São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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HIPISMO

País tenta manter tradição de pódio na equipe e quebrar tabu individual

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Liderada pelo cavaleiro Rodrigo Pessoa, a seleção brasileira de saltos inicia hoje sua campanha em Atenas com dois desafios: subir ao pódio pela terceira vez seguida na disputa por equipes e tentar a inédita medalha individual.
A atração em relação aos bronzes ganhos pela equipe em Atlanta-96 e Sydney-00 é a presença de uma amazona no time: Luciana Diniz-Knippling, 33, sobrinha de Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar. Ela vive na Alemanha, onde se casou com o cavaleiro Andreas Knippling.
"Chego confiante. O somatório dos últimos resultados mostra que a equipe está bem", disse Luciana, que conquistou seu primeiro título aos oito anos, no adestramento. Começou a saltar aos 11. Depois de um ano e meio afastada dos treinos, voltou em 2003.
"Nossa equipe é forte", declarou Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, 31. Rodrigo Pessoa, 32, vai montar Baloubet du Rouet, que ficou bastante conhecido do público brasileiro ao refugar na final da Olimpíada de Sydney, quando o conjunto era tido como favorito ao ouro. Pessoa é vice-líder no ranking mundial. Mas o líder, o cavaleiro alemão Marcus Ehning, desistiu de participar dos Jogos, deixando o brasileiro como o número um em Atenas.
"Não tenho sentimento negativo", respondeu Pessoa sobre o fracasso em Sydney. "Conseguimos manter o cavalo, agora talvez melhor. Peço paciência", disse o cavaleiro, que acaba de ser pai. Cecília, filha de Pessoa e da norte-americana Keri Potter, nasceu no último dia 2, em Bruxelas, na Bélgica, onde ele vive e treina no centro hípico do pai, Nelson Pessoa, o Neco, técnico da equipe.
Bernardo Resende Alves, 30, completa a seleção. "Como é a minha primeira Olimpíada, o lado emocional é maior, mas nada deve atrapalhar", falou Alves.
Os membros da equipe brasileira moram na Europa, uma condição essencial na opinião de Neco para se alcançar desenvolvimento no hipismo. "Lá estão os melhores, e as competições não param."
O circuito europeu ainda é uma barreira para os brasileiros, mas a modalidade oferece oportunidades para eles competirem como convidados em torneios.
Uma novidade nesta Olimpíada é a disputa de provas à noite, o que não ocorreu nas duas campanhas de sucesso dos brasileiros. Esse fato, no entanto, não é motivo de preocupação.
"A iluminação é boa, e o piso da pista também", declarou Doda.
Mas ele observou um ponto que causa apreensão no campo de prova: um telão. "O animal pode estranhar o movimento das imagens projetadas, quando estiver de frente", disse.
Os obstáculos e a disposição deles só serão conhecidos no dia da prova no Centro Eqüestre Markopoulo, local das disputas.
Para hoje (3h de Brasília) está programada a primeira etapa das eliminatórias individuais; terça-feira, de manhã e à noite, a competição por equipes, que também vale como a segunda etapa das eliminatórias individuais; na sexta-feira, com os classificados definidos, acontecem as finais que apontarão o campeão individual.


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