R$ 65 milhões.
O governo do Estado, por sua vez, ficou responsável pelo aluguel de estruturas provisórias que ampliarão o estádio e o tornarão apto a receber a abertura da Copa.
Segundo o secretário de Planejamento e chefe do comitê paulista da Copa, o governo irá viabilizar cerca de R$ 50 milhões com isso.
"Sem dúvida, [a indicação para a Copa] é um grande negócio para o Corinthians. Se você comparar o Corinthians com o Palmeiras, ele conta com uma série de vantagens somente porque é o estádio da Copa", argumenta Jorge Hori, consultor do Sindicato de Arquitetura e Engenharia.
No Corinthians, no entanto, o discurso é o de que não necessariamente o clube foi beneficiado pela Copa-2014.
"Se não tivesse a Copa, com uns R$ 400 milhões teria feito o projeto. É uma loucura o que o estádio teve de crescer por conta das exigências da Fifa", diz Luis Paulo Rosenberg, diretor de marketing do clube alvinegro.
"Não teria de mexer nos dutos [da Transpetro], tive de trocar camarotes por cadeiras, o que não tenho como desfazer. Então, nem sempre [estádio] maior é mais lucrativo", finaliza Rosenberg.


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