DOS ENVIADOS A ATENAS

Uma dupla está junta há um ano e meio e é campeã do Circuito Mundial. A outra, formada há nove anos, é a mais vitoriosa do vôlei de praia. Cabeças-de-chave dois e três na Olimpíada, a lógica apontava para um duelo na semifinal em Atenas, o que asseguraria ao menos uma prata ao Brasil.
Isso se as duplas vencessem suas partidas na primeira fase. Adriana Behar e Shelda seguem invictas. Ana Paula e Sandra, porém, estragaram o planejado.
Perderam, ficaram em segundo em sua chave, levaram azar no sorteio e ofereceram ao Brasil um mata-mata precoce. Assim, hoje, às 9h30, haverá um "fratricídio": só uma parceria nacional seguirá no caminho para o pódio.
Behar e Shelda se classificaram para as quartas-de-final ontem, ao baterem, por 2 a 1 (18/21, 21/16 e 15/11), as búlgaras Tzvetelina e Petia Yanchulova. Sandra/Ana Paula venceu Karadassiouos/ Sfyri por 2 a 0 (21/16 e 21/19).
"Acho absurdo a gente disputar a última partida da noite de hoje e a primeira de amanhã. Isso é falta de organização", disse Shelda, após o jogo, que terminou depois da meia-noite no horário grego.
"Nem vamos cruzar com elas na Vila Olímpica. Espero que estejam dormindo. Eu estaria", completou ela, referindo-se ao fato de as duplas dividirem apartamento.
O duelo antecipado é resultado do revés de Ana Paula e Sandra para Lahme/Müsch, na rodada final da primeira fase. Ambas as parcerias tiveram duas vitórias e uma derrota, mas as alemãs venceram no confronto direto. Ana Paula condenou o regulamento, que não prevê como critério de desempate o set average, como era até 2003 no Circuito Mundial.
No masculino, Márcio e Benjamin, que passaram por situação idêntica, fizeram a mesma reclamação. Derrotados ontem, não pegarão Emanuel e Ricardo.
O mata-mata prematuro confronta atletas de histórias distintas, mas que têm em comum medalhas olímpicas. Sandra foi, com Jacqueline, a primeira brasileira a levar o ouro em Atlanta. Em 2000, foi bronze, dessa vez com Adriana Samuel. Ana Paula ganhou bronze em Atlanta, mas nas quadras. Com Sandra, surpreendeu ao faturar o Circuito Mundial.
Já Behar e Shelda, que ficaram com a prata em Sydney, são uma máquina de títulos: pentacampeãs do Circuito Mundial, bicampeãs mundiais, heptacampeãs brasileiras, ouro no Pan-1999.
Ana Paula diz ser difícil comentar o jogo de hoje, pois só houve dois confrontos neste ano. Ela e Sandra, que tiveram lesões e ficaram quase dois meses sem atuar, deixam transparecer que as adversárias são favoritas. "Para ter sintonia de bloqueio e defesa, tem que ter anos juntas, como elas. Nossa dupla é nova." No retrospecto, Adriana e Shelda levam vantagem (5 a 4). (ADALBERTO LEISTER FILHO E LUÍS CURRO)


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